Pov Margort
Eu estava no escritório da minha casa olhando pela janela enquanto tomava uma bebida forte e esperava pela chegada de Leonor. Eu tinha mandado que meu motorista fosse pessoalmente buscá-la para trazer ela até me, garantindo que não fossem vistos ou seguidos. Então sim, era de se esperar que eles demorassem, levando em consideração que pelo o pouco que Leonor me contou, a frente da revista onde ela trabalhava já estava tomada por abrutes de plantão.
Assim que vi o carro passar pelo o grande portão de ferro, logo abandonei o copo e fui ao encontro dela para recebê-la. No instante em que Leonor passou pela porta e seus olhos vermelhos encontraram os meus, me dei conta o quanto frágil ela estava. Algo raro de se ver quando se trava de Leonor.
A tomei em meus braços me permitindo protegê-la conforme era meus anseios.
– Eles são cruéis! – Resmungou ela chorosa.
– Eu sei, meu bem. Eu sei!
– Estão dizendo coisas absurdas sobre mim. E acredite, eu seria capaz de suportar, mas estão colocando em xeque meu profissionalismo, Margort. Isso eu não sei se tenho forças para suportar.
Leonor se apoiou ainda mais contra meu corpo, como se desejasse encontrar ali a força que lhe faltava.
– Você vai suportar! Não é o que eles dizem sobre você que realmente importa, mas sim quem você realmente é. – Afaguei seus cabelos e beijei carinhosamente sua testa. – Você não estar sozinha nisso, ok? Venha, vamos nos acomodar para conversarmos melhor.
A levei até o sofá para então olhar nos olhos. Eu pude perceber que o que mais estava incomodando Leonor, era a posição de antiprofissional que a colocaram. E sabia que isso era muito doloroso. Já é bem difícil ser mulher em uma indústria competitiva onde nosso talento e compromissos com o que fazemos muitas vezes são deixados de lado para dar lugar ao estereótipo masculino. É quase como uma hierarquia insuperável.
– Me desculpe por tido isso.
Poucas vezes na vida pedi desculpas a alguém, mas naquele momento fui sincera com Leonor.
– Não é você que me deve isso. – Ela rebateu chorosa.
– Sou eu também! Se não fosse por meus erros, pela a forma como conduzir minha vida, você não estava vivendo isso. Eu nunca pude imaginar que Anne seria capaz de algo assim. Na verdade, ela nunca foi esse tipo de pessoal. Não a reconheço no momento.
– Você subestima demais o coração de uma mulher ferida. – Leonor enxugou uma lágrima solitária e então me me encarou... – Contudo, embora você trai-la diversas vezes em sua vida nunca tenha sido certo, a escolha de reagir a isso com o mesmo ferro que foi ferida, foi ela quem decidiu. Não se culpe por algo que cabia somente a ela.
Suspirei pesado sabendo que as palavras de Leonor eram verdadeiras. Meus olhos agora pareciam atentos à coisas que antes eu não enxergava. Era difícil para uma mulher como eu, admitir meus erros. Mas sim, eu sabia que os tinha cometido aos montes.
Segurei nas mãos de Leonor, e resolvi ser sincera quanto aos meus anseios. Porém direta e objetiva como sempre fui, afinal de contas eu estava apaixonada, não tonta a ponto de me tornar uma mulher cheia de meias palavras.
– Outro dia eu te disse que não faria um pedido oficial de namoro, porque para mim isso são rótulos e bobagens que os românticos criaram para fazer de um relacionamento um circo cheio de espetáculos. E eu não vou mudar de ideia quanto a isso. – Leonor ergueu a sobrancelha, porém continuou prestando atenção em mim. – Eu sou uma mulher objetiva, Leonor. Para mim, quando duas pessoas querem ficar juntas elas ficam e pronto. Sou antirromantismo, eu diria. Mas ainda assim, estou sendo sincera nesse momento quando digo que eu quero se você quiser. Quero ficar com você, quero expor isso ao mundo e que se dane se eu for julgada por isso. Se você quiser, eu também quero que todos saibam que você foi a primeira pessoa que de fato quebrou minhas barreiras e me fez conhecer a paixão.
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Casos de amor em Paris
RomanceParis é o coração francês, popularmente conhecido como o centro dos grandes amantes, os românticos, os passionné, enamorados, apaixonados... É assim, em diversas línguas, porém dividindo o mesmo significado, que ao longo do tempo Paris ficou conheci...