Pov Leonor
Quando o porteiro do meu apartamento informou que Margort estava ali, eu logo tratei de autorizar sua entrada. Preferi que nossas reuniões acontecem em meu lar, porque me sentia mais à vontade em meu próprio escritório, e pelo o pouco que eu conhecia dela, tinha certeza que ela também preferia estar em um lugar que não estivesse atraindo atenção para si. Na verdade, eu ansiava deixá-la confortável o suficiente para poder se abrir comigo com o máximo de transparecia possível
Assim que a campainha tocou não demorei muito para atender. Deixá-la esperando seria algo que certamente deixaria ela com um humor de cão, e eu não queria ter que travar uma primeira batalha bem ali na porta do meu apartamento.
Assim que Margort surge em minha frente, ela logo ergue o queixo adotando aquela postura de mulher diaba que parecia gostar de ter. Fiquei ali observando-a por um tempo meio que incerta se estava mesmo fazendo a coisa certa. Quais as chances de termos uma boa convivência?
– Posso entrar? – Foi o que ela disse em um tom rouco e aveludado.
Sua voz me tirou do transe em que eu fui submersa, então eu me afasto dando passagem para que ela entrasse.
Não pude deixar de notar que Margort olhava tudo em sua volta sem o menor constrangimento. Aquele estava longe de ser um olhar de admiração, era apenas algo como curiosidade mesmo. Talvez ela quisesse se certificar que não existia câmeras ali para espioná-la.
– Você está segura aqui. Não se preocupe. – Falei calmamente atraindo atenção dela para mim. – Certamente não tem o mesmo luxo que você está acostumada a viver, mas ainda assim é seguro.
– Não sabia que minha reputação era tão arranhada assim, a ponto de você pensar que realmente a falta de luxo é algo com o qual me importo.
Não respondi, apenas acenei em direção ao corredor onde ficava o meu escritório particular. Nada tão elegante, mas aconchegante o suficiente para se trabalhar.
– Venha comigo, vamos começar com o trabalho.
Fui seguida por ela, e novamente quando chegamos no ambiente, mais uma vez ela se deixou explorar o lugar com o olhar.
– Bonito! Então é aqui que você trabalha?
– Em projetos pessoais, sim. Ou claro, quando trago trabalho da revista para casa. Você aceita tomar alguma coisa?
Margort recusou a oferta, parecia disposta a começar logo com aquilo. Parecia também insegura, ansiosa, apreensiva. Acho que a ideia de se expor era algo realmente assustador para ela.
Resolvi acabar com seu martírio e começar explicando como eu tinha planejado aqueles momentos. Expliquei que dividi os tópicos que discutiríamos, ou melhor, sobre os quais conversaríamos a cada encontro. Eu não queria que ela enxergasse aqueles momentos com tanta formalidade, ao contrário, desejava que ela os visse como um momento de conversa paralela para que assim que pudesse extrair dela cada emoção sobre o toma conversado.
Especialmente naquele dia começaríamos justamente pelo o começo, ou seja, pela a infância de Margort, e claro, por sua família naquela época. Logo vi a expressão de desagrado surgir em sua face, assim como também vi seus músculos tensionarem, mas nada comentei a respeito, apenas a deixei à vontade para narrar tudo conforme seu desejo.
...
Quando na vida que eu poderia imaginar que aquela mulher tão segura e dona de si me revelaria que era não somente a última herdeira da nobreza passada, como também dona de uma infância atormentada e marcada pelos traumas da violência doméstica vivido por sua mãe? As vezes quando se fala sobre assuntos tão bárbaros como esse, temos o péssimo habito de acreditar que coisas assim só acontecem em famílias desestruturadas faceiramente, porque sim, na grande maioria dos casos existe a atitude errônea de atribuir a culpa nos problemas econômicos vivido por essas pessoas. Mas a verdade é que ali com o relato de Margort, que ficava claro que coisas desse tipo não escolhe classe social, cor de pele, religião, os países... Essas coisas estão mais presentes na vida das pessoas no geral do que se é possível imaginar. A diferença é que quando se trata de famílias de renome, muitas vezes temendo o escândalo que pode ser vivido, tudo fica em sigilo, abafado enquanto em fotografias se mostram ser felizes e unidos. Pura irrealidade!
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Casos de amor em Paris
RomanceParis é o coração francês, popularmente conhecido como o centro dos grandes amantes, os românticos, os passionné, enamorados, apaixonados... É assim, em diversas línguas, porém dividindo o mesmo significado, que ao longo do tempo Paris ficou conheci...