Capítulo 1 - Abigail curiosa

314 22 8
                                    


Pov Margort

Para mim, era apenas mais um dia comum de inverno, e claro, exaustivo pelo o dia infernal de trabalho que eu tive. Especialmente naquele dia parecia que nada tinha saído como deveria ser. Fórmulas erradas, campanhas digitais medíocres, ideias nada inovadoras... Parecia que eu estava cercada por amadores. Era realmente frustrante saber que para chegar onde eu cheguei tive que superar muitas barreiras e vencer muitos obstáculos, para no fim das contas ter que conviver diariamente com tantos funcionários incompetentes. No geral eu diria que são muitos aqueles que almejam o topo, mas são os que estão dispostos encarar a escalada com o comprometimento necessário a ponto de se doar por inteiro, são poucos. As pessoas parecem não compreender que: Se você quer ser um profissional (seja a área que for), você precisa ser bom. Agora se você quer ser um profissional reconhecido e valorizado, é preciso ser insubstituível. E para isso, é necessário ser o melhor naquilo que se propôs a fazer.

Talvez fosse por não encontrar pessoas dispostas a se tornarem insubstituíveis aos meus olhos, que eu vivia precisando fazer mudança no quadro de funcionário da empresa. O nome da le Vermont possuía um grande peso para ser confiado a pessoas que não tinha o merecimento de carrega-lo no peito.

Eu estava sentada no banco de trás daquele carro de vidros brindados e películas escuras sendo levada para casa por meu motorista, desejando apenas chegar em casa tomar um bom banho relaxante para poder aproveitar o resto da noite com minhas queridas filhas que constantemente reivindicavam minha presença e atenção. No entanto, eu sabia que para o mundo aquele não era apenas um dia comum, era o meu aniversário de quarenta e sete anos, e por isso logo ao amanhecer fui manchete das principais revistas fashion de Paris com destaque ao redor do mundo. E foi assim que o dia foi marcado por felicitações falsas dignas de pessoas fingidas.

Um dos maiores motivos por eu sempre ter odiado datas festivas, em especial meu aniversário, era justamente esse... Ter que lidar com falsidade diariamente já consumia demais minhas energias. No dia do meu aniversário pelo menos eu queria estar somente ao lado das pessoas que verdadeiramente me queriam bem, embora particularmente eu não visse nenhum sentido comemorar aniversário, já que não achava atrativa a ideia de estar ficando mais velha e um pouco mais perto da morte.

Eu nunca entendi muito bem em que momento me tornei alguém tão atrativa aos olhos midiáticos, embora eu soubesse que carregando o sobrenome que carregava, hora ou outra isso iria acontecer. Não era como se fosse possível fugir para sempre da herança que era o peso de ser uma descendente da antiga monarquia que liderou com séculos aquele país.

No entanto, depois de por muitos anos conseguir me manter longe dos holofotes, ser trazida para o foco da grande mídia foi algo que aconteceu inesperadamente da noite para o dia. Em uma noite qualquer após mais um dia comum de trabalho, fui dormir tranquilamente e acordei na manhã seguinte como a mais nova francesa que se tornava mãe solteira após acabar de se divorciar, e também uma mulher que descobria estar na mira das grandes revistas, já que minha foto saindo do fórum onde assinei o divórcio com o pai das minhas filhas, estampava as principais capas.

A notícia do meu primeiro divórcio com o pai das minhas filhas ocorreu no mesmo dia em que mundo recebi a notícia que a le Vermont havia ganhado pela primeira vez na história de Paris o prêmio de empresa de cosmético mais bem avaliada por todo o mundo. E quem tinha colocado ela no topo? Exatamente! Margort Lefort, ou seja, eu, a recém contratada e substituta do antigo diretor chefe da empresa. Naquele momento a mídia ganhava duas notícias sobre a mesma pessoa, e ao mesmo tempo. Todos passaram a querer saber um pouco mais sobre quem era Margort Lefort, a única herdeira viva de um trono que já não existia a muito tempo, de um regime que já não reinava a décadas. Regime que diga-se de passagem, eu nunca desejei fazer parte, porque era tudo muito ridícula em minha opinião.

Casos de amor em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora