Capítulo 22 - Conversas e revelações

159 17 1
                                    


Pov Agnes

De longe eu observava Daphne recebendo alguns hospedes que acabavam de chegar para passarem uma temporada em nossas dependências. Seu padrasto tinha resolvido tirar folga durante toda aquela semana, confiando assim a tarefa de ver a filha tomando a frente dos negócios que antes ele cuidava sozinho. Em minha opinião ele estava mesmo era testando a alto confiança da filha, que àquela altura já estava totalmente familiarizada com a rotina de trabalho do hotel e até mesmo inserida nas redes distribuídas pelos países vizinhos. Diferente do que foi no início onde Daphne se mostrava relutante em estar ali, agora ela não apenas levava a sério seu trabalho, como também demonstrava estar gostando de fazê-lo.

Enquanto eu a observava sem que ao menos ela pudesse perceber, eu perguntava silenciosamente a Deus, como era possível ele ter sido tão generoso com algumas pessoas. Tinha criações suas que pareciam terem sido esculpidas a própria mão. Eu nunca me vi observando tanto o corpo de uma mulher, como me pegava diariamente observando Daphne. Parecia meio que uma praga ocular, e isso me irritava com a mesma proporção que me fazia arrepiar.

Eram raras às vezes que eu a via tão séria como ela estava naquele instante em que recebia os hospedes. Não era séria do tipo chatona. Era séria do tipo sexy, e tenho certeza que aquela encarada descarada que uma das hospedes lhe deu, deixava claro que eu não era a única a observar isso. Não que eu me importasse por alguém olhar para ela com cobiça, mas era muito descaramento para um só ser observar uma mulher daquela maneira sem parecer demonstrar nenhum constrangimento ao fazer isso.

Revirei os olhos e resolvi deixar de encarar aquela cena patética. Me voltei para a tela do computador a minha frente pedido que a recepcionista me mostrasse se estava tudo em ordem com aquelas reservas. Eu realmente não queria ter que passar muito tempo lidando com a mulher descarada que praticamente comeu minha chefe com o olhar.

Após me certificar que tudo estava em ordem, não esperei por Daphne que caminhava sorridente com os recém chegados enquanto um deles lhe dizia algo desconhecido para mim. Dei uma desculpa qualquer a minha colega de trabalho e sai dali enquanto tive tempo, embora eu pudesse perceber que por uma fração de segundo seu olhar convencido encontrou com o meu.

Ao entrar na sala que eu praticamente dividia diariamente com a feiticeira da minha vida, me irritei comigo mesma quando não encontrei resposta para um único questionamento que me fiz: Por que a cada dia que passava, eu resistia menos aquele olhar de idiota que ela tinha? Sério, era frustrante não ter uma resposta para a maneira como eu me sentia levemente traída por mim mesma, e claro, parecia uma idiota meio idiota, diante daquela infeliz.

– Agnes, eu preciso que você me responda algo importante. É que eu estou meio perdida.

Quase dei um pulo quando pouco tempo depois que eu deixei a recepção, Daphne entrou na sala até então silenciosa. Não que eu não soubesse que logo ela estaria ali, mas foi como se eu tivesse sido pega em flagrante por estar pensando nela de uma maneira indevida.

– Me diga, seu eu puder eu ajudo. – Respondi tentando me recompor.

Era estranho que ela estivesse séria, então imaginei que fosse mesmo algo sério. Ela me olhou e disse:

– É que eu queria saber se você consegue me dizer onde fica o caminho do seu coração.

Eu juro que às vezes eu até tento defender o lado cafajeste que visivelmente habita naquele corpo cheio de curvas desejáveis, mas fica cada dia mais difícil ignorar o quanto Daphne consegue ser filha da mãe quando quer. Aquele era o tipo de cantada digna de quem é galinha. Vindo de um homem já chega a ser indignante, de uma mulher então... Me deu uma vontade imensa de xingá-la, mas eu estava tão perplexa que fiquei sem ação, então apenas sorri com incredualidade.

Casos de amor em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora