Capítulo 19 - Convites

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Pov Margort

No dia seguinte após ter encontrado com Leonor naquele parque, cheguei na empresa tão disposta a colocar aquele pessoal para trabalhar como jamais estive antes. Entrei no departamento de criação já mostrando que estava ali para trabalhar, sem me importar muito por alguns deles que estavam mais relapsos praticamente caírem quando se levantaram assustados pela minha chegada inesperada.

– De maneira rápida e clara quero a resposta objetiva. Quantas camadas possui a pele humana?

Olhei para a equipe com a sobrancelha erguida.

– T-três! – Uma das funcionárias respondeu.

– Eu disse que queria a resposta clara e objetiva, mas não me lembro de ter mencionado incompleta senhorita... – Olhei seu nome no crachá. – Heloisa. Vamos lá, se você está aqui é porque pode mais que isso. Responda corretamente.

Parei diante da jovem funcionária que engoliu seco, porém voltou a responder.

– São três camadas senhora Margort. Epiderme, derme e hipoderme.

A olhei novamente satisfeita pela resposta dela, e em seguida voltei a caminhar pelo o departamento que estava extremamente silencioso.

– Alguém sabe me dizer como cuidar da pele após os quarenta anos para retardar o envelhecimento?

Com as mãos na cintura, questionei para ninguém em especifico, esperando que pelo menos um deles me dessem uma resposta que justificasse o salário altíssimo que recebiam.

Estava claro que todos ali estavam surpresos com minha chegada repentina ao setor, assim como também nervosos diante da minha presença e consequentemente das perguntas inesperadas que eu fazia sem culpa, afinal de contas ali não era uma sala de aula que eles tinham tempo para estudar para uma prova. Eles simplesmente precisavam saber tudo e fazer o que tinha que ser feito com excelência.

Quando pensei que ninguém ousaria me responder, um deles respondeu:

– O envelhecimento é inevitável senhora.

Me voltei para ele e o olhei de perto.

– É isso que você diria a uma das nossas clientes, sr Ronald? – Ele piscou os olhos e apressadamente moveu os lábios para tentar reverter o que havia dito, mas não quis ouvi-lo. – vejamos! Em uma bela manhã ensolarada uma linda mulher dona dos seus cinquenta anos de idade, porém vaidosa, entra em uma das nossas lojas sonhando com a possibilidade de contar com a pele dos sonhos. Quero dizer, hidratada, macia, aveludada, e claro, com o aspecto jovem perdido pelo o cruel tempo que não para de passar lhe deixando as marcas indesejáveis da vida, ou seja, a flacidez e rugas espalhadas pelo o rosto. Essa mulher usa os produtos da le Vermont¸ porque confia em nossa competência, confia em nosso talento, confia no seu trabalho, sr Ronald. Ela entra em nossas lojas porque acredita que teremos o melhor para oferecer a ela naquele momento, mas vejamos só... É isso que você tem a oferecer? Um foda-se, porque o envelhecimento é inevitável?

Tenho certeza que meus olhos estavam faiscando de pura indignação e raiva pela resposta dada pelo o profissional que acabava de demonstrar para mim que sua competência era menos que mediana.

– D-desculpe, senhora. N-não foi isso que eu quis dizer. – Respondeu ele tropeçando nas próprias palavras.

– Não foi isso que você quis dizer. Foi o que disse. – Me virei para os outros que pareciam ter esquecido de respirar. – Mais alguém além do sr Ronald, gostaria de me dar motivos para repensar o quadro de funcionários desse setor?

Casos de amor em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora