Capítulo 38 - Escolhas

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Pov Leonor

Poucos dias depois

Minha vida estava uma completa loucura, e meu psicológico tão abalado quanto jamais esteve antes. Confesso que se não fosse o apoio que eu vinha recebendo de Margort, Agnes e até mesmo Daphne, eu iria enlouquecer. Desde que resolvi segurar na mão de Margort e assumir nossa relação, as coisas estavam meio parecidas com um cabo de força. De um lado existia uma multidão que surgiu demonstrando um apoio incondicional aquele relacionamento, já do outro o apoio a Anne eram demonstrados através de xingamentos direcionados a mim e Margort. Eram tantos que eu nem mesmo estava mais olhando as redes sociais para não me deixar abater.

No trabalho as coisas só não estavam piores porque sentei com a diretoria e tive meu trabalho garantido mesmo após a imagem da revista ter sido afetada por me ter em seu quadro de funcionários. Contudo, eu não era boba, sabia exatamente que naqueles dias a radio corredor estava funcionando a todo vapor, e os olhares tortos que eu recebia de algumas colegas mulheres, era a prova disso.

Na tentativa de me alegrar e ajudar esquecer um pouco do pesadelo que estava minha vida, Agnes tinha ido com Daphne até meu apartamento na noite anterior. As duas tentavam o máximo me fazer esquecer o que vinha acontecendo, mas a verdade é que elas também sabiam que não seria fácil. Não quando a pessoa com quem eu estava era Margort Lefort. Somente o nome de Margort já era motivo suficiente para tornar aquela fofoca algo como uma lavareda de fogo impagável. E isso só piorava a cada passo que Anne dava. Para ser honesta, nunca vi a outra surgir tanto na mídia como nos últimos dias. Anne parecia obcecada em tornar a vida de Margort um pesadelo, e claro, a minha também. Só nos dois últimos dias, a estilista tinha dado ao menos duas entrevistas para canais de comunicações diferentes. Era uma verdadeira guerra de força que ela e Margort vinha travando.

– Você deveria tirar umas férias. Não acho que se afogar em trabalho no momento vai ajudar sua cabeça em nada. Aliás, se me permite dizer, não acho também que você deveria se importar tanto com tudo isso. Uma hora eles vão parar, então apenas viva e seja feliz. Não é isso que importa no final?

Olhei para uma Vitória que após dizer o que disse, adotou uma postura tímida.

– Está tão cara assim?

Ela ergueu a sobrancelha, e então me surpreendeu quando espontaneamente sentou de frente para mim.

– É, tá sim! Sério, você poderia aproveitar que está namorando a cruela, e aprender com ela como se sobressair dessas situações embaraçosas. Se deixando afetar dessa maneira, você não estaria deixando a outra conseguir o que deseja? Ou seja, interferir entre vocês?

Eu tinha que admitir que Vitória estava me surpreendendo pela primeira vez está agindo comigo daquela maneira informal. Nós duas não éramos tão próximas fora do ambiente de trabalho, mas estava claro que minha assistente estava preocupada, por isso se permitiu dizer o que pensava sem se incomodar com hierarquia profissional. E no fim das contas eu agradecia a ela por aquela demonstração de preocupação e carinho.

Cheguei à conclusão que ela estava certa. Aliás, não apenas ela, mas Agnes e Daphne também, que em outro momento tinham me dito a mesma coisa.

Não tive tempo para agradecer a Vitória por suas palavras. Meu celular tocou e no mesmo instante vi o nome de Margort surgir no visor.

– Alô!

– Leonor? – A voz da mais velha estava um tanto afobada.

– Sim, meu bem. Sou eu! Aconteceu alguma coisa?

– Sim! Eliza teve um problema na escola. Estamos no hospital central. Eu não te ligaria para pedir isso em outras circunstâncias, mas... – Ouvi seus suspiros pesados. – Você poderia vir até aqui, por favor? Ela não para de chamar por você, e eu estou realmente nervosa.

Casos de amor em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora