Pov Agnes
Acordei no horário de sempre e fui arrumar a mesa para tomar café da manhã com Leonor. Por mais que na noite passada tenhamos ficado até tarde da madrugada conversando e comendo brigadeiro, eu realmente parecia me ver ansiosa demais para ir trabalhar. Essa era a única explicação idiota que eu encontrava para não ter acordado tarde e mais uma vez me atrasar para o trabalho.
Assim que surgiu na cozinha, Leonor olhou para a mesa e ergueu uma sobrancelha.
– O que foi? – Questionei.
– Você está bem?
– E por que não estaria?
– Desde quando você se preocupa em preparar o café da manhã? Céus! Eu morei com você durante anos e se não fosse por mim, teríamos as duas morrido de fome.
Ignorei a clara tentativa da minha amiga de implicar comigo, e comecei a me servir. Se eu fosse dar atenção para ela, era capaz de nós duas perdemos a hora do trabalho.
Sob os olhos atentos de Leonor, me servi de tudo o que tinha colocado na mesa. Eu sabia que ela me conhecia bem, e com certeza já tinha percebido que eu estava no meio de uma crise de ansiedade. Eram raras as vezes que isso me acontecia, mas a verdade é que quando eu estava nervosa saia comendo tudo o que via pela frente e só na minha seguida vinha a sensação de culpa pelo o estrago feito com meu precioso corpinho que ganhará milhões de calorias.
– Então, você já falou com a diarista? – Perguntou Leonor.
– Sim! Vou deixar a chave com o porteiro. Quando eu chegar não terá mais nada aqui que me lembre aquela noite dos hor...
Nem terminei a frase e Leonor já estava ali com a sobrancelha erguida e aquele olhar acusativo. Eu odiava a maneira como as vezes ela fazia com que eu me arrependesse de algo que eu ainda nem tinha feito ou falado.
Revirei os olhos entediada, porém me dei por vencida.
– Tudo bem, não foi uma noite de horrores.
– Definitivamente não. – Zombou minha amiga.
– Você é uma chata, e eu odeio te amar. – Joguei em Leonor um pedaço de pão mofado.
– Posso ser bem sincera? – Não respondi, mas fiquei atenta ao que ela tinha para dizer. – Eu queria muito trabalhar com você. Depois de tudo o que você me contou ontem, tenho certeza que seu trabalho vai estar bem mais animado do que o meu.
– Há, Há, Há... Que gracinha, você, Leonor. Por que não trabalha no circo? – Revirei os olhos enquanto ela ria da minha cara. – Pelo menos não sou eu que vou conviver com o demônio em pessoa. Daphne é uma feiticeira, é verdade, mas o verdadeiro demônio é a bonitona da Margort.
Com satisfação vi o sorriso zombeteiro de Leonor ir morrendo aos poucos. Aquele jogo eu sabia jogar tão bem quanto ela. Leonor me mostrou o dedo do meio e em seguida voltou a tomar seu café para juntas começarmos a nos arrumar para o trabalho.
Horas mais tarde
O dia no trabalho não estava sendo exaustivo como imaginei que seria. Mesmo tendo ali um grupo de empresários que andavam de um lado para o outro do hotel como se estivessem prestes a tirar alguém da forca, até que as coisas estavam dentro da normalidade.
No entanto, era a presença de Daphne que estava me tirando do sério. Desde que havia chegado, ela quase não tinha falado com ninguém aquela amanhã, e ninguém também incluía a mim. Nos falamos apenas o necessário... Ela parecia disposta a me dar um gelo, o que me levava a vê-la com uma adulta infantil. Droga! Tudo bem que eu tinha falado demais, mas também não era para tanto. Era? No entanto, como dona de uma bipolaridade irritante, agora ela estava ali, na cozinha do hotel aproveitando os minutos de descanso rodeada por todos os outros funcionários e funcionárias, enquanto todos riam das suas piadas sem graça. As tias da cozinha até tinham feito para ela um bolo que segundo ela, era seu preferido.
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Casos de amor em Paris
RomanceParis é o coração francês, popularmente conhecido como o centro dos grandes amantes, os românticos, os passionné, enamorados, apaixonados... É assim, em diversas línguas, porém dividindo o mesmo significado, que ao longo do tempo Paris ficou conheci...