Capítulo 32 - Confronto

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Pov Margort

Depois de ter ficado sabendo que Anne tinha ido procurar Leonor, tive minha fúria contida pela escritora, que mesmo estando visivelmente incomodada com aquilo que havia acontecido, me compreender que entrar em uma queda de braço com Anne não seria a melhor escolha.

No entanto, por mais que eu tivesse prometido a Leonor não tratar do assunto como normalmente eu faria, no dia seguinte fiz o que achei que deveria ser feito. Pedi a Félix para intermediar um encontro entre Anne e eu, pois sabia que se pessoalmente eu fizesse isso, com meu temperamento forte eu faria as coisas desandar, afinal de contas, por mais que eu tentasse compreender o lado de Anne, achava inadmissível que ela fosse até o trabalho de Leonor para expor ela em uma situação da qual ela não tinha culpa.

– Tenho que dizer que estou pasma. Depois de tudo o que vivemos, precisar que um amigo seu praticamente me convoque para uma reunião com você, chega a ser humilhante. Você não tem vergonha? – Anne reclamou assim que entrou no escritório da minha casa.

Troquei olhares com Félix, que em silêncio praticamente implorava para que eu mantivesse a calma e não colocasse tudo a perder.

Com o olhar fixo em Anne, vi Félix se antecipar para receber a recém chegada.

– Anne, querida. Que bom que você veio. Por favor, sente-se.

– Não precisa me tratar como se eu fosse bem vinda, Félix. – Ela logo se virou para mim. – O que você quer, Margort? Me humilhar ainda mais?

Era possível sentir o rancor pesando na voz de Anne.

– Anne, por favor. Eu não te chamei aqui para brigarmos. – Tentei soar paciente. – Apenas quero fazer as coisas certas. Nós temos uma história juntas, e quero terminar do jeito certo.

– Fácil para você, não é Margort? Durante todo esse tempo você me usou e agora quer jogar fora.

Anne acusou e eu precisei respirar profundamente tentando não perder a paciência.

– Por que vocês não tentando conversar com calma? Um fim dramático não será bom para nenhuma das duas. A imprensa cai cair matando e as duas tem muito a perder. – Ponderou Félix.

– Foda-se o que eu tenho a perder, Félix. O que mais eu tinha a perder, eu já perdi que foi meu tempo e minha dignidade ao lado de Margort.

Naquele momento eu já não consegui mais me segurar...

– Ora, por favor Anne. Não fale como se você fosse inocente. Seu drama já está me cansando! Você sempre soube que entre nós não existia muito além de tesão, e que nosso relacionamento era economicamente viável para nós duas. – Vi Anne abrir a boca e seus olhos lacrimejaram, mas àquela altura eu já não estava mais me importando muito. – Eu confesso que errei ao deixar essa história ir longe demais mesmo quando sabia que não tinha sentimento suficiente para chegamos a casar. Agora você dizer que não sabia que constantemente eu tinha minhas diversões fora do nosso relacionamento soa muito cinismo, você não acha? Só que as coisas agora mudaram Anne. Eu não esperava, mas aconteceu... Ganharam meu coração sem qualquer esforço, e eu sinto muito por você não entender isso.

– Margort!

Félix reclamou, mas aquela altura as coisas já tinham saindo do controle. Não havia nada que ele pudesse fazer para apaziguar as coisas.

– Como você tem coragem de dizer isso olhando na minha cara? – Disse Anne entre lágrimas. – VOCÊ É UMA MISERÁVEL, MARGORT.

– E VOCÊ É CEGA, ANNE. EU NUNCA TE AMEI! – Cuspi as palavras sem pensar no peso que elas tinham, mas quando vi seu choro intensificar ponderei... – O que você quer que eu te diga, Anne? A muito tempo você sabe que eu estava presente fisicamente nesse relacionamento, mas sem sentimento nenhum. Eu errei quando deixei permiti que as coisas chegassem a esse ponto, tá legal? Fui uma escrota com você, mas você nunca foi enganada, você nunca esteve inocente nessa. E agora que eu quero fazer as coisas certas para nós duas, você dificulta. Por favor, Anne. Entenda que acabou!

Mal pude acreditar quando Anne partiu em minha direção e atingiu meu rosto com um tapa deixando a região tocada em chamas. Félix rapidamente a segurou impedindo que ela continuasse avançar e eu não conseguia reconhecer a mulher que estava a minha frente.

– Não pense que isso vai ficar assim, Margort. Por muito tempo eu aturei sua falta de respeito, aturei suas duas pestes... Você Não pode simplesmente me tratar como um lixo. Eu juro por Deus, que vou acabar com sua vida, com sua carreira... eu vou destruir você, Margort Lefort. Aliás, você e aquela escritora de quinta categoria. Você vai se arrepender de ter me usado.

Era possível sentir o ódio nas palavras de Anne, e por um momento eu recuei, não por temer o embate com ela, mas por lembrar do que mamãe me dizia... Uma mulher furiosa e fora de si é capaz de coisas inimagináveis. Enquanto ela estava ameaçando tocar em minha vida tudo bem, mas a partir do momento que ela ameaçou contra Leonor, eu soube que precisava policiar meus passos.

– Mamãe, Mamãe... O que está acontecendo? – Duas pestinhas afoitas atravessaram a porta sem se importarem em bater.

– Ouvimos gritos, Mamãe. – Lavínia que sempre foi mais contida que a irmã, estava chorosa enquanto a irmã mais velha encarava Anne sem temer.

– Não aconteceu nada, meus amores. Isso é coisa de adulto. – Félix se antecipou em acalmar as duas.

– Seu rosto está vermelho, Mamãe. – Lavínia ignorou Félix e se jogou em meus braços.

– Quem é a escritora que essa bruxa falou mal? Aposto que é da Lê. – Elisa atacou Anne com rebeldia.

– Félix está certo, meninas. Isso não é assunto para vocês.

– Por que não conta a elas, Margort. Você que se diz tão protetora, porque está mentindo para elas.

– Anne, por favor. Elas são só duas crianças.

– O que a senhora está nos escondendo, Mamãe?

Anne riu largo quando Eliza se virou para mim. Estava claro que ela parecia satisfeita com o feito alcançado, e mais claro ainda que ela não parecia se importar com o psicológico das minhas filhas que eram apenas duas crianças. Não que eu pretendesse esconder das meninas meu envolvimento com Leonor, mas aquele não era o momento e nem a maneira de contar algo assim.

– A mãe de vocês tem um caso com Leonor. Foi por isso que ela me deixou.

– Mamãe! – As meninas reagiram ao mesmo tempo parecendo não acreditar no que ouviam.

– ANNE! –Esbravejei, mas ela não se importou.

– Mais uma vez a mãe de vocês não se importa com vocês, meninas. Ela não pensa em formar uma família nem comigo, nem com ninguém. Ela só gosta de se divertir com as PUTAS QUE ELA ENCONTRA POR AI.

– JA CHEGA, ANNE. SAIA DA MINHA CASA E NUNCA MAIS APAREÇA NA MINHA FRENTE. – Voltei a gritar fixando o olhar na mulher loira a minha frente. – Minhas filhas certamente vão ter uma família de verdade, mas agora mais que nunca ficou provado que você jamais seria digna de fazer parte dessa família.

– Eu vou, Margort. Mas lembre-se... Você vai se arrepender de ter me usado.

Anne deixou a sala pisando firme e Félix se jogou na poltrona que estava ocupando antes.

– Pelas barbas do profeta de Jericó, quanto babado para meu coração de bicha suprema aguentar. – Dramatizou.

– Isso é verdade, Mamãe? A senhora está mesmo tendo caso com Leonor? – Lavínia foi a primeira a questionar.

– Vocês mentiram para nós duas? – Elisa foi mais direta naquilo que de fato parecia ter afetado seu coração inocente.

Casos de amor em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora