Sempre Você | 1° Livro - Trilogia

Isadora DePrá - 09

Em todo esse tempo eu nunca conheci alguém tão interessado em saber o que realmente aconteceu, o motivo e quem matou Deckart quanto Ágata. Quando a vi no aeroporto se direcionando a mim com os olhos fixos em cada traço de meu rosto, me olhando como se eu fosse algo precioso e que ela acabara de descobrir a fonte da vida, eu soube na hora em quem ela pensava.

Deckart. Não precisei escutar de sua boca que eles tiveram um caso para ter certeza disso. Ágata não fez questão de esconder os sentimentos que tinha por meu irmão, eles mantiveram um relacionamento sério a partir da segunda semana em que ele chegou para ser segurança pessoal de Carlos, tiveram um longo relacionamento durante os anos de estadia e quando meu irmão foi assassinado, ela sumiu do mapa.

O mais óbvio, seria Ágata pôr a culpa em seu pai e foi literalmente isso que ocorreu. Carlos ficou sendo condenado pela filha que jura de pés juntos para si mesma que seu pai foi quem matou seu marido - eles haviam se casado no civil semanas antes, mas eu acredito que Carlos não fez algo tão ruim assim, creio no carinho e consideração que ele tinha por Deckart e tenho certeza que nunca o trairia de forma tão suja.

Carlos não é assim. Deckart não era assim. Ambos se amavam como pai e filho. Essa história sempre foi muito mal contada, partes não se encaixam... E agora que tenho Ágata do meu lado, que nunca parou de procurar fontes reais sobre as evidências do crime que podem levar ao assassino, agora tenho certeza de que finalmente irei descobrir tudo, sem nada para impedir.

Ágata em poucas horas de conversa já falava comigo como se eu fosse uma amiga de anos. Contou-me como era sua relação com meu irmão, ela sorria genuinamente lembrando-se dos momentos bons que viveram juntos. E eu achei tudo tão maravilhoso, saber que meu irmão conseguiu encontrar o amor de sua vida antes da morte conforta meu coração de alguma maneira.

Ágata convidou-me para passar o dia com ela, eu não estava de serviço e Carlos não precisava de mim ao seu lado. Então aceitei. Logo pensei que íamos sair de carro, em seu skyline, mas ela surpreendeu ao entregar-me a chave de sua moto de última geração. Quando eu já estava encima do automóvel, Eros alcançou a porta e me olhou da cabeça aos pés, meu quadril inclinado foi o que mais lhe chamou atenção.

__ Para onde irão?

__ Passear, fazer coisas que mulheres da nossa idade podem fazer. _ Ágata sobe na garupa e agarra em minha cintura __ Não nos espere para a janta irmão. _ ligo a moto encarando Eros.

__ Cuide bem de minha irmã, Isadora. _ ele diz __ E cuide-se e...

Antes que ele diga algo mais, acelero e dirijo até os portões de saída. Passamos primeiramente em uma lanchonete no meio do centro, Ágata não poupou seu dinheiro nos gastos pessoais. Arriscou-se a comprar duas sacolas cheias de utensílios para mim, tentei evitar mas a mesma é tão persistente quanto Deckart, desconfio ela ter herdado isso dele.

__ Fala sério, como consegue não usar maquiagem? _ Ágata questiona enquanto continuamos andando pelas ruas do centro de Veneza.

__ Na verdade eu só usei maquiagem uma vez. Minha irmã me obrigou a usar quando entrei no trabalho... _ travo ao perceber estava falando demais sem nem me dá conta.

__ Pode falar, seu segredo está guardado comigo amiga. _ ela sorri de canto mexendo em meu cabelo __ Você quis dizer, quando entrou em trabalho de parto?

__ Como sabe?

__ Seu corpo é de quem já passou pelos nove meses de gestação. Deixe-me adivinhar, seis centímetros de dilatação, um bebê de quatro quilos e meio? _ arregalo levemente os olhos.

__ Não conte a Eros, a nenhum de seus irmãos e a ninguém mais. _ ela assente __ Apenas Robert sabe da existência da minha filha.

__ Oh, então quer dizer que é uma princesinha? _ sorrio de lado __ Estou ansiosa para conhecê-la. Irei conhecer, não irei?