Isadora DePrá - 24

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Rússia - São Petersburgo
Distrito Federal Do Noroeste.

Não excitei em escolher uma cabine na primeira classe separada de Ágata, eu precisava ter um momento sozinha antes de encontrar com Deckart, e ainda necessitava acalmar meus ânimos quanto a Eros, o fato dele não ter entendido tudo o que eu me arriscaria para fazer só pensando em ter meu irmão de volta, me machucou consideravelmente.

E o pior é que eu percebi um sentimento num momento como esses. Percebi que o amo. Como pude me negar a isso? Quem eu sou para lutar contra algo que tomou conta de mim assim que comecei a receber os cuidados que Eros me dava, a atenção e a importância que me transmitia? Sempre fui muito grossa, ogra como ele mesmo diz, ignorante, estúpida.

Isso era e é apenas uma crosta encima da mulher que quer ser amada e bem tratada, da mulher que precisa sim ter braços fortes ao seu redor quando chegar o fim de um dia cansativo. Aprendi a esconder tão bem meus sentimentos que até eu me perdi deles.

Fomos para um apartamento de classe média e nos estabilizamos por ali até chegar a noite. Segundo o detetive que Ágata contratou, Verônica sai todos os sábados a noite para o shopping com os filhos se caso eles estudarem muito durante a semana e realmente foi lá que a encontramos, estávamos hospedados no mesmo prédio que ela e não foi nada difícil saber a hora que saiu com os filhos.

Esperamos que ela os colocassem na sala de cinema e voltasse para a praça de alimentação com o intuito de esperar o filme terminar. Foi quando a abordamos, Ágata se sentando em sua frente e eu puxando uma cadeira para sentar ao seu lado, mantendo uma arma apontada para sua costela.

__ O que vocês querem? _ ela questiona.

__ Você sabe o que nós queremos. Onde meu marido está? _ Ágata é direta, Verônica me olha de canto e sorrir de lado __ Nos diga, ou não responderemos com nosso lado pacífico.

__ Estão blefando. Estamos em público suas estúpidas. _ seguro em sua nuca, puxando os fios de cabelos prestes a arranca-los do couro cabeludo e ela geme de dor.

__ Não seja por isso. _ Ágata se levanta e a puxa de mim, levando-a para o estacionamento do shopping, jogando-a no chão e dando socos em seu rosto __ Não brinque com nós duas, diga logo onde você e Thomáz esconderam meu marido esse tempo todo, ou seus filhos irão sair do cinema órfãos.

__ O conselho irá atrás de vocês se fizerem algo de ruim a mim e meus filhos. _ ela resiste.

__ Alexandre não se importa tanto contigo quanto se importa comigo. Ele daria a vida por mim, e mataria quem fosse para me manter por perto. Acha que não daria um jeito para encobrir sua morte? _ Verônica parece pensar, sua boca se contorce e o rosto se torna uma carranca de derrota pura.

__ Cristovão Rochedo e Rosaline. Você sabe disso. Acha que não vi os detetive na cola deles? De certa forma eu já aguardava a vinda das duas heroínas estúpidas. _ Verônica ousa cuspir na cara de Ágata, minha cunhada fecha os olhos, limpa o rosto e me encara.

__ Certifique-se de encontrá-lo. Terei um serviço pelas próximas uma hora e meia. _ assenti me distanciando.

Pego um táxi e dou-lhe o endereço que estava no meio de todas aquelas papeladas que Ágata me apresentou ontem a noite. Adentro o edifício e observo a recepção de segunda classe, uma gorducha jogada numa cadeira que pede socorro pelo peso dela, as pernas apoiadas no balcão e um celular dos antigos em suas mãos.

Vantagem de lugares assim: não se precisa de muito para conseguir informações, por algumas notas de dinheiro eles já nos dão tudo o que queremos e ainda encobrem nossa entrada. Inúteis. __ Cristovão Rochedo. _ deslizo duas notas para a mulher e ela me olha.

Sempre Você | 1° Livro - TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora