Eros Santino - 27

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Ouço a campainha tocar, levanto do sofá e quando abro a porta respiro fundo ao ver que a ilustre visita é de Deckart. Ele já não usa mais a cadeira de rodas mas ainda tem dificuldade em andar normalmente, Ágata tem sido uma ótima fisioterapeuta para o marido. Convido-o a entrar e o mesmo se senta no sofá sem perder tempo, gemendo de desconforto pelas pernas.

__ Minha irmã sabe que você está sem as moletas? _ pergunto servindo-o com um copo de suco, os remédios o proíbem de beber álcool.

__ Não, eu preciso tentar andar sem elas, não aguento mais ficar me arrastando com dois bastão de ferro do lado. _ ele revira os olhos e eu rio de sua careta __ Mas então, o que está havendo entre você e Isadora?

__ Me pergunto a mesma coisa.

No fundo eu sei, fui um idiota em dizer aquelas asneiras a ela, um otário por não saber o que eu realmente sinto. Isadora é mulher de certeza e não dúvida, isso eu já entendi. Estou durante todos esses meses tentando me aproximar novamente dela, mas o que fiz a tornou ainda mais fechada, e todo aquele tempo que passamos juntos, se foi como areia entre meus dedos.

Fiz muitas besteiras e de nenhuma delas eu me arrependi tanto quanto arrependo-me de ter deixado Isadora escapar de mim. Idiota, imbecil, otário. __ Céus. Vocês precisam amadurecer, não sabem conversar e se desculparem um com o outro? Preciso lembrar que possuem uma criança no meio disso? _ Deckart diz intrigado.

__ Acha que eu já não tentei? Pedi desculpas um monte de vezes, e ela só faz me ignorar. _ seu cenho franze ao me escutar.

__ O que exatamente aconteceu para vocês brigarem? _ suspiro, Deckart não sabe nem a metade.

__ Eu não queria que ela fosse atrás de ti. E acabei dizendo que se fosse ela no seu lugar, eu não iria procurar. Não iria me importar com seu sumiço. _ ele me encara por breves segundos antes de atirar o copo em minha direção, sorte que consegui desviar.

__ Porra, só não te dou uma surra porque mal consigo andar. _ ele rosna.

__ Mas falei por impulso. Eu amo tua irmã, amo mesmo e me odeio por isso, ainda mais por nós ter tido uma filha juntos, nossa relação não pode acabar assim, mas não sei o que eu posso fazer. E além disso, amanhã será assinado o divórcio. _ nossa conversa é interrompida pelo toque do meu celular, vejo o nome de Lilian na tela e me afasto de Deckart para poder atender.

Foi Lilian quem limpou meu nome da lista dos federais, ela é filha do general e fez esse favor por saber que eu e Isadora iremos nos separar, pensando que ainda ficaremos juntos. __ Por que não me disse que Isadora tinha voltado para o exército? _ sua voz aguda machuca meus tímpanos.

__ Você não precisa saber de tudo, muito menos de algo que não te interessa. _ digo simples __ Me ligou por qual motivo?

__ Quero um encontro. Venha...

__ Hoje não dá. _ encerro a chamada e silêncio suas mensagens e ligações.

Minha cabeça já estava muito cheia para eu ter que lhe dá com um encosto como Lilian. E mesmo odiando admitir isso, eu precisava da ajuda dela para limpar meu nome, ou eu não conseguiria abrir minha própria empresa de laticínios. Uma herança que planejo deixar para Zaya, Nina e Mirela quando eu deixar essa vida, pode ser amanhã ou daqui a alguns anos, mas eu preciso ter certeza que elas terão algo quando crescerem.

Preciso que elas tenham responsabilidade antes mesmo de entrarem na maioridade. Tive horas e horas de conversa com Deckart, ele querendo dizer o que eu deveria fazer para impedir que o divórcio saia, que eu não assine e que reverta essa situação com um pedido de desculpas. Não com algo extravagante, Isadora só iria me odiar mais ainda por fazê-la passar vergonha. Mas sim com algo que a faça entender que estou sendo sincero.

Sempre Você | 1° Livro - TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora