Meus passos eram calmos, tranquilos e sem nenhuma pressa. Não tinha para onde ir e não queria encontrar com ninguém da família Santino, nem mesmo Ágata. Precisava de um momento a sós comigo mesma, aliviar meus pensamentos e afastar as energias ruins. Paro encostada em uma das colunas da varanda, apoio meu corpo e cruzo os braços acima dos seios.
Meus olhos ardem, enchem e logo transbordam em lágrimas do único sentimento que me domina. Eu estou conseguindo destruir o lado bom de Eros, com toda a ignorância, arrogância e crueldade que o resto, estou despertando seu lado ruim e o pior é que eu vou ter que lutar contra sua versão indesejada. Realmente queria ser diferente, mais compreensiva, mas é impossível...
Engulo em seco tentando controlar minha angústia. Eu preciso mesmo dessa vida? Poderia agir como uma vadia egoísta e deixar Nina na responsabilidade de Eliza, sumir por alguns dias e fazer acharem somente meu corpo. Frio, sem vida, gélido, sendo devorado pelos vermes da decomposição. Porém, fazendo isso, eu estaria estragando a vida da minha irmã, e isso eu não quero.
Ouço passos se aproximando. Estou atordoada e só em pensar nos braços de Eros me rodeando novamente, minha força já implora para abater sua aproximação perigosa. Mas não é ele, em algum momento, eu consegui aprender a reconhecer seu perfume e com certeza não é Eros. Minhas narinas o conhecem, meu corpo querendo ou não, o conhece.
__ Soube que é habilidosa como seu irmão Deckart. _ é Ortega, desde que chegou, seus olhos não saíram de mim.
Consegui pegar ranço dos irmãos de Eros em poucos minutos. Todos já chegaram, eles são tão... Hipócritas, asquerosos, machistas, ignorantes e, nojentos. Como podem ser filhos de um homem como Carlos? E suas esposas? Como conseguem serem tão ridículas a ponto de serem enjoativas? As irmãs de Eros não passam longe, muito menos seus maridos.
Sem contar as crianças, nem mesmo os adolescentes se comportam. Nunca presenciei tamanha rebeldia infantil como vi neles, patético.
__ Obtive o mesmo treinamento. Na mesma intensidade. _ digo recolhendo as lágrimas sem fazer muito movimento, logo meus olhos estavam secos novamente.
__ Acredito em suas palavras. Se não fosse tudo isso, meu pai não a manteria perto de Eros. _ o encaro __ Mas confesso que você superou minhas espectativas.
__ Onde quer chegar? Seja direto.
__ No ponto em que você precisa se controlar ao falar conosco. Somos seus chefes e... _ o interrompo.
__ Não. _ viro-me completamente para ele __ Meu único chefe é Carlos, e ele nunca reclamou do meu serviço. Preciso servir Eros com minhas habilidades em protegê-lo, e até agora não o vi reclamar dos meus cuidados. _ aproximo-me mais dele, com os braços cruzados atrás de mim.
__ Isso não a faz superior a ninguém.
__ Realmente, mas me faz mais importante do que você e seus outros irmãos. _ completo __ Tem dúvida? Pergunte a seu pai, quem ele prefere em sua casa. Eu, ou os filhos que até então só causaram desgosto?
__ Eu fui um ótimo filho, não há o que reclamar de mim. Apenas não quero que trate minha esposa ou meus filhos de maneira ruim. _ ele cruza os braços.
__ Então os eduque, faça sua mulher respeitar as outras, e seus filhos se comportarem em momentos familiares. _ dou mais um passo em sua direção __ Estamos de acordo? _ ele morde a bochecha e em seguida assente, vejo em seu olhar um desafio, não estávamos de acordo em nenhum aspecto, porém eu continuo não dando tanta atenção __ Portanto, não tente crescer para cima de mim, Ortega.
Nunca admiti homem falar dessa maneira comigo, mesmo tendo vezes em que eu simplesmente ficava calada ao escutar Thomáz dizer coisas pesadas, em parte eu o entendia, mas agora, não posso deixar, não posso permitir Ortega, Eros ou qualquer homem aumentar a voz e muito menos se achar melhor que eu.
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Sempre Você | 1° Livro - Trilogia
Romance"Não gosto de rivalidade feminina e nem masculina. Aprecio rivalidade generalizada, todos são meus rivais e irei destruir um por um." Isadora DePrá, é ex capitã do exército britânico, possuidora da Cruz da Vitória, a mais alta honraria que já foi da...