Ágata Santino - 25 BÔNUS

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Respira. Acalme-se. Controle-se. Medito as palavras como se eu precisasse delas para viver, certo que eu realmente preciso. Rodo a maçaneta e abro a porta sem muita cerimônia e muito nervosismo para encontrá-lo. Ele está sentado numa cadeira de rodas, preso a ela e há um menino ao seu lado no chão agarrado a um caderninho e uma bolsa. Deckart pede para o menininho sair e ele passa por mim correndo, sem me olhar, enquanto eu me mantenho presa na possibilidade de ser filho dele.

__ Deckart... _  digo em um fio de voz indo até ele __ Deckart. _ me ajoelho em sua frente, enquanto seu olhar luta para não descer em mim __ Por favor, me olha. Faz-me acreditar que você realmente está aqui. _ toco suas mãos sobre as coxas __ Não faz isso. _ lágrimas descem por minhas bochechas e então ele me olha.

__ Por que insistiu em me procurar? _ questiona, seu lábio inferior tremendo.

__ Ainda pergunta? Eu sou louca por ti, apaixonada e além de tudo sou tua mulher, casada contigo. _ indago chorosa __ Eu te amo e não iria desistir nem se tivesse te visto em um caixão.

__ Teria sido melhor do que me ver numa cadeira de rodas. _ franzo o cenho.

__ Não! Cala a boca. Está falando asneiras. Isso não muda nada. _ beijo suas mãos __ Esse menino... Quem é ele?

__ Meu filho.

Filho. Deckart tem um filho que não é meu. Ok, talvez isso tenha soado como uma facada no meu peito ou como um soco no meio da cara mas ainda sim não muda nada. __ Eu posso perdoar isso. Sei que posso. E você irá comigo para Itália novamente. _ digo convicta.

__ Você não entendeu. _ ele rosna __ Eu me tornei inválido, o que vou fazer com essas pernas inúteis? Não tenho mobilidade independente e você só irá atrasar tua vida, além de eu ter transado com outra mulher e ter tido um filho com ela. _ isso doeria menos do que um soco dado por três dele.

__ Deckart, você me ama. Eu sinto isso. E eu também te amo e faria de tudo para te ter comigo de novo, não desisti em torno desses anos e não é a porra de um filho que vai me impedir. O Deckart que eu conheci não desistiria tão fácil e muito menos iria me trair, o que fizeram contigo? _ pergunto me erguendo e ficando na sua altura, seu olhar triste e desapontado fez meu coração falhar.

__ Logo quando comecei a tomar esse maldito remédio depois de um acidente. A filha deles se aproveitou do meu momento de fragilidade e... _ era difícil para ele dizer, é difícil para qualquer homem dizer que foi abusado por uma mulher, quando vivemos em uma sociedade que vêem os homens sempre como os vilões da história.

__ Não precisa dizer, eu entendi. _ ponho minhas mãos em sua bochechas e beijo seus lábios macios como sempre foram, porra eu queria tanto aquilo que senti meu corpo convulsionar por dentro __ E ela? Onde essa vaca está?

__ Morta. Eu matei ela asfixiada. _ volto a beija-lo e em seguida uno nossas testas __ Ainda não acredito que você não desistiu de mim. _ seu sorriso aparece em meio as lágrimas e eu o acompanho.

__ Nunca. Sou sua desde o dia em que nos conhecemos, meu corpo e alma são completamente teus meu amor. Vamos dormir, amanhã iremos embora cedo. _ me levanto, empurro a cadeira para o lado da cama e com esforço, o coloco sobre o colchão __ Como é o nome do seu filho? _ questiono me despindo para trocar de roupa.

__ Santiago. _ Deckart sorrir, ele ama o moleque __ Qual é a dos piercings?

__ Decidi que mudaria o visual diversas vezes, precisava de algo para manter minha mente ocupada e também... _ viro-me de costas para ele, deixando que veja minha tatuagem na costa __ Tem isso.

__ Perdeu muitos parafusos até hoje? _ questiona me fazendo rir __ Você sempre foi muito doidinha. _ ponho uma camisa larga e me deito ao seu lado, abraçando seu corpo e pondo minha perna por cima da sua, meu nariz inalando o cheiro de sua pele e a quentura que tanto senti falta __ Minha doidinha.

Sempre Você | 1° Livro - TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora