Destiny

Amigas?

Dia 3 da nova legislatura de 2019

Simone chega em seu gabinete e sua assessora já estava lá, mexendo em sua mesa, e quando viu Simone entrar disse:
—Ah, bom dia senadora Simone, eu estava deixando alguns papéis para você assinar até hoje a tarde, para serem encaminhamos para o conselho...
—Tudo bem, eu já vou ler e assino para você enviar, obrigada. —Simone responde entrando na sala, colocando a bolsa no canto e indo se sentar em sua cadeira. Sua assessora ia saindo, mas é chamada por Simone e volta. —Jacque, preciso pedir um favor seu um pouco urgente...
—O que foi senadora? Claro, pode pedir. Alguma coisa com algum dos projetos? Eu esqueci de algo?...–a assessora diz um pouco inquieta, e Simone continua a interrompendo:
—Não, não tem nada a ver com trabalho... O que eu quero te pedir é que consiga informações sobre uma pessoa. Pode pedir para algum dos meninos te ajudar, quero uma pesquisa bem detalhada.
—Tudo bem... Mas conseguir informações sobre quem? —A assessora pergunta estranhando aquele pedido, mas tentando não deixar Simone reparar.
—É sobre uma das senadoras novas que entrou agora: Soraya Thronicke. Quero toda informação que conseguir, se mora sozinha, se é casada, se tem filhos, tudo.
—Ok... eu posso perguntar o motivo? —a assessora pergunta um pouco desconfiada.
—Ah, não é nada demais... eu conheço ela há um tempo, na verdade, eu dei aula para ela, e preciso dessas informações para uma coisa. —Simone diz séria tentando fazer parecer que aquilo não era um pedido estranho, e a assessora sai da sala.
Simone então começa a ler aqueles papéis e assinar alguns. Depois fica um tempo no computador e sai para almoçar.
Entrando no refeitório, vê Soraya montando seu prato e vai até ela com um prato para montar o seu também é fingir ser a desculpa perfeita para falar com ela.
—Olá! —Simone diz sorrindo e Soraya a olha e começa a ficar nervosa, responde um "oi", então Simone continua:
—Tudo bem com você?
—Tudo, eu estou bem, e você?
—Também estou bem.
As duas ficam em silêncio pegando a comida e se sentindo desconfortáveis com aquele silêncio que fazia as duas ficarem tensas, pois tinham muita coisa para falar, mas nenhuma das duas tinha coragem para começar.
Soraya ia falar que era aluna de Simone no dia anterior quando conversaram, mas como Simone não tocou no assunto, achou que ela não se lembrava dela. E Simone, achava a mesma coisa.
As duas terminaram de pegar as comidas, Soraya primeiro, porque tinha começado primeiro, se despediu de Simone:
—Eu... vou indo me sentar.
—Espera! —Simone termina, e segue Soraya até a mesa. A loira se senta, e percebe que Simone a havia seguido. Simone parada na frente da mesa pergunta sorrindo:
—Eu posso me sentar aqui com você?
—Claro! —Soraya sorri de volta e tenta fazer uma brincadeira para quebrar aquele clima de estranheza. —Desde que não fique o silêncio constrangedor...
As duas riem e Simone responde:
—Não vai ficar silêncio constrangedor, temos muito o que conversar... Aliás, nem sei porque está ficando esse silêncio estranho entre nós, já nos conhecemos a tanto...
Quando Soraya percebeu o que Simone falou, uma felicidade tomou conta de seu corpo e ela se arrepiou. Ela lembrava! Mas não disse nada por vergonha, apenas sorriu. Então Simone falou:
—Você não se lembra... que foi minha aluna na época de faculdade?
—Tá brincando? Eu lembrei de você assim que eu entrei naquele senado no meu primeiro dia. —Soraya responde e quando percebe que talvez tenha falado demais, morde o lábio e pensa:
*droga, o que foi isso Soraya?*
—Então, porque você não foi falar comigo aquele dia? —Simone pergunta tomando um gole do seu suco.
—Ah, eu até pensei... mas você estava conversando com outros senadores, não quis incomodar você.
—Você nunca me incomoda! —dessa vez foi a vez de Simone falar demais, colocou mais uma garfada de comida na boca, desviando o olhar de Soraya, que apenas sorriu.
—Você também não foi falar comigo... também achei que não se lembrava. —Soraya joga a fala para Simone sem olhar para ela, enquanto mexe no prato, e Simone a olha e sorri:
—Eu não quis incomodar também.
As duas se olham e riem da situação, até Simone continuar:
—Ótimo, agora que definimos que as duas se lembram uma da outra, e que nós duas tínhamos medo de incomodar uma a outra, vamos quebrar essa situação ok? Você pode vir falar comigo quando quiser, independente da situação. Somos amigas, não precisa ter vergonha, medo ou esse silêncio desconfortável estranho.
Soraya sorri e fica mais feliz ainda quando ouviu que Simone a considerava como amiga.
—E... eu? Posso ir falar com você? —Simone pergunta.
—Claro! Sempre que quiser. Também te considero uma grande amiga. —Soraya sorri e Simone sorri de volta.
—Na verdade... você era minha professora preferida de época da faculdade... Ainda é. Uma excelente professora, a melhor que eu já tive.
Simone agradece sorrindo, e fala:
—Ah obrigada. Você também era minha aluna favorita.
—Tá falando só por falar hahaha —Soraya responde boba.
—De jeito nenhum! Você era minha aluna mais brilhante, inteligente, dedicada, eu realmente acreditava em você, no seu potencial... acredito! Eu ainda acredito que você vai longe...e identifico muito com você. —Simone a elogia e Soraya agradece sem graça.
—Pena que aquela nossa pesquisa não deu certo...
—Mas nós temos um artigo juntas, isso é ótimo. —Simone responde.
Terminado de comer, as duas ficam ali esperando um novo assunto surgir, mas sem sucesso, se levantam para saírem, e simone pergunta em quando andavam para fora do refeitório:
—Você vai fazer alguma coisa hoje?
—Ah, eu tenho muito trabalho. Sabe como é? Eu sou novata aqui né... —Soraya responde.
—Tudo bem. Amanhã conversamos no almoço de novo então. —Simone diz antes de seguir seu caminho para seu gabinete e se separarem, e Soraya concorda. Simone então se despede de um jeito que iria deixar Soraya nostálgica:
—Até amanhã, Yaya.
Soraya ao ouvir aquilo, se vira para Simone que já estava a alguns metros e a chama:
—Você se lembra!
As duas riem, e Simone pisca para Soraya antes de se virar de volta e seguir seu caminho.
"Yaya" era o apelido de infância de Soraya, e muitas vezes em que Simone ia para casa de Soraya, ou quando as duas se encontravam e Soraya atendia o telefone, sempre ouvia os pais da loira a chamar assim, e então brincava a chamando assim também as vezes.