Véspera com os maridos

394 37 5
                                    

Se passaram 4 dias desde que Simone e Soraya almoçaram juntas e combinaram o programa para relembrar os velhos tempos. Era sexta-feira, e elas não tinham se falado durante a semana toda, não por falta de tentativa, porque ambas tentaram muito, mas sim por falta de tempo. A semana estava cheia e corrida para as duas, e ainda estavam tentando adiantar todos os compromissos para no final da semana conseguirem ficar livre para seus programas.
Chegaram ao senado bem cedo para a sessão, Soraya foi se sentar ao seu lugar, analisando alguns papéis enquanto prestava atenção à sessão.
Simone estava em pé na frente do senado conversando com alguns senadores, tentando resolver algumas pendências.
A sessão começou, e a pauta do dia seria discutir sobre o bloqueio imediato de bens relacionado ao crime de terrorismo, adequar o texto constitucional as definições da comissão internacional sobre o direito das pessoas com deficiência, telemedicina, síndrome de down, saúde indígena, alterações em regras trabalhistas, e crianças e adolescentes.
O presidente começou a ler as pautas. Soraya então pediu a palavra, que foi concedida:
—Bom dia vossa excelência, bom dia senadores, quero pedir um adendo ao marco regulatório do acolhimento de crianças e adolescentes afastados da própria família, muitos deles aguardando adoção em instituições...
O pedido de Soraya foi aceito e Soraya olhou para a parte de cima do salão do senado e sorriu para Giullia, que estava ali assistindo a sessão, e agradeceu Soraya quando ela a olhou.
Simone, do outro lado do senado, viu Giullia na galeria assistindo, viu a atitude de Soraya e sorriu orgulhosa. Soraya olhou para ela, a viu sorrindo e sorriu de volta.
A sessão continuou, e foi até as 15h da tarde.
Saindo do salão do senado, Simone e Soraya se encontraram lado a lado tentando sair, atrás da multidão que estava na porta, e quando perceberam riram uma para a outra.
—Oi —Simone puxou assunto
—Oi —Soraya responde fazendo as suas rirem de novo.
—E, está tudo certo para nosso enco-, programa amanhã? –Simone pergunta
—Está sim... Adiantei tudo o que tinha essa semana para amanhã podermos ficar em paz sem sermos incomodadas. —Soraya responde
—Ótimo! Também adiantei minhas coisas essa semana. —Simone diz e elas sorriem
Chegando finamente na porta, Soraya se despede perguntando:
—Então, amanhã às 10h, certo?
—Confirmadíssimo! Até amanhã. —Simone responde e Soraya vira o corredor e vai embora.
Simone vai para seu gabinete guardar suas coisas, e fica conversando com alguns senadores no corredor, depois vai para casa.
Chega em casa e encontra a casa vazia, e dessa vez nem chamou por Eduardo, pois a casa estava em tão absoluto silêncio e escuridão que era evidente não ter ninguém. Jogou suas coisas no sofá e foi até a cozinha, pegou uma jarra de água na geladeira e foi até a pia, viu a pia limpa e pensou:
"pelo menos ele lavou a louça..."
Pegou um copo e colocou um pouco de água da jarra, e bebeu. Guardou a jarra de volta, voltou para a sala, pegou suas coisas e subiu para os quartos para tomar banho.
Entrou no chuveiro e tomou uma longa ducha, lavou seus cabelos e saiu. Vestiu seu roupão e amarrou uma toalha no cabelo. Passou hidratante no corpo, vestiu sua camisola branca de seda com detalhes em preto no pescoço e nas mangas, foi ao banheiro, passou um esfoliante no rosto, escovou os dentes, e retirou o esfoliante. Depois foi escovar os cabelos e secou com secador. Pegou seu livro na cabeceira para continuar lendo, e se sentou na cama, se cobrindo com o lençol. Depois de algum tempo, olhou no relógio e viu 23:00, já estava começando a ficar com sono e resolveu dormir mais cedo para acordar cedo no dia seguinte. Mas estava esperando Eduardo chegar e tentou resistir ao sono mais um tempo, e quando viu que não dava mais, colocou o livro no criado-mudo, apagou a luz ao lado da cama e se deitou. Olhou ao relógio: 23:30.
Pouco tempo depois, escutou a porta se abrindo, e mais um tempo, ouviu os passos de Eduardo na escada. Eduardo entrou no quarto, acendeu a luz e viu Simone deitada, não viu se estava acordada ou não porque ela estava virada para o outro lado. Então ele foi para a porta do closet e começou a tirar a roupa para ir tomar banho, quando ouviu Simone o chamar:
—Chegou tarde hoje hein, Eduardo?
Ele se virou e viu Simone ainda na mesma posição e respondeu:
—É, tava tendo uma confraternização lá no bar hoje, e a gente ficou comemorando.
—Hm... Podia ter avisado pelo menos né?
—Desculpe, eu esqueci.
Simone levantou as sobrancelhas, e em qualquer outro dia, conversaria com ele, mas naquele dia estava tentando não se estressar, pois sabia que caso ela se estressasse antes de dormir, no outro dia acordaria estressada, e não queria estragar o dia seguinte por nada. Então só confirmou.
—Inclusive, amanhã a Rebeca chamou você para ir também. Vão continuar a confraternização. —Eduardo comentou enquanto dobrava as roupas.
–Ah, não obrigada. —Simone respondeu sem se abalar
—Por que não?
—Não estou a fim de ir.
—Ela te convidou, vai ficar chateada se você não for.
—Ela nem gosta de mim, não vai nem ligar se eu não for.
—De novo você com essa história de que ela não gosta de você... —Eduardo responde entrando no banheiro
—É verdade. —Simone dá de ombros.
—Só porque aquele dia ela colou o cartaz da minha campanha na lanchonete dela, e o da sua campanha não?
—Não é só isso. Ela e o Ramon sempre gostaram bem mais de você do que de mim, e da para ver que quando eu vou com você eles ficam incomodados, não se sentem tão confortáveis como quando você vai sozinho. Eu não preciso disso.
Eduardo faz um som indicando tédio do banheiro.
—E eu já tenho compromisso amanhã...
Eduardo sai do banheiro e olha para Simone deitada. Simone percebe ele a olhando e se vira. Eduardo faz uma cara de quem estava esperando ela concluir e falar qual o compromisso, e ela o faz:
—Eu vou na casa de uma amiga tomar um café e bater papo.
—Uma amiga? Você não é muito de ir na casa dos outros.
—Faz muito tempo que não vejo essa amiga, e combinamos de colocar o papo em dia.
—Não pode ser outro dia? —Eduardo fala
—Não, não pode ser outro dia! —Simone rebate rápido, sem nem pensar para não dar espaço para ele arrumar uma desculpa para ela não ir a casa de Soraya.
—Então a sua amiga é mais importante do que ir na confraternização do bar em que eu trabalho, com seus amigos e seu marido?
—Meus amigos Eduardo? Não força. —Simone fala dando um riso irônico
—Mas é? —Eduardo insiste
—Não, é que a gente não se via há muito tempo, e já marcamos há uma semana.
Eduardo bate a camiseta que segurava na parede e se entra no banheiro novamente indicando que estava bravo.
—Eduardo eu não me sinto confortável com aquelas pessoas naquele bar! E eles não me querem lá também... o seu próprio irmão falou que eles gostam mais de você do que de mim, segundo eles "você é a única pessoa que eles deixam colocar um cartaz, ou fazer um churrasco naquela droga daquele bar" —Simone diz imitando a voz do irmão de Eduardo falando e continua depois —Se até seu irmão percebeu, então não é coisa da minha cabeça.
—Você já parou para pensar que talvez eles não gostem de você porque você nunca tem tempo para ir para lá? Talvez você que não goste deles e fica jogando a culpa neles! —Eduardo diz voltando pra o quarto e em seguida entra no banheiro de novo e bate a porta com força, ligando o chuveiro em seguida.
—VOCÊ SABE QUE ISSO NÃO TEM NADA A VER! —Simone grita da cama com raiva e se vira para o outro lado para dormir.

Enquanto isso...
Soraya estava sentada no sofá ao lado de César assistindo a algum filme que César colocava para assistir todo dia a noite. Estava tomando coragem para fazer um pedido a ele. Então respirou fundo e falou:
—César, eu vou receber visita amanhã aqui em casa e queria te pedir para você passar o dia fora.
César olhou confuso e um pouco assustado para ela, e ela continuou:
—É que amanhã eu combinei com uma amiga dela vir aqui para a gente tomar um café e colocar o papo em dia. Faz muito tempo que eu não a vejo e nos reencontramos no senado, então...
—Tá, tudo bem. —César responde calmamente e volta a assistir o filme. Soraya o olha incrédula da reação dele, e ele percebe o jeito que ela o olhava e responde:
—Acho que vai ser legal, você está precisando disso, trabalha demais... Eu vou dar uma andada no shopping, ou no parque, ou me encontro com alguns amigos.
—Tá bom então... —Soraya responde ainda incrédula e olha para o filme.
—E não se viam há muito tempo? Onde se conheceram? —César pergunta puxando assunto
—Ah, ela foi minha professora na faculdade, fizemos um artigo juntas.
—Ah legal, bacana... —Cesar responde sorrindo —E aí você não quer que eu fique porque...? —pergunta e antes de Soraya responder diz com cara de bravo —Não quer que ela saiba que você tem tempo para ter um marido além de trabalhar?
—Não... é que... eu acho que você não vai gostar de ficar junto com a gente conversando sobre futilidades e... —Soraya responde gaguejando e tentando inventar uma desculpa, mas é interrompida por César:
—Tô brincando Hahahahaha relaxa
Soraya ri e da um tapinha em César de brincadeira enquanto respira aliviada por dentro
—...É claro que eu sei que você tem vergonha de ter tempo para ter um marido! —Cesar brinca olhando de canto de olho para Soraya e sorrindo
—palhaço... —Soraya da um tapinha nele e ri junto
Depois que param de rir, César puxa Soraya para perto, coloca o braço em volta do pescoço dela e da um beijo na testa dela, que deita a cabeça no ombro dele sorrindo.

DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora