02 de fevereiro de 2019
29 anos depois...
Dia contado pela versão de SorayaDepois de ser deixada pelo táxi na porta do Congresso Nacional, Soraya olhou para o palácio e respirou fundo com um sorriso no rosto antes de entrar.
Enquanto caminhava pelos corredores daquele lugar pela primeira vez, olhava tudo admirada, sem conseguir parar de sorrir. Ficou com medo das pessoas a acharem maluca de estar sorrindo para tudo e todos, mas tentou não ligar. Aquele era um dia especial e ela não queria que nada estragasse.
Fez um tour por todo o prédio, conhecendo cada lugar, tirando fotos e filmando tudo o que podia.
No meio de seu tour, uma moça veio a chamar:
—Soraya Thrônicke?
—Sim? —Soraya vê a moça se aproximando e abaixa o celular que estava tirando uma selfie.
—Ah, olá. Prazer em conhecê-la, Sra. Thrônicke... —a mulher é interrompida por Soraya.
—É Thronicke.
—Certo...perdão... —a moça a olha de um jeito estranho, mas continua falando —Bom, Sra. Thronicke, eu me chamo Márcia, sou secretariada, preciso que me acompanhe para preenchermos alguns papéis relacionados à sua posse como senadora.
Soraya acompanha a mulher até uma sala grande onde tinham muitas pessoas já, provavelmente futuros senadores que tomaram posse junto com ela.
Ela preenche alguns papéis, tira fotografias, registra digitais, e a moça que falara com ela anteriormente volta e diz:
—Bom, por ora é só, obrigada. Agora, se a senhora quiser pode sair para almoçar e depois é só comparecer no horário no salão do senado federal. Eu só peço que, antes da cerimônia começar, a senhora esteja na entrada do senado. Mas se quiser chegar mais cedo e entrar no salão para conhecer, conversar com alguém, fique a vontade.
—Certo, muito obrigada. —Soraya sorri e a moça se vira para sair, mas Soraya a chama de volta fazendo ela se virar novamente —É... aqui tem refeitório não é? Sabe me dizer onde fica?
—Claro. Segue essa faixa amarela no chão por esse corredor e vai até o final dela.
—Certo, obrigada.
Soraya pega sua bolsa e segue em direção ao refeitório.
Ao entrar pela grande porta de vidro, vê que era um espaço enorme, tinha muitas mesas, estilo picnic, e um grande balcão na frente dividido entre self-service e a bancada que dava para a cozinha, onde ficavam as geladeiras com sucos, refrigerantes, energéticos, e sorvetes. E uma máquina de café.
Tinha muita gente sentada almoçando, mas não foi difícil achar uma mesa, onde colocou sua bolsa, e foi montar seu prato, com uma fruta de sobremesa, e um suco de laranja natural.
Sentou em sua mesa e ficou almoçando sozinha, mexendo no celular.
Quando terminou, levou sua bandeja até o balcão e quando ia saindo da sala viu Flávio Bolsonaro almoçando na mesa ao lado da porta, junto com alguns senadores novatos também, e foi falar com ele. Ficou em pé em frente a mesa dele e o cumprimenta:
—Olá a todos —diz sorrindo e todos a cumprimentaram de volta.
—Flávio... depois agradece ao seu pai pela ajuda na campanha eleitoral.
Flávio a olha de baixo para cima com um sorriso de deboche disfarçado e responde:
—Pode deixar... parabéns senadora.
Soraya sai sorridente sem ter percebido o deboche do homem, e vai em direção do salão.
Faltavam 20 minutos, e ela aproveitava para andar pelo lugar conhecendo e observando tudo, e aos 5 minutos da cerimônia, foi para a entrada aguardar o início.
O sinal soou, e o presidente começou a fazer seu discurso. Soraya ficou abismada que quase ninguém prestava atenção, criticando a educação de todos na sua mente. Então começou a tocar o hino nacional, e ela se levantou junto aos outros para cantar, foi a única a cantar com a mão no peito, o que gerou alguém burburinhos por parte de um grupo específico de senadores. Ao término, o presidente já começou a chamar os estados para o juramento, e depois de algum tempo chegou a vez de Soraya.
O presidente anunciou:
—Pelo estado do Mato Grosso do Sul, Nelsinho Traad do PSD, e Soraya Thronicke do PSL.
Soraya entrou no salão caminhando com a cabeça erguida e um ar de empoderamento. Foi até a terceira bancada do lado direito do salão, e se posicionou em pé ao lado da segunda cadeira em frente ao microfone. O presidente anunciou o nome dela:
—Pelo estado do Mato Grosso do Sul, senadora Soraya Thronicke.
—Com gratidão a Deus, pelo nosso Brasil e pelo meu Mato Grosso do Sul, assim prometo! —fala sorrindo com uma mão no microfone, e outra levantada para cima, e se senta logo em seguida.
Dá uma olhada em volta, e reconhece a mulher ao seu lado:
*Simone?* —Pensa e começa a ficar nervosa, mas disfarça bem, mexendo na mesa a sua frente tentando focar na continuação da cerimônia, na tentativa de se tranquilizar, mas sem sucesso.
Pensa em chamar Simone, mas bem quando ia tomar coragem para fazer isso, sua colega Leila, depois de tomar posse na bancada da frente, estende a mão para cumprimentar Soraya. Quando Soraya de virou para Simone novamente, a mulher estava conversando com a senadora de trás.
Depois que Soraya reconheceu Simone, não conseguiu pensar em outra coisa, tanto que nem escutou o final da cerimônia, e quando se deu conta o presidente falou:
—Está encerrada a cerimônia de posse!
Todos começaram a se levantar, e ela se levantou também. Pensou em ir falar com Simone, mas alguns senadores vieram a cumprimentar e ela ficou presa ali conversando, e quando estes foram embora, Soraya olhou em volta para procurar Simone no meio da multidão que estava saindo do salão, mas não encontrou, então voltou a conversar, dessa vez com Leila que estava passando por ali.No gabinete de Simone
—Toc Toc —Sandra bate na porta que estava aberta para chamar a atenção de Simone.
—Oi Sandra! Eu acabei a entrevista com a imprensa agora, acabaram de sair. Eu já ia lá te ver. —Simone fala levantando e indo em direção a amiga com os braços abertos para abraçá-la, e a mulher retribui balançando no abraço.
—Aí que saudade que eu vou sentir de você aqui, você vai fazer muita falta. —Simone diz ainda no abraço apertado com a amiga.
—Ah, você vai dar seu jeito aqui, tenho certeza. —Sandra fala se separando do abraço e segurando as mãos de Simone. —Você é uma mulher forte, empoderada, guerreira e corajosa. Tenho certeza que vai fazer muita coisa aqui. Vai chegar longe!
Simone sorri com um gesto de gratidão com a cabeça, e Sandra sorri e fala:
—E olha só: não deixa esses homens patetas te diminuírem viu? Mostra seu poder.
Simone sorri confirmando com a cabeça e diz com voz de tristeza:
—Com quem eu vou conversar aqui dentro? Sair para almoçar? Bater papo?
Sandra responde rindo da cara de tristeza que Simone fez:
—Você vai encontrar alguém logo logo para fofocar, nem vai lembrar de mim.
—Impossivel não lembrar de você amiga. —Simone faz um gesto negativo com a cabeça, enquanto sorri olhando para a amiga.
—Ou... você pode bater papo com a loira que sentou do seu lado hoje. A senadora nova. —Sandra diz querendo insinuar segundas intenções, mas Simone não entende as entrelinhas, e só balança a cabeça depois de ter arregalado os olhos quando Sandra falou.
—A propósito... quem é a moça, Simone? —Sandra pergunta querendo responder suas dúvidas depois de ter visto Simone hipnotizada pela mulher mais cedo.
—O que? Como assim? —Simone pergunta um pouco nervosa tentando disfarçar.
—Eu sei que você conhece ela de algum lugar, porque ficou olhando pra ela desde que ela entrou até se sentar do seu lado. Nem os meus chamados você escutou.
—Ah... não era nada, eu só estava olhando para a senadora nova... —Simone tenta fugir daquele assunto, mas sua amiga percebe e diz:
—Tebet, Tebet, você não me engana... Anda, fala logo. Eu sou sua melhor amiga aqui dentro.
—É, minha melhor amiga que vai me abandonar aqui sozinha.
—Eu tenho culpa que meu mandato termina hoje? Anda Tebet, fala logo quem é a senadora. —Sandra diz seria percebendo a tentativa de fuga do assunto da amiga.
—Tá bem, eu vou te contar. Ela é uma ex-aluna minha da época da faculdade. Quando eu dava aula de direito administrativo.
—Ah, e vocês se falavam na época de faculdade? —Sandra pergunta interessada, apoiando o braço no outro para prestar atenção.
—Sim, era uma das alunas que eu mais conversava. Fizemos até uma pesquisa juntas. Quer dizer, a pesquisa acabou não dando certo, mas publicamos um artigo juntas. —Simone conta com um olhar de nostalgia e um sorriso involuntário enquanto falava que Sandra percebe e ri da situação.
—E ela era boa aluna?
—A melhor! —diz e para de falar parecendo lembrar de alguma coisa que não diz, só sorri.
Sandra percebe e fica olhando para Simone esperando ela continuar, mas quando viu que ela não iria terminar, diz:
—Então vai falar com ela amanhã! —Simone desperta da transe e olha para a amiga com os olhos arregalados, assustada. —Chama ela para almoçar amanhã, e conversa com ela. É uma puta coincidência vocês se encontrarem aqui depois de tanto tempo.
—Não sei... Ela nem deve lembrar de mim, fui professora dela por um ano só, depois eu sai e perdemos contato. —Simone diz tentando arrumar uma desculpa.
—Você vai falar com ela amanhã. Nem que eu tenha que vir aqui só para te dar um empurrãozinho...Por favor, ela vai ser a nova eu para você. —Sandra ri e arranca um sorriso de Simone também, que concorda só pela insistência da amiga.
—Ótimo! Agora, hoje... vamos no barzinho? —Sandra se escora no ombro de Simone, que faz uma cara de desânimo, e Sandra insiste —Vamos, por favor... é minha despedida do senado.
Simone sorri e aceita. Pega sua bolsa no fundo da sala, e sai com Sandra que a esperava na porta e saíram conversando e rindo.
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Destiny
Fiksi PenggemarSerá que Destino existe? E almas gêmeas? É possível duas pessoas que se amam não ficarem juntas? O destino pode dar vários sinais quando você encontra o amor da sua vida, você não percebe ou ignora? Há uma frase popular que descreve isso: "almas gê...