2. confie.

2K 328 94
                                    

"Antes que você vá... confie."
_________________________________
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀

■■■

⠀⠀⠀⠀⠀⠀

⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Esperei que todos saíssem da sala de aula, e me levantei, começando a organizar minhas coisas. Eu estava pronta para ficar mais um dia dentro da sala de aula durante o recreio, mas desisti. Eu me sinto muito sufocada aqui.

Há três dias a diretora me chamou para uma conversa, e me disse que havia ficado sabendo por minha tia o meu interesse por instrumentos musicais, e me deu a informação que na escola havia um sala de música. Desde então, tenho fugido para lá, na intensão de escapar de todo mundo.

Não tem sido fácil, como eu disse, essa escola não seria diferente. Algumas vezes sou esbarrada no meio dos corredores de propósito, as vezes sou motivo de piadinhas enquanto passo, outras vezes alvo de fofocas, e ouve uma vez em que roubaram meu caderno e quando foi devolvido, estava repleto de palavras ofensivas de todos os tipos direcionadas à mim.

Bom, nada de novo.

A garota pelo qual conversou comigo semana passada, não me disse mais nenhuma palavra. Bom, quase. Ela gritou com a turma os chamando de infantis por terem rabiscado o meu caderno, quando aconteceu. Mas foi apenas isso. Nenhuma conversa direta.

E... seu nome é Enid. Descobri logo no segundo dia. Na verdade, seu nome é bem comentado. Tanto pelos alunos, tanto pelos professores. Ela chega todos os dias atrasada. Quando digo todos, falo a verdade. Ela não é popular no entanto, é só um rosto conhecido.

As vezes eu me pego escutando a conversa do seu grupo de amigos esquisitos durante as aulas, ou vendo eles saírem juntos pro recreio. Não há como evitar, já que ela senta no lugar atrás do meu.

•••

Arrumo o capuz em minha cabeça e saio da sala, tomando o cuidado para que meu olhar não caia em qualquer pessoa. Eu ando pelos corredores rapidamente, não querendo esbarrar com ninguém pelo meio do caminho.

Quando estou chegando relativamente perto, sinto meu corpo sendo empurrado contra a parede. A ação foi tão repentina e bruta, que sinto minhas costas doerem e meu corpo entrar em alerta. Meus olhos param na pessoa que acabou de me empurrar. Já a conheço.

- você realmente não fala? - Erica diz enquanto se aproxima de mim. Eu não respondo, apenas a encaro inexpressiva. Sinceramente estou cansada disso.

- para onde você estava indo, hum? - seu rosto fica a poucos centímetros de distância do meu. Seus olhos analisam meu rosto, de um jeito estranho. Ela solta uma risada.

Suas mãos me prendem entre seu corpo e a parede, e me sinto encurralada. O que mais temo que fizesse, acontece. Ela abaixa o capuz do moletom, e imediatamente sua expressão muda.

- então é verdade? - ela olha a minha cicatriz e se afasta, tirando os braços que estavam me prendendo. Sinto o ar voltar aos meus pulmões.

Mas sinto vontade de chorar, pois já sei o que vem em seguida.

Ela vai contar pros amigos o que viu, todos vão inventar histórias totalmente mentirosas, e eu vou ser o centro de todos os assuntos. A merda se repete. De novo e de novo.

Volto a colocar o capuz em minha cabeça.

Quando Erica tenta se aproximar de novo, alguém chega onde estamos, a fazendo parar e olhar na direção de quem quer que a tenha interrompido.

Before you go | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora