12. me mostre.

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"Antes que você vá.... me mostre."
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- não acredito que me convenceu a te mostrar a minha casa. - revirei os olhos enquanto abria a porta e a via entrar depois que a fechei. Seu olhar passava por cada canto enquanto o sorriso vitorioso estava em seus lábios.

Depois que minha tia ligou dizendo que ia ficar presa no trabalho por alguns minutos e que não ia poder me buscar, fiz a loucura de pedir carona a Enid. Quando chegamos, ela insistiu que queria conhecer o lugar onde morava. Como sempre, como todas as outras vezes, depois de uma luta de olhares suplicantes, foi impossível dizer não para o que pedia.

Precisaria aprender a dizer não para ela, de alguma forma. Mas no fundo eu sequer me importava com o fato de que ela sempre conseguia uma reação positiva minha. Não me importava em ser facilmente vencida todas as vezes. Era apenas Enid. A garota que havia transformado meus dias cinza em colorido.

- sua casa é ainda mais bonita por dentro. - ela diz enquanto admira tudo ao seu redor. Seus passos atravessam o espaço devagar, descobrindo tudo aos poucos.

- estou com medo de quebrar algo sem querer e passar o restante da minha vida pagando por qualquer coisa daqui. - eu solto um pequena risada diante do seu comentário, atraindo sua atenção de volta para mim. Ela estava exagerando um pouco.

- digamos que ter uma tia advogada e uma herança considerável me esperando tem um peso sobre isso. - digo em tom de ironia. Ela me olha surpresa enquanto eu me encosto sobre o sofá.

- você fala como se não fosse nada demais...

- é porque de fato não é. Nada disso muda nada. Trocaria tudo por... "eles". Sem pensar duas vezes. - minha voz sai um pouco arrastada.

Mas pela primeira vez os mencionei sem ter uma vontade absurda de chorar. Pela primeira vez havia soado de um jeito leve, não pesado. Pensar nisso e perceber isso, era bom. A vejo concordar e me entregar um sorriso fraco.

- você tem razão. Nada aqui tem valor o suficiente se comparando ao amor. - ela diz e então se vira, como se não tivesse acabado de dizer uma das coisas mais reais que eu havia ouvido em muito tempo.

Deu pra perceber uma certa familiaridade com sua frase, como se ela mesma soubesse disso por sua própria experiência. Já havia passado um tempo ao seu lado durante todos esses dias, e eles foram o suficiente para que percebesse muitas coisas sobre Enid. Mas ao mesmo tempo, sentia que não sabia absolutamente nada sobre sua vida. Desde o meu desabafo sobre meus pais e o acidente, não tocamos em assuntos delicados de novo.

Tinha a certeza que ela era uma das garotas mais incríveis que havia conhecido, mas ainda sim, ainda não a conhecia o suficiente para saber quais eram os significados de algumas de suas frases tão reais, quanto a que acabara de dizer.

Sabia que um dia descobria todos os seus mistérios, então não forcei ou ultrapassei o seu espaço pessoal.

Observo enquanto caminha até o porta-retrato que estava perto do sofá, o segura e o olha em silêncio, parecendo querer decifrar o que se passava naquela imagem. Caminhei até chegar ao seu lado e observei o objeto em sua mão.

- ela é muito parecida com você. - seus olhos voltam pro meu rosto e ela o analisa, como se o comparasse ao rosto da mulher na fotografia.

- é, ouço bastante isso. Mas de fato, é só a aparência, somos completamente opostas em meio a convivência. - um pequeno sorriso surge em seus lábios e ela desvia o olhar para a fotografia mais uma vez. Segundos depois sua mão devolve o objeto para o seu lugar de antes.

Before you go | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora