5. prometa ficar bem.

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"Antes que você vá... prometa ficar bem."
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Entro no banheiro e ando até uma das cabines, me sentando sobre o tampa do vaso logo após fechá-la. Levo as mãos até os ouvidos e apoio os braços nos joelhos, sem querer ouvir barulho nenhum. Respiro fundo diversas vezes, e fico ali por cerca de três minutos.

Abro a porta da cabine e saio dela, indo até uma das pias que existiam ali, me encostando sobre o balcão. Depois de olhar pros lados e me certificar de que não existia ninguém além de mim, puxo o capuz do moletom pra baixo com uma mão e com a outra ligo a torneira. Fecho as mãos em formato de concha e levo a água pro meu rosto. Enquanto sentia os pingos descerem, esfrego toda minha pele com os dedos.

Quando sinto começar a arder, paro. Me obervo através do espelho e engulo em seco ao ver a vermelhidão que causei em minha bochechas. Sinto uma profunda tristeza quando meu olhar para na marca nítida e agora exposta do lado direito do meu rosto, um pouco abaixo dos olhos.

A cicatriz se estende de uma ponta a outra da bochecha. Não é recente, já sarou por completo há alguns meses. Mas ainda assim, é como se pouco importasse o estado, ela estava em meu rosto, e eu não podia fazer nada para mudar isso. Isso me frustrava a quase um ano, eu estava cansada dela e de todos os sentimentos que ela me transmitia.

- finalmente te encontrei. - meu coração acelera pelo susto e por conhecer exatamente de quem era aquela voz.

Não tenho tempo para reagir de qualquer maneira, pois quando paro pra reparar olhando novamente para o espelho, além de mim, vejo Erica através dele. Imediatamente minha expressão muda, ela parece perceber. Ela sorri e se aproxima.

- o que temos aqui, hum? - ela para ao meu lado e começa a nos observar através do espelho também. Tento erguer o capuz para minha cabeça, mas suas mãos me impedem.

Logo sou colocada contra a pia, enquanto ela me cerca com seus braços. Uma de suas mãos vão de encontro ao meu rosto e ela o analisa, enquanto seus dedos passam pela cicatriz. Sinto vontade de empurra-la, de fazer com que pare imediatamente o que está fazendo, mas meu corpo não me obedece, continuo paralisada e totalmente desconfortável.

- sabe o que estão dizendo, Wednesday? - ela pergunta, esperando que eu te responda. Mas não faço isso. Não quero saber.

Ela desliza o dedo pelo meu rosto, fazendo com que tudo de mim a queira longe ainda mais. Seu toque me deixa enjoada.

- dizem que você ganhou uma cicatriz enquanto matava os seus pais. E que você anda por aí a escondendo para que ninguém descubra o seu segredo. - meus olhos se enchem de imediato, mas eu me impeço de derramar qualquer lágrima em sua frente.

Minhas pernas quase fraquejam, sinto meu peito apertar e a mente entrar em absoluta confusão. Começo a batalhar contra meus próprios sentimentos para não acabar desabando em sua frente, dando afinal, exatamente o que quer que aconteça comigo.

Ela percebe o que causa em mim, pois um sorriso largo aparece em seu rosto, satisfeita com o resultado. Erica tira as mãos de meu rosto e volta a me cercar. Aos poucos a vejo se inclinar diante de mim e fecho os olhos com força ao sentir seu nariz em meu pescoço.

- pare. - consigo dizer. Eu mesma me assusto com o tom de minha voz. Mas Erica parece gostar ainda mais, fazendo disso um incentivo.

Eu não sou ingênua, sei o que está tentando fazer. Sinto uma raiva crescer dentro de mim, junto com o nojo que eu sentia daquela garota em minha frente. Estava cansada de Erica, da escola, de mim, de tudo.

Before you go | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora