22. eu sinto muito.

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"Antes que você vá... eu sinto muito."
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Coloquei a cadeira escostada sobre a porta, posicionada na maçaneta de uma maneira que impedia que alguém pudesse abrir. Observei Enid deitar no sofá, os olhos vidrados para cima, quieta demais, diferente ao que estava acostumada. Fiquei alguns segundos onde estava, a observando, tentando entender o que se passava em sua mente. A maneira em que havia ficado em silêncio durante todas as aulas, conversado o mínimo com seus amigos me preocupava. Ela não era assim. Algo estava errado.

- podemos deixar a música para depois? Quero conversar com você um pouquinho. - falou assim que dei o primeiro passo em direção ao violão. Algo em meu coração se apertou.

Definitivamente, algo errado.
Enid nunca negaria me ver tocar violão.

Caminhei em sua direção, observando se levantar e deixar um espaço para que eu pudesse me sentar. Sua cabeça deitou em minhas pernas assim que me sentei, olhos profundos encontrando os meus logo depois. Os encarei, buscando respostas, mas só havia uma profundidade estranha e desconhecida neles, algo que me deixava ainda mais preocupada.

- o que está acontecendo, hum? - questionei em um tom calmo, minha mão indo ao seu cabelo solto, deslizando os dedos pelas mechas loiras onduladas.

Enid segurou minha outra mão, adentrou sua camiseta e a colocou em sua barriga, um pedido silencioso para que eu acariciasse aquela região. Atendi o pedido, deslizando a ponta dos dedos por sua pele, sabendo que aquilo a ajudava de alguma maneira com seus sentimentos ruins. A pele macia estava fria, podia sentir sua respiração, que acompanhava o ritmo da carícia. Enid suspirou, seu rosto se virando até meu moletom, quebrando a troca de olhares e se escondendo.

- estou criando coragem pra te contar sobre a minha vida. Eu não sei como fazer isso, por onde começar. - a voz saiu abafada por estar falando contra o tecido macio do moletom que usava.

Respirei fundo, não podendo conter a ansiedade que aumentava ao ouvir aquilo. Sabia que não era algo fácil a ser compartilhado, pois manteve isso para si por todos esses meses desde que nos conhecermos. Me sentia estranha, com uma vontade absurda de mantê-la segura, pois sabia que o quer que me contasse seria doloroso. Prometi a mim mesma que quando esse momento chegasse faria de tudo para que se sentisse confortável.

- se for difícil demais, podemos deixar pra outro dia. No seu tempo, meu amor. - continuei fazendo carinho em sua barriga, a ponta dos dedos subindo e descendo pela pele macia. Enid suspirou, uma mão adentrando meu moletom e tocando minhas costas. Senti um arrepio ir até a nuca pelo contato do toque frio em minha pele quente.

- essa conversa já foi adiada centenas de vezes, Willa. Eu preciso ser corajosa e te contar. Precisamos disso pra continuar. Não posso mais deixar isso em segredo, você está entrando cada vez mais na minha vida, uma hora irá descobrir. - afastou o rosto de onde o escondia, me fazendo perceber os olhos vermelhos que agora me encaravam de volta.
- para que eu chegue no ponto em que quero discutir com você, preciso que saiba de toda a história, desde o início. Você merece saber de cada detalhe... e eu me sinto segura em te contar.

Before you go | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora