Prólogo

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"A dança da eternidade é um baile para poucos
Sua música, doce melodia, só é alcançada pelos ignorados:
Pelos loucos, pelos artistas e, sobretudo, pelos apaixonados
Feliz daquele que, em seu momento efêmero,
Faz parte de grupo tão pequeno"


Estrelas são seres eternos. Estavam lá antes que qualquer ser humano existisse e a maioria ainda existirá quando todos eles se forem. Do silêncio desolador e da sua explosão de cores e luzes, já viram todas as coisas que se passaram dentro ou fora desse pálido ponto azul. Então, quando uma estrela resolve contar uma história, você deveria parar para ouvi-la.

Esta que vos fala está aqui há muito tempo. Muito mais do que os humanos poderiam compreender. Num momento em que os anos já são insignificantes e um século poderia ser apenas o cochilo de uma tarde. E em todos esses anos, nunca vi encontro como este.

É inevitável. Você tem que saber que as almas não têm endereço, não têm nome, não têm classe e não têm cor. Elas têm vida, têm amor, têm simplicidade. Têm, principalmente, eternidade. Elas são eternidade. Por isso poucas coisas as compreendem como as estrelas.

E por um momento, um espaço de tempo desprezível, efêmero, vivem presas a corpos que vagueiam na terra em busca de algo. Procurando migalhas de eternidade. Coisas que as levem de volta para sua morada imortal, para aquele lugar que habitaram e habitarão por éons.

Alguns dizem que a eternidade terrena está na ambição, na arte, no amor.... Mas toda alma busca aquilo que a leva para casa. E muitas encontram isso no seio de outras que buscam o mesmo.

Divirto-me com os homens que tentam compreender o encontro dessas almas.

Para muitas noções orientais, almas se conectam desde o início prematuro de sua existência, por meio de um fio vermelho, seja atado ao seu mindinho ou ao tornozelo, esse fio está sempre se esticando, comprimindo, embolando, perdendo-se em nós, mas nunca chega a partir-se. É firme como o próprio tecido do tempo.

Na Antiga Grécia, Aristófanes ainda nos diz que almas se ligam, não com um fio, mas como duas metades que juntas eram de uma perfeição tamanha, capaz de amedrontar os deuses.

Às vezes para uma alma estar em casa, ela precisa ser guiada até lá e a única coisa capaz de fazer isso, seria uma outra alma, pois somente o imortal conhece o caminho da eternidade.

E é aqui que ocorre o nosso encontro. Temos duas metades que já foram um, dançando em sincronia na perfeita música cantada pelas estrelas desde o seu surgimento, mas que ao alcançarem sua prisão mortal, estavam em dois extremos. Dois mundos criados por humanos para humanos, mas que jamais deveriam se tocar. Separados não por qualquer distância, mas por aquilo que há de mais destrutivo: o ódio.

As observei quando partiram e desde aquele instante,dediquei-me a olha-las na jornada de se encontrarem, mesmo que sequer soubessemque era isso que procuravam. E quando ambas já estavam começando a destruir-sepelas dores do mundo, encontraram-se. Foi um instante.

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