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A mesa era como um banquete real.

Mesmo que fosse pequena.

Pela manhã, Daria e Mihaela deixaram uma cesta de café da manhã para Selene e Maze, cheia de pães, geleias e bebidas, na qual o rapaz organizava sobre o tampo da mesa, dispondo pratos e facas para ambos, como se tivessem sido recebidos por uma comitiva de boas-vindas à culinária tradicional da região.

Enquanto ele colocava a mesa, Maze recitava a receita do covrigi para Selene, depois do friganele, seguido do gogosi e das duas bebidas que o rapaz e Sebastian gostavam – mors e riájenka. Ela degustou o pedaço de cada comida antes de sair devorando tudo, porque, pelos anjos, não tinha nada ali naquela mesa que a fizesse franzir o nariz por não ter gostado – cada pão e bolo era trabalhado no sabor que derretia na boca, no suco vermelho e da bebida láctea que parecia algodão na língua.

― Experimente. – disse Maze ao oferecer uma bolinha de gogosi com geleia de mirtilo sobre a casca dourada salpicada de açúcar.

Selene apoiou a mão sobre a de Maze que lhe oferecia a bolinha, e provou, o sabor azedo da geleia se misturando à doçura macia do gogosi. Ela arqueou as sobrancelhas, colocando os dedos diante dos lábios, mastigando.

― A combinação é maravilhosa.

Maze sorriu, lançando o que restara da bolinha para dentro da boca.

Alguém bateu à porta – outra vez −, e Selene limpou as mãos antes de girar a maçaneta e dar de cara com Sebastian outra vez.

― Parece assombração. – ele disse, mostrando a ponta da língua.

Selene ergueu o queixo, repousando uma mão sobre a cintura.

― Só estou deixando você entrar porque a casa é sua.

Sebastian soltou um ruído irritado, passando por Selene ao liberar caminho para ele, fechando a porta enquanto observava a reação do Exorcista naquele lugar.

Os cobertores de lã haviam sido dobrados e colocados no quarto do andar de cima; tudo devidamente ao seu lugar. Com a sala aquecida pelas chamas do dia anterior, a lareira estava adormecida e escura, e uma lâmpada iluminava o cômodo aberto; o dia acordara nublado novamente.

Sebastian ficou ali, parado, os olhos percorrendo o ambiente, absorvendo a lembrança em silêncio. Não havia tons de tristeza ou raiva pelo rosto dele; era semelhante à nostalgia de Maze, como se eles tivessem entrado numa capsula do tempo, e a ida ao mundo real tivesse sido apenas um passeio do fim da tarde.

Selene deu uma olhadela em Maze; estava quieto, confortável com tanta comida pela mesa, mastigando alguma coisa, os ombros se movimentando enquanto passava a faca pincelada de geleia em outro gogosi.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora