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A vila estava um inferno.

Melanie ergueu raízes que ladearam a trilha de concreto da entrada da casa como um corredor, as explosões e gritos de demônios menores ressonando para dentro de seus ouvidos, tão próximos que ela podia jurar que estaria sendo explodida junto se seus olhos não estivessem fixos na maca diante de si.

― Ela vai morrer, Iyar. – ela sussurrou, os dedos contra a barra de ferro da maca, quase se fundindo. A mulher que jazia à maca estava perdendo tanto sangue que ensopara seu uniforme e o de Iyar; um braço e uma perna haviam sido perdidos para os dentes afiados de uma criatura parecida com um urso cinzento, a cabeça e a coluna desprovida de pele, os ossos à mostra, músculos de braços humanos emergindo dos pelos oleosos. – Ela vai...

― Não vai. – a voz do enfermeiro era cortante, obstinada, o suor fazendo seus cabelos enrolados grudarem na testa. – Ela é a última. Precisamos sair daqui.

Melanie quase engasgou ao engolir a saliva salgada, assentindo com a cabeça enquanto eles tentavam correr pelo corredor protegido pelo domo de raízes. Ela deu uma olhada outra vez para a mulher na maca; a pele estava cinza, e Melanie não precisava saber que a vida dela estava desvairando tão rapidamente quanto o sangue dos membros perdidos – a Marca no pescoço formigava entre equilibrar a magia da alma e a da terra.

Um rugido agudo atravessou as raízes; Melanie levantou a cabeça de uma vez. Uma sombra cobriu as fendas do domo atrás de Iyar; ela ergueu uma mão e esticou os dedos, fazendo espinhos insurgirem das madeiras, empalando o corpo do demônio do lado de fora. Melanie arfou, o corpo inclinando-se para frente como se ela tivesse virado uma semana sem dormir e só agora o corpo resolvesse se deitar para o sono.

― Você consegue chegar até a ambulância. – disse Iyar, e não era uma pergunta. Ela balançou a cabeça, tentando impulsionar força para os braços que já pendiam mais baixos, a maca quase tocando ao chão.

Com uma guinada, os dois deram passos rápidos até a ambulância, as luzes vermelhas e azuis piscando na visão de Melanie, fazendo seu estômago se revirar. A parte traseira ainda estava aberta com três pessoas dentro; Arthel, uma galesa que comandava a equipe, estava ajoelhada diante de um dos corpos enrolando uma gaze na mão direita manchada de sangue. Ela olhou para eles, franzindo a testa.

― Me digam que esse é o último corpo.

― Para a nossa sorte e para a sorte dos anjos. – murmurou Iyar, colocando a maca para dentro do veículo.

Melanie desviou o olhar para o domo no corredor onde empalara a sombra; era o mesmo demônio que arrancara o braço e perna da mulher que resgataram, a mandíbula arreganhada para dar o bote, o sangue preto pingando dos espinhos.

Ela recostou a testa na porta do carro, sentindo o corpo pesar. A magia estava se esgotando; tinha usado demais contra os três demônios-ursos que invadiram a casa, sem contar da horda que brotara de demônios lagartos pelas ruas quando chegaram na vila. As explosões ainda ressoavam, gritos de comando para todos os lados como nos filmes de guerra.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora