Os passos de Maze ecoavam pelo corredor aberto do convento das irmãs, a pouca movimentação indicando que a maioria estava em excursões pela cidade.
Eram poucas as vezes que ele frequentava aquele lugar mesmo antes de deixar Cluj e partir para a Alemanha, o primeiro país onde fizera residência após sua formação na Academia. A Congregação aconselhava aos Exorcistas homens a evitarem pisar os pés ali – embora o título de Exorcista, eles eram acadêmicos e não propriamente padres que realizavam exorcismo, exclusos do encargo do celibato, por consequência, cediam mais facilmente aos desejos carnais.
Maze passou por duas noviças, fazendo uma mesura com a cabeça e seguiu.
Apesar daquele "conselho" velado por uma norma, ele já vira muitas Exorcistas passeando ao lado das freiras, trocando conversas baixas e risadas contidas.
Ele atravessou a entrada do prédio dos dormitórios e entrou em uma saleta estreita demais para seu próprio tamanho, levando os dedos até a maçaneta circular, girando para um lado e outro no padrão de sua Cifra. O metal estava frio sobre sua pele, contudo, ainda era tão familiar quanto girar a maçaneta de casa; quando havia sido um estudante, ele ajudara tantas vezes as irmãs a carregarem o carrinho de carga até o Acervo, ganhando um pedaço de alivenci da cozinha delas como recompensa.
Certamente ele as ajudava não somente pelo alivenci.
Com um sorrisinho, Maze ouviu o mecanismo serpentear pela parede e a porta se abrir para o elevador e entrou, o frio no estômago subindo até sua garganta quando ele chegou no andar subterrâneo, sendo recebido por uma brisa gelada e pelo olhar surpreso de Marie.
― Baietel alivenci – ela sorriu ao vê-lo, fazendo uma reverência curta. Garotinho alivenci havia sido o apelido que ganhara das freiras quando ele ganhava a sobremesa. – Estava demorando de você colocar os pés aqui de novo.
― Há quanto tempo, Marie – Maze não conteve um sorriso. – Não estou carregando nada para ser recompensado por um pedaço de alivenci.
― Estamos evitando em preparar a sobremesa – A Exorcista lhe deu um sorriso magoado. – A farinha de milho e trigo estão sendo direcionados aos jovens glaives, que necessitam de mais energia do que nós. Mas o que o traz aqui?
Maze quis agradece-la por não mencionar nada sobre o julgamento. Ele desgostava em se irritar com comentários, mas estava escutando burburinhos demais nas missões pela muralha.
― Preciso analisar alguns instrumentos – ele explicou, dando um toque com o nó do dedo na capa do caderno em sua mão. – Acredito que orbes e amuletos permanecem intactos.
― Sabe que nada escapa daqui – Marie abriu a porta do Acervo. − Graças aos anjos e aos diagramas de Sebastian. – ela franziu a testa. – Não o vi desde que chegaram.
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Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4
FantasyElementais das Trevas - Falsos Deuses - LIVRO 4 As histórias de fantasia do avô de Selene Midnight nunca foram tão reais quanto agora: monstros de presas afiadas e escamas cintilantes perambulando pelas ruas de um mundo que era naturalmente ordinári...