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Selene não se arriscou em dissecar a própria mente. Sabia que, se virasse a página para tentar aprender sobre a própria habilidade outra vez, ela teria perguntas demais.

Não arriscaria a segurança e a sanidade dos próprios amigos também.

A van sacolejou ao passar por um buraco; Selene afastou o grafite do papel para não riscar e ter que usar o toco de borracha que ainda lhe restava.

Ela deu uma olhada geral no desenho; havia começado a rascunhar um pedaço de território do mapa de Edenyn Erd, começando pelo qual ela mais se recordava – a Terra dos Exilados. Era como uma memória de tinta fresca e, para não levantar suspeitas sobre Drey Monde, ela começou pela terra onde conhecera Kaine e Alya.

Selene engoliu em seco, apertando os dedos contra o lápis. Aquela memória sempre piscava em sua mente ao lembrar daquele nome, de quando a flecha atingiu o peito da erdiana que tentava a todo custo fazê-los voltar para casa. Do mapa estendido sobre a mesa, do risco de um erdiano em ir até o território dos Governantes para trazê-lo – e Selene, da teimosia intrínseca como um pesadelo que se sonhava todas as noites, tinha ido até aquele lugar e colocado a vida de todos os Exilados em risco.

Em risco que resultou em morte.

Na morte de Alya.

Desde que voltara de Edenyn Erd e da batalha contra Luther, Selene se pegava pensando nela sempre quando olhava para Kaine, para seu braço inexistente, no que aquela ida ao palácio dos Governantes havia resultado. Ela estivera mergulhada nas profundezas da própria raiva contra Luther e não parara para pensar na causa daquele ataque.

Uma parte de Selene havia honrado a morte de Alya. De todos aqueles que haviam lutado e morrido sobre as espadas e flechas do exército dos Governantes.

Mas, ainda assim... uma outra parte se perguntava de um outro desfecho se Selene não tivesse pisado os pés no Santuário do Oráculo.

Não, ela se repreendeu, o coração acelerando. Sempre vai haver outros caminhos, outros finais, mas eles levariam à vitória de Luther. A história seria reescrita e eu não seria Selene Midnight.

Eu seria Celenia.

― Você amava esse lugar.

Selene virou o rosto de supetão para Jack sentado ao seu lado, a van balançando levemente como se eles estivessem sobre o mar. Havia muito tempo que eles saíram da Academia para irem ao leste da cidade, em Rediu, e haviam sido separados por times; o segundo sendo liderado por Mahin. Não havia Liz e nem Will com ela – o rapaz havia chegado atrasado para a viagem, e o rosto dele estava muito cansado antes de vê-lo entrar na outra van e partirem para Gheorghieni, à noroeste de Rediu.

― Amava...? – Selene piscou lentamente.

― A terra de Kaine. – Jack apontou para o papel rabiscado com as sobrancelhas grossas pretas. – Os Exilados, certo?

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora