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Kaine sentiu o rugido da criatura nos ouvidos como a memória de um grito de dor, ira e ruptura há muito tempo rugida por ele mesmo. A mesma cadência desesperada e raivosa, como se fosse capaz de atravessar e alcançar a benevolência dos céus celestes e irromper na depravação e fogo de terras infernais.

Seus olhos arderam quando seu olhar cruzou com o da criatura gigantesca – íris lilases, o globo ocular mergulhado em escuridão do que outrora havia ali uma alma com bravura para encarar as mais terríveis bestas.

Tiros ressoaram contra o monstro; Exorcistas que já estavam ali e não foram atingidos pela explosão de cimento e metal atiravam avidamente, os lábios balbuciando em orações – não havia dúvida nenhuma que aquela criatura era um demônio.

Ou consumido pelo sangue pútrido de um.

― Se separem – Kaine levou a mão ao cabo da katana na cintura, os olhos correndo pelo local; o monstro destruiria boa parte do castelo se continuasse ali. – Jack, proteja os outros deste lado contra os ataques de energia. Maze, venha comigo para o ataque detrás dessa criatura.

O rapaz assentiu uma única vez com a cabeça, empunhando as adagas que lhe dera de presente muito antes, e correram em direção à besta. Ela vociferou um outro grito, grave e gutural, fazendo os lustres que pendiam do teto alto despencarem e estourarem em luz ao encontrarem o chão. Chamas e ventania espiralaram na criatura; glaives estendiam seus braços levantando poder quando o animal abriu a boca mais uma vez, reunindo uma esfera de energia purpura e preta, lançando-a como um raio luminoso pelo corredor, destruindo tudo o que havia pela frente.

Kaine arregalou os olhos, a pele eriçando e formigando quando as chamas lilases levantaram pelo rastro do ataque e se cristalizaram, disparando pontas afiadas como espinhos mortais, gritos de dor que se dissipavam com a morte certeira dos que batalhavam.

Kaine ergueu a cabeça para olhar a criatura que se agigantava diante de si, icor preto pingando de seus dentes irregulares. Seu coração pesou dentro de si quando se deu conta do que aquele animal era – na pelagem cinza-escura, serpenteando seu corpo magnifico e mortífero, havia as linhas Shōseki que brilhavam opacas em lilás-claro, desvanecendo de sua alma já corrompida.

Aquele monstro era um kitsune em sua forma original.

Uma pata se ergueu rapidamente, Kaine avistando os movimentos rápidos de Maze ao arremessar uma adaga que atravessou no centro do membro da raposa, sangue escuro jorrando pelo chão destruído. O rapaz foi rápido quando a criatura se voltou para ele e tentou golpeá-lo com as garras que despontavam como espadas longas e fatais, Maze deslizando pelo chão com rapidez e destreza de um dançarino, sacando a pistola com tanta velocidade que Kaine apenas acompanhou os tiros sendo disparados contra cada dedo daquela pata, estourando em carne e sangue até o membro se tornar algo irreconhecível.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora