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Melanie abriu a lata de lixo, jogando o par de luvas azuis sujas de sangue lá dentro, o som da tampa se fechando ecoando pela enfermaria.

Ela respirou fundo, os ombros pulsando com a exaustão de ter forçado demais os braços para carregar mais macas depois de terem voltado daquela vila. Ela precisou ficar sentada por uma hora quando retiraram a última pessoa da ambulância – Arthel não queria que ela fosse até o limite se o objetivo de Melanie fosse ajuda-los com tantos feridos.

Melanie não protestou; não tinha forças para isso, então simplesmente sentou num banquinho de plástico que encontrara em um canto no fim da ala e ali ficou. Observou a ida e vinda de macas, dos passos apressados dos médicos e enfermeiros, de cortinas cobrindo um espaço de glaives e Exorcistas feridos se recuperando. Ela não ouvira gritos e nem gemidos de dor e, depois de algumas horas, houve a calmaria – como se os demônios e monstros lá fora tivessem dado uma trégua.

Não chegaram mais macas, nem luzes vermelhas e azuis piscando na entrada.

Melanie olhou para o lado, onde uma Exorcista dormia tranquila. Seus olhos acompanharam o tubinho com um fio vermelho que ligava à agulha fincada em sua pele e subiu até a bolsa de sangue já pela metade. Não tinha visto aqueles dois vampiros aparecerem na entrada também. Melanie procurou pelos dois durante o caminho de volta à Academia, mas eles jamais apareceram de novo. Não questionara sobre aquilo com Iyar e Arthel; estavam ocupados demais cuidados dos feridos da ambulância, e a curiosidade só atrapalharia quando aqueles dois estavam lutando contra os demônios ao lado de Exorcistas e glaives.

Aquilo não fazia o menor sentido.

― Vá tomar um banho.

Melanie se virou, pega pelo olhar cansado de Iyar secando a testa com um pedaço de pano, o uniforme de enfermeiro manchada de sangue seco.

― Você parece mais sujo do que eu. – ela abriu um sorriso.

Eu vou tomar um banho. – Iyar ergueu as sobrancelhas grossas, se aproximando dela para abrir a lata de lixo. – Sinto que essa roupa vai se fundir com a minha pele. – ele a fitou. – Você se esforçou demais hoje. Vá descansar.

Melanie assentiu devagar, se lembrando do rosto surpreso dele ao ver aqueles dois vampiros carregando pessoas e as colocando dentro da van. Ou ele estava assustado com a presença deles e ainda não estava acostumado, ou era a primeira vez que via um.

A segunda opção era a menos improvável, depois de ver tantos demônios por aí.

― Hum, Iyar – ela começou a se afastar da cama da Exorcista, falando mais baixo. – Aqueles dois vampiros de mais cedo...

O enfermeiro fechou os olhos por um momento, o peito subindo e descendo.

― Não me diga que quer ir atrás deles.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora