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Selene somente conseguiu olhar para trás quando as casas e prédios baixos se desintegraram com os raios cortando tudo ao som do silêncio, sangue jorrando para todos os lados ao avistar os fiéis sendo decapitados.

A cabeça dela tombou no ombro do pai ao não resistir à dor.

Asmodeus já não estava mais lá.

E em meio ao rastro de destruição que deixara para trás, a estátua com o rosto de Selene permanecera intacta.

Escuridão demais envolve a luz, e jamais poderá ser desfeita.

Selene fechou os olhos, os repuxões e fincadas de facas na perna inerte enquanto seu pai corria para fora da vila. Os sussurros daquelas pessoas, todas elas – estavam grudadas à sua pele como sangue seco, como tinta permanente que se espalhava pelo corpo.

Traz ela de volta.

Por favor.

Por favor.

A ausência das lamúrias era um cômodo vazio e escuro. Jamais voltariam a sussurrar em seu ouvido.

Todos estavam mortos agora.

― Anjos, ela está pálida demais. – Selene ouviu a voz de Kaine. O vento gelado envolvia sua perna exposta como um manto sedativo, adormecendo a carne.

― Jack, assuma a direção da van – disse Jorah, a voz urgente. Ela sentiu o ar fechando ao redor dela, o som de portas sendo abertas. Sua visão estava parcialmente borrada; seu pai a deixou sobre o banco, colocando as mechas dos cabelos para trás. – Eu cuido dela.

Selene viu o rosto de Jack se aproximar do seu para dar-lhe um beijo sobre sua testa molhada, e logo se afastou, alguma porta abrindo e fechando.

Sua voz era como pedra resvalando em pedra ao abrir a boca.

― Temos que encontrar Asmodeus. – ela franziu a testa enquanto piscava para focar a visão, assistindo Jorah abrir uma maleta de enfermagem. – Não podemos deixa-lo livre depois do que...

Selene mordeu a mão quando alguma coisa liquida escorreu pela perna, a dor pulsando sobre seu corpo como se os órgãos estivessem sendo arrancados. Ela olhou para baixo, a respiração vacilando; a calça do uniforme havia sido rasgada, revelando o ferimento brutal de Asmodeus. Não era um corte; era quase como se tivesse faltando pele, musculo e carne demais. As mãos de Jorah estavam limpando o sangue com algo cheirando a álcool, e Selene conteve a vontade de chutá-lo.

Seus dedos eram rápidos; ela viu uma seringa e um frasco de liquido prateado que logo foram injetados em sua perna. Selene ainda se lembrava do estrago inicial do ataque de Asmodeus; a espada dele havia alcançado o osso, e mesmo agora, pele já havia acobertado grande parte dele.

― Não podemos enfrenta-lo com você desse jeito, ninfa – disse Kaine ao seu lado, a van sacudindo enquanto prosseguiam para qual caminho fosse. – Aquele demônio pode estar vulnerável depois de ter dois membros decepados, então teve sua capacidade de combate reduzida. – Ele olhou para Jack que conduzia sem dizer nada. − Mas não vai contar cem por cento em sua defesa que é aquela segunda cabeça de touro.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora