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O solo era irregular; a van sacudia em todo buraco e elevação que passava, fazendo o estômago de Selene começar a reclamar de uma possível ânsia.

E era escuro ali dentro. Parcialmente escuro – apenas uma lâmpada amarelada mantinha o lado de dentro mais claro, como se a noite já tivesse acobertado os céus. Contudo, Selene se lembrava do fantasma de Jytte no alto antes de saírem, abraçada pelo final da tarde que ainda era claro, anunciando a chegada de nuvens pinceladas de laranja e rosa.

Mal iluminado, mas nada silencioso; a equipe de Exploração tinha sete pessoas, sendo que quatro delas conseguiam se manter em silêncio, enquanto outras duas eram tagarelas. Danika era a quem mais falava; gostava de compartilhar suas experiências como viajante, de Veneza à Turquia, fazendo com que a segunda tagarela – não por escolha, mas porque às vezes queria elevar um pouquinho mais do ego – era Anya, com gesticulações e o modo de revirar os olhos que lembravam tanto Lana.

Selene suspirou, erguendo as sobrancelhas para Liz do outro lado do veículo, sentada ao lado daquelas duas, como se fosse castigo o suficiente; já não bastava terem deixado Lana em Roma, agora tinha uma que era semelhante a um clone se não fosse o cabelo castanho longo decorado por uma tiara de seda estampado como um arco na cabeça, destoando do uniforme sombrio, as sobrancelhas mais arrogantes e os brincos perolados que faziam com que ela fosse de uma década diferente.

Como resposta, Liz comprimiu os lábios, olhando para o lado. O restante do grupo era relativamente mais quieto; Jorah conversava em timbres mais baixos com Elena, uma garota alguns centímetros mais alta que Liz, de um sorriso vaidoso e postura relaxada e seu pai – Jack estava tão curioso sobre tudo −, Will vagava os olhos enquanto a ponta do pé se distraía com o de Liz. Já Emil e Jereni, ambos irmãos, não disseram mais nenhuma palavra depois que cumprimentaram os recém-chegados à equipe. Embora quietos, seus silêncios eram distintos; Emil tinha um jeito mais tímido, como Liz, os olhos escuros como turmalinas observavam, enquanto a irmã mais velha tinha uma expressão mal-humorada, repelindo qualquer intenção de aproximação – e se aquilo não remetesse a Sebastian, quase como um clone...

Selene deu uma risada silenciosa. Aquilo já estava virando um hábito bobo, relacionar todos com clones de pessoas conhecidas da Ager. Era divertido ao chegarem na Academia romana; ela, Melanie, Ethan e Agatha jogavam quem parecia com quem, e até mesmo comparavam a si próprios com outras pessoas. Fingiam beber Campari no almoço de quinze minutos quando na verdade estavam bebendo água aromatizada, jogando como se estivessem na mesa de uma varanda com os canais abaixo refletindo o céu azul de Veneza.

Quando Selene contou aquilo ao seu pai, ele riu dizendo:

― Nosso sonho não é mais americano; é italiano cheio de gelato e Campari num barco ao som de Vivaldi.

Era mais uma memória distante, mais um conto que eles fantasiavam em ter. Selene olhou para a pequena janela fechada e blindada da van, sem vista do mundo lá fora. Ali a fantasia tinha mudado de tom, da atmosfera sombria e mágica, como um folclore contado enquanto caminhava segurando lanternas numa floresta antiga.

Elementais das Trevas - Falsos Deuses #4Onde histórias criam vida. Descubra agora