Estávamos os três atrás do carro tentando formular uma ideia de como sair dali sem morrer. Nossa chance de sucesso diminuía a cada segundo que passava, e se esgotasse teríamos que enfrentar o grupo de bandidos.
- Sabe usar uma arma? - Thomas perguntou para nós dois.
A garota balançou a cabeça negativamente enquanto eu tinha uma certa ideia de como funcionava. Eu iria descobrir logo se eu sabia ou não atirar.
- Aqueles filhos da puta! Mataram o James e o Javier. - estávamos nós três ouvindo um dos bandidos falar.
Ouvimos passos, eles estavam bem próximos, era melhor pegar eles de surpresa que deixar eles descobrirem nossa posição sem fazer nada. Thomas e eu apontamos as armas para o grupo e atiramos, o tiro de Thomas conseguiu derrubar um deles, eu não tive a mesma sorte.
- Eles estão ali atrás do carro!
Após a fala, alguns tiros pegavam na lataria do carro. O confronto havia começado. Thomas puxou o ferrolho do seu rifle para trás e em seguida para frente, a arma estava pronta para um novo disparo. Eu fiz o mesmo, repetindo os mesmos movimentos. Thomas se levantou da cobertura, deu um outro tiro e se abaixou novamente. Ele havia acertado mais um no braço.
Na minha vez, eu levantei e tentei mirar a arma, mas eles já estavam na espera que eu aparecesse. Um tiro passou do lado do meu rosto, ainda senti aquele vento cortando minha bochecha. Eu me abaixei novamente e fiquei paralisado, pois senti que a morte havia me dado um beijo no rosto. Há pouco tempo atrás eu não estava com medo da ceifadora... até eu sentir ela me carregar.
- O que você está fazendo parado? Me ajuda aqui porra!
Eu ouvi a voz próxima a mim, eu estava ouvindo o murmuro da morte em meu ouvido e não consegui nem indentificar quem havia falado. Respirando ofegante, aos poucos eu voltava a realidade.
Começamos a ouvir vários gritos e sons estranhos, aquilo parou o tiroteio por um curto período de tempo até começarmos a ouvir de novo, dessa vez não era na nossa direção.
- Droga, um grupo de zumbis. - Thomas disse enquanto se levantava com cautela para não levar tiro. - Estão atacando eles, é nossa chance.
Eu já havia me recuperado do tiro que eu quase levei e decidi verificar com meus próprios olhos. O tiroteio chamou atenção daquelas coisas, pude ver nove bandidos atirando em vários zumbis, era hora de sair dali. Não só atrás dos bandidos estavam os zumbis, alguns começaram a vir para cima de nós. Existiam dois tipos de zumbis naquele momento: um deles era mais lerdo, caminhava apressadamente porém era fácil de fugir deste. Ele se parecia muito com uma pessoa ressacada, ou aqueles estudantes de faculdade que além dos estudos ainda tinham que trabalhar até o fim do dia.
O outro tipo... eu já havia visto antes.
Um zumbi surgiu por cima do carro e se arremessou na garota, Thomas, que estava segurando a mão dela, nem viu o momento. Quando ele percebeu que ela não estava mais segurando sua mão, a garota já estava no chão sendo mordida em várias partes do corpo por aquele monstro.. era desesperador ver a garota gritar enquanto pedaços da sua carne eram arrancadas pelos dentes daquela coisa. Eu atirei na cabeça do zumbi que caiu no chão ao lado da garota. Senti um mal estar enorme ao ver o estado da moça que, pouco tempo atrás, estava viva.
Aquele era o mesmo tipo de zumbi que havia me atacado quando cheguei naquela cidade. Ele não é lerdo como aqueles que eu citei anteriormente. Esse.. esse faz o possível para pegar sua vítima e ele tem toda a capacidade física de uma pessoa viva.
- A gente tem que sair daqui.
Thomas disse me puxando pelo ombro e nós entramos pela floresta correndo. Alguns minutos de correria e o tiroteio havia terminado, não foi difícil descobrir que a vitória havia sido dos bandidos, pois o foco dos tiros novamente era Thomas e eu.
Após um tempo correndo, entramos em um campo aberto, sem mais árvores ao redor. Percebemos uma casa ali próximo.
- Vamos para aquela casa, aqui em campo aberto somos alvos fáceis. - Disse Thomas
Corremos até lá, porém a poucos metros da casa, Thomas levou um tiro no estômago que o fez cair no chão. Ele logo se levantou e correu junto a mim para dentro daquele lugar.
- Eu.. tô perdendo muito sangue..
- Droga.. - olhei pela janela e vi seis deles se aproximando, provavelmente os outros três haviam sido mortos por zumbis.
- ... Christopher - Gemeu Thomas
Ao olhar para Thomas no chão me deparei com um cara apontando uma arma na minha direção. Ainda havia um morador naquela casa no meio do nada.
- Senhor, tem várias pessoas tentando nos matar... eles.. eles nos sequestraram e tinham planos de vender. Tráfico humano...
- O problema não é meu. Saia da minha casa.
A janela ao meu lado foi quebrada com tiros, o senhor se aproximou da mesma janela e viu os homens do lado de fora.
- Filhos da puta! - Disse ele atirando.
Eu não perdi tempo e o ajudei nos disparos, eles estavam em campo aberto enquanto nós tínhamos as paredes da casa para nos proteger. Eram alvos fáceis. Eu ainda consegui derrubar um enquanto o dono daquela casa derrubou outros quatro um por um. Ele era um excelente atirador.
Ao ver que estavam morrendo um de cada vez, os outros dois fugiram. Eu nem me preocupei em matar os restantes, Thomas estava perdendo muito sangue e eu virei para ver a situação dele.
Ele mal conseguia falar, estava suando enquanto no chão já havia uma boa quantidade do seu sangue. Eu não sabia o que fazer e o dono da casa apenas observava o jovem perder a consciência aos poucos. Thomas acabou morrendo..
- Leva o corpo do seu amigo para fora da minha casa. - O dono da casa disse sem expressar nada.
- Uma pessoa acabou de morrer e você age desse jeito..?
- Eu matei quatro pessoas que tentaram invadir a minha casa, você vai ser a quinta se não calar a boca e meter o pé daqui.
Eu arrastei o corpo de Thomas para fora da casa. Um tanto distante dali, eu comecei a cavar usando uma pá da própria casa que estava do lado de fora. Eu iria enterrar o corpo. Passei boa parte da madrugada cavando até uma profundidade boa e coloquei Thomas ali e, em seguida, joguei terra por cima de seu corpo......
Eu vi aquela loira sorrir, eu estava novamente em um local vazio todo branco cheio de rosas vermelhas ao meu redor e, na minha frente, aquela mesma garota loira dos olhos azuis olhando para mim.
- Você... Quem é você? - Perguntei
Ela começou a rir enquanto me observava bem em minha frente. A pele dela de repente começou a se desfazer, aos poucos eu vi aquela garota virar pó e ser levada pelo vento até não existir mais. De repente, o cenário mudou, as rosas antes vermelhas agora estavam pretas; O local vazio todo branco agora dava espaço para um espaço todo escuro. Em minha frente então surgiu meu reflexo, eu me aproximei por curiosidade e, de repente, o meu reflexo se tornou um zumbi e pulou em mim, me jogando contra o chão e mordendo forte bem na região do meu pescoço.Eu acordei desesperado com as mãos no pescoço. Tudo aquilo havia sido um pesadelo terrível. Eu olhei para próximo de mim e lá estava o dono da casa sentado em um caixote de madeira me observando.
- Confortável dormir no mato?
- ... Não é a melhor experiência..
- Eu sempre venho para a frente da minha casa pela manhã tomar café. Não é todo dia que eu vejo alguém dormindo aqui. - o cara disse mostrando uma garrafa térmica. - Se quiser, tá aí.
Eu coloquei um pouco de café para mim e bebi aos poucos, ainda estava bastante quente. Percebi que ele estava com uma mochila e algumas armas nas costas.
- Vai para algum lugar?
- Aqui não é mais seguro. Vocês revelaram aonde eu moro e aqueles dois que fugiram ontem vão aparecer aqui de novo com uma tropa deles.
- Vai para onde?
- Rhodes. Pretendo trocar alguns materiais e de lá me isolo em outra casa longe de pessoas.
Thomas já havia falado sobre Rhodes, um acampamento de sobreviventes. Parece que eu não tinha outro rumo a não ser para lá.
- Eu posso ir com você para Rhodes?
- Não
Ele começou a caminhar rumo ao acampamento, porém parou alguns passos depois e ficou em silêncio por alguns segundos.
- Certo, vamos. - Ele suspirou - Só não faça eu me arrepender dessa escolha.
- Tudo bem. - Eu disse me levantando do chão e indo na direção dele.
Começamos a caminhar indo em direção ao acampamento de sobreviventes Rhodes. Eu não sabia a distância, nem em quanto tempo chegaríamos lá e nem se eu deveria confiar naquele cara, mas a vida não me dava melhores opções.
Eu precisava estar em um lugar onde pessoas não tentassem me matar.
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A Última Era: Além Da Catástrofe (I)
Action"O que teria acontecido com o mundo?" O caos agora domina a terra, mortos vivos andam por todas as cidades como um exército vindo transformar a vida de qualquer ser vivo em um inferno. Acompanhe a história de um sobrevivente que presenciou o início...