Capítulo 6.1 - Deslealdade

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   Atualmente, 22 de julho de 1987

   Christopher

   Em meio a toda aquela situação eu não conseguia ver um rumo positivo. De um lado estavam os guardas que haviam enforcado cinco pessoas, se eram inocentes ou culpados, eu não sabia dizer; do outro lado, estava a população que olhava a situação com ódio. Não aguentavam mais toda aquela injustiça, conseguia ver alguns deles passando a mão próximo da cintura, provavelmente se armando para um possível ataque dos guardas.
   Mais reforços dos guardas começaram a chegar, os que já estavam alí empunhavam suas armas observando aquela multidão, prontos para um possível tiroteio. No meio de todo conflito estava Amélia e eu, se rolasse alguma troca de tiro, éramos alvos fáceis.
   Eu não queria guerra, não estava pronto para morrer. Aquela guerra fria não estourava devido ao medo. Medo dos habitantes de acabarem sendo massacrados pelas armas mais avançadas e potentes dos guardas e o medo dos guardas vendo uma multidão bem mais perigosa que uma horda de zumbis.
   De repente, Evelyne, O'Connor, Eduardo e Carol apareceram em meio a multidão. O'Connor logo se meteu veio até mim.
   — O que está fazendo? Eu disse que não era pra arrumar confusão.
   — Não foi ele quem arrumou, Christopher não tem nada a ver com isso. — Disse Amélia.
   Um dos guardas se aproximou, ele conhecia O'Connor.
   — O'Connor, tira a tia do líder daqui, leva ela pra casa dela. Se acontecer alguma coisa com ela, o líder vai querer matar todo mundo que esteve aqui. A gente cuida da situação. Vai, vai!
   O guarda deu um pequeno empurrão em O'Connor e ele seguiu segurando o braço de Amélia.
   — Precisamos ir. Christopher, me ajuda a levar os outros para casa. Eu preciso tirar vocês desse acampamento imediatamente!
   — Certo! — Eu respondi correndo em direção aos irmãos. — Vamos embora, a coisa vai ficar séria.
   Os três concordaram. Eduardo colocou Carol em suas costas e saímos dalí o mais rápido possível. Eu não sabia ao certo o plano de O'Connor, mas confiava nele.
   Passamos os portões para o outro lado da cidade. Todos os guardas alí sabiam que uma confusão estava acontecendo e dava pra ver como muitos deles estavam com medo. Era sorte estar com Amélia, o que garantia nossa passagem para o outro lado.
   Todos ouvimos um som de disparo, seguido de vários outros tiros. Uma guerra havia começado.
   — Eu preciso urgentemente ir até Ryder, eu vou tirar nós todos daqui. Eu garanto! — Disse O'Connor. Ele virou para Amélia. — Por favor, toma conta de todo mundo.
   — Tudo bem. — Respondeu Amélia. — Só tome cuidado, O'Connor. Eu consigo cuidar de todos comigo.
   O'Connor balançou a cabeça concordando e logo acelerou sua moto saindo de nossa visão. Ryder aparentemente era nossa maior esperança.

   O'Connor

   Era uma corrida contra o tempo. Eu precisava encontrar Ryder o mais rápido possível. Só por esse conflito a vida de todos estava em perigo, se realmente acontecer um tiroteio, o líder vai caçar os três irmãos e Christopher com toda certeza. Ele não iria descansar até ver aqueles quatro pendurados por uma corda.
   Por pura sorte, eu o encontrei no meio do caminho em direção a casa dele. Ryder surgiu em seu carro, agora funcionando. Estava tudo pronto para partir.
   — O'Connor, eu estava realmente te procurando. — Disse Ryder saindo de seu carro.
   — Eu também, Ryder. Já pode levar a gente até outro acampamento?
   — Muita calma, amigão. Eu não tenho combustível o suficiente para chegar até o outro acampamento. Eu prometi ao mercador que se ele enchesse o tanque do meu carro, eu daria à ele uma das minhas pistolas. Estou indo buscar em casa. Vamos lá? De lá a gente pega todo mundo e vaza.
   — Certo, o quanto antes melhor.
   Seguimos então em direção a casa de Ryder. Ou melhor, a cabana em que ele ficava enquanto estava em Rhodes.
   Chegamos sem muita demora. Ryder saiu de seu carro e eu desci da moto, deixando ela próxima ao veículo do ruivo.
   — Pega, uma última dose em Rhodes antes da viagem. — Disse Ryder me oferecendo uma bebida alcoólica.
   Eu virei o copo assim que foi entregue em minha mão. A bebida era forte, senti rasgar a garganta.
   — Que porra de bebida era essa, Ryder? — Perguntei coçando a garganta.
   — O'Connor, O'Connor... está fraco para bebidas, camarada?
   Ryder virou sua dose sem fazer cara feia. Talvez ficar bastante tempo sem beber me fez ficar mais fraco para bebidas mesmo.
   — Vamos, eu só vou encontrar minha pistolas e já damos o fora daqui. — Disse Ryder entrando na cabana.
   Eu o segui.
   — Ouvi dizer sobre a guerra fria que estava acontecendo. Sabe da nova? — Disse Ryder.
   — O que? — Perguntei.
   — Começou a rolar um tiroteio exatamente no momento em que vocês saíram. Alexander já sabe sobre isso e tá culpando o seu grupo pelo que aconteceu. Ele sabe que a tia dele e seu amigo... Christopher.. estavam no meio.
   — Imagino que já saiba. — Disse sentindo minha visão girar por um curto instante. — ... Porra...
   — Sabe, ele está realmente louco com esses fatos. Ele vai atrás dos seus amigos. E ele vai fazer de tudo para ver eles mortos. Pagar qualquer coisa, inclusive.
   Comecei a sentir uma tontura e me apoiei na parede sentindo minha visão girar. O que diabos me fez ficar assim de repente.
   — O'Connor, eu achei a pistola. — Disse Ryder pegando sua arma embaixo do travesseiro que estava em cima do seu colchão.
   Eu fechei um pouco os olhos tentando fazer a visão parar de girar. Nesse momento só conseguia pensar naquela bebida que Ryder havia me dado. Mas por que ele faria algo assim?
   — O que tinha naquela bebida?
   — Algo que vai facilitar meu sucesso nessa missão.
   Ryder apontou a pistola em minha direção. Aquele desgraçado iria me matar.

A Última Era: Além Da Catástrofe (I)Onde histórias criam vida. Descubra agora