Capítulo 3.4

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   Levantei rapidamente ainda meio confuso com a situação. Meu corpo demorou um pouco para me responder.
   — Tem ideia para onde ela deve ter ido? — Perguntou O'Connor.
   — Nossa casa ficava nessa cidade.. tem alguns lugares onde ela pode ter ido, eu vou atrás. — Disse Eduardo.
   — Eu vou com você. — Disse O'Connor se aproximando junto a Eduardo da porta.
   — Eu vou junto. — Comentei seguindo os dois.
   — Evelyne, fique aqui caso ela volte. Também não quero colocar você em perigo. — Disse Eduardo.
   — Não.. eu tenho que ajudar vocês, não posso ficar aqui parada. Não quero perder mais uma pessoa na minha família.
   — Eu também não quero perder mais alguém da minha família, por isso to pedindo para você ficar aqui. Se ela chegar, nos aguarde aqui.. voltaremos antes do amanhecer. Se não acontecer, volta pra Rhodes.
   Evelyne discordou mas mesmo assim aceitou a ideia e assim nós três saímos do local afim de encontrar a pequena Carol.
   A cidade era mais assustadora a noite, não havia iluminação além da pouca luz que a lua proporcionava. O céu negro encobria as estrelas e a falta de visão deixava cada um de nós com uma insegurança inexplicável.
   Cada pequeno barulho na rua me causava um frio na espinha. Agora, a noite, os zumbis tinham uma visão melhor do que durante o dia. O'Connor seguiu na nossa frente, ele era mais experiente e não pareceu tão assustado quanto Eduardo e eu. Com seu rifle na mão ele liderava o caminho sempre de olho em seus arredores.
   — Grite bem alto, pode chamar atenção deles, mas não tem outro jeito. — Disse O'Connor.
   Um rifle não seria muito eficaz contra uma horda de zumbis, mas para nossa sorte, as cidade não apresentavam grandes grupos de zumbis. Um extermínio com bombas era evidente devido às grandes crateras no chão, às várias construções destruídas e carros capotados, o que eliminou grande parte deles.
   — Carol! — Eduardo gritou bem alto, o som ecoou pela cidade.
   Sem resposta, aquela região estava vazia.
   — A escola dela fica aqui próximo, melhor dar uma olhada primeiro.
   — Sim. — Disse O'Connor entregando um facão para Eduardo e me devolvendo o revólver. — Eu não tenho grandes armamentos, só posso ajudar com isso.
   Assim, seguimos rumo à antiga escola da Carol. Era próximo do local aonde estávamos e chegamos em uns quinze a vinte minutos. O portão estava arrombado e logo de cara já ouvimos grunhidos vindo de algumas das salas.
   — Carol! Você está aí? — Gritou novamente Eduardo.
   No mesmo momento ouvimos um som bem alto de algo se chocando contra a porta de uma das salas, seguido de grunhidos e sons estranhos.
   — É melhor verificar as salas para ver se ela não está em alguma delas. — Eu disse olhando para Eduardo. — Melhor se preparar para o que pode ver.
   — Eu vou.. — Disse O'Connor em frente a uma das portas. — Se preparem vocês dois, para qualquer ataque.
   Eduardo e eu concordamos com um balançar de cabeça. Então O'Connor abriu a porta e encontrou uma sala vazia, suja de sangue seco e com decorações infantis em todo o lugar. Sem zumbis e nem a garota.
   Próxima porta.
   O'Connor abriu e se deparou novamente com uma sala vazia. A próxima porta já tínhamos certeza que não estava vazia pois era uma das salas onde ouvíamos grunhidos e gritos.
   — Se preparem! — Disse O'Connor pouco antes de arrombar a porta com um chute e em seguida preparou seu rifle para um disparo.
   Da sala escura saiu um zumbi adulto que foi recebido com um tiro de O'Connor, caindo no chão antes que pudesse reagir. O tiro fez com que sua cabeça explodisse.
   Próxima porta.
   O'Connor a chutou e se armou para mais um disparo. Ao fundo, uma garotinha em pé no canto da sala batendo a cabeça contra a parede começou a virar sua cabeça lentamente em direção ao veterano.
   — Carol? É você?
   A garota grunhiu e após virar todo o seu rosto, O'Connor viu que a sua mandíbula não estava presente em sua face. Aquele olhar acinzentado sem nenhuma expressão focou nele e entao a garotinha ficou instantaneamente agressiva. O'Connor não teve reflexos rápidos como antes, na verdade, ele parecia estar paralisado com aquela cena.
   A garota se jogou nele o derrubando no chão e tentando morde-lo a todo custo. O'Connor se defendia das mordidas colocando o corpo do rifle diretamente na boca dela. Vendo essa cena, eu acertei um tiro na garotinha que caiu para o lado já imóvel.
   — Por que não atirou? Ela tava na sua mira. — Disse abaixando o revolver.
   — Não vai acontecer de novo, isso eu te garanto.
   Eduardo viu que a garotinha zumbificada tinha a idade próxima de sua irmã e aquilo o deixou mais impaciente. Ele pegou o revólver da minha mão.
   — Eu vou ajudar a verificar as salas. Precisamos ser rápidos.
   O'Connor ficou atendo ao ver Eduardo com revólver na mão, ele já mostrou confiança em mim com aquela arma, mas não em outra pessoa, ainda mais no estado em que ele aparentava estar. Mesmo assim, decidiu confiar.
   — Certo, só toma cuidado com suas ações. Está entrando em desespero, precisamos ter calma.
   Eduardo concordou e ambos se separaram abrindo uma porta atrás da outra. Algumas vazias, outras com zumbis, mas nenhum sinal de Carol. Eventualmente a chamávamos pelo nome porém sem respostas.
   — Ela não está aqui, talvez possa ter ido para casa. É um pouco longe, mas não consigo pensar em nenhum outro lugar. — Disse Eduardo.
   — Acho que é nosso próximo destino. — Disse.
   Caminhamos então em direção a casa onde antigamente moravam os três irmãos. Por vezes encontramos zumbis em meio a estrada, parados olhando para lugar nenhum, qualquer barulho poderia chamar a atenção daquelas coisas.
   Ao chegar próximo da casa, a quantidade de zumbis começou a aumentar. Dois zumbis nos viram passar e logo avançaram para cima de nós. O'Connor pegou sua arma pelo cano e derrubou um com um golpe, aquele homem era forte. Em seguida, enfiou o cano no pescoço do morto-vivo. O segundo eu finalizei com um tiro.
   — Vejam, aquela é minha casa. — Disse Eduardo apontando para uma unica casa onde podia ver luzes, provavelmente de uma fogueira. — Ela deve estar lá.
   Começamos a correr em direção à casa, nos deparando com alguns zumbis no caminho. Por sorte a maioria era lenta e não conseguia nos acompanhar, a não ser por um deles que pulava por cima dos carros capotados. Ele caiu por cima de Eduardo, fazendo O'Connor e eu parar de correr. O'Connor chutou o rosto do zumbi, este caiu para o lado e eu logo o finalizei com um tiro na cabeça.
   — Vamos, eles estão se aproximando. — Falei seguindo a corrida em direção a casa.
   O'Connor ajudou Eduardo a se levantar e seguimos até a casa. Chegamos abrindo a porta, entrando os três e a trancando imediatamente colocando um sofá em frente.
   Estávamos os três respirando ofegantemente quando Eduardo percebeu a lareira da casa com fogo aceso. Alguém estava ali.
   — Carol? — Gritou Eduardo.
   — Aqui...! — Respondeu uma voz vinda de outro cômodo da casa.
   Eduardo rapidamente correu até a direção da voz. Quando chegou na cozinha ele viu sua irmã sentada abraçando uma mulher de olhos acinzentados e corpo apodrecido, que olhava constantemente para Carol, sem atacá-la, ignorando a presença de Eduardo.
   — Mãe...? — Disse Eduardo incrédulo.

A Última Era: Além Da Catástrofe (I)Onde histórias criam vida. Descubra agora