Eduardo ficou paralisado vendo aquela cena. Sua mãe havia se transformado em um zumbi e Carol estava alí do seu lado. O'Connor e eu chegamos no cômodo logo em seguida.
— Carol.. sai de perto dela. — Disse O'Connor se aproximando cautelosamente.
Ao ver aquilo, eu me lembrei do meu amigo Brian, o zumbi pacífico que não me atacava por algum motivo. Aquele zumbi não ligava para nós três, apenas observava atenciosamente para a garotinha que a estava abraçando. Carol se negava a se afastar daquela coisa.
— Carol, isso não é certo. Você tem que vir com a gente. — Disse Eduardo mantendo uma certa distância.
— Não vou abandonar minha mãe, ela quer ficar aqui e eu vou ficar com ela.
— Ela não é mais a nossa mãe, Carol.
— Mas você disse que ela tava viva, e ela tá aqui.. viva.
— Carol, você sabe o que realmente aconteceu com a sua mãe, isso é só um estado de negação. Você não quer acreditar na realidade. — Falei meio que sem pensar.
— Mas por que... por que mentiram para mim que ela estava viva? — A garotinha começou a chorar.
— Eu sinto muito, eu não queria te deixar triste.. mas acabei deixando do mesmo jeito.. — Disse Eduardo. — Nossa irmã e eu estávamos preocupados em como você reagiria à essa situação.
A mulher zumbi nem reagia, continuava com seus olhos focados na garotinha.
— Eu sinto muita falta da mamãe e do papai.. — Disse a garotinha abraçando a mulher zumbificada.
— Lembra quando nossa mãe disse que pessoas boas vão para um lugar sem sofrimento e cheio de coisas boas?
A garotinha concordou, continuando a abraçar aquele ser.
— Pois então.. ela está lá olhando você e torcendo para o seu bem. Eu sei que vai deixar saudades, mas essa mulher não é mais a nossa mãe.
Eduardo se aproximou de Carol e estendeu a mão para ela. A garotinha então lentamente soltou o zumbi e segurou na mão do seu irmão.
Nesse momento aquela coisa tentou morder Eduardo. Ele, no susto, largou a mão da irmã e caiu para trás. Ela continuava sem atacar Carol, mas não podia dizer o mesmo sobre nós três. A zumbi rapidamente caminhou em nossa direção e O'Connor apontou o rifle para ela, mas evitou atirar pois aquilo provavelmente causaria um trauma na garotinha. Mesmo que já estivesse morta, a visão dela ainda seria sua mãe levando aquele tiro.
Ao invés disso, O'Connor derrubou uma estante de livros que havia naquela sala em cima do zumbi, deixando-a presa.
— Vamos, Carol. — Disse Eduardo estendendo a mão.
Carol pegou na mão de Eduardo e saímos daquele lugar deixando o zumbi, que antigamente era a mãe dos dois, alí presa.
Ao sair da casa, vimos o sol começar a nascer. Eduardo colocou Carol em suas costas, ela o abraçou ainda triste pela perda de sua mãe. O'Connor parecia aliviado em encontrar a garotinha e finalmente colocou seu rifle nas costas, a missão tinha acabado. Agora era só voltar para onde Evelyne estava e o dia acabaria bem.
Cerca de meia hora nós quatro chegamos e fomos surpreendidos com Evelyne abraçando seus dois irmãos, quase os derrubando no chão.
— Você me deixou muito preocupada, aonde você estava? — Perguntou Evelyne apertando as bochechas de Carol.
A garotinha não tinha animo nenhum de falar, inclusive, ela virou o rosto quando foi questionada. Eu já vi aquela mesma cena, O'Connor fez a mesma coisa quando perguntei sobre sua família.. Todos nós perdemos alguma coisa em meio a esse apocalipse, não tem como não perder.. infelizmente Carol passou pela mesma situação. Agora é dar todo o tempo e apoio à ela, fiquei feliz em ver que os dois irmãos a acolheram com todo o carinho, é o que ela mais precisava nesse momento — Família.
— Vocês precisam voltar para Rhodes com a gente — Disse O'Connor.
— A gente não volta para aquele lugar.
— Olha, eu sou uma pessoa importante lá, conheço pessoas que podem ajudar vocês. Se quiserem, eu consigo alguma viagem para vocês para outro acampamento apartir de Rhodes. Mas não podem ficar por aqui, é perigoso.
— Consegue? Tem certeza? — Questionou Evelyne.
— Eu não posso garantir, mas farei o possível. Até lá estarão protegidos por pessoas de minha confiança.
Eduardo e Evelyne olharam para Carol que estava sentada olhando para o balançar das próprias pernas pensativa. Era a melhor escolha a se fazer.
— Tudo bem. — Disse Eduardo. — Já mostraram que são de confiança.
Sem muita demora, partirmos em direção a Rhodes, foram duas horas inteiras a pé com alguns intervalos para descanso. Enfim, começamos a sentir um vento muito forte vindo da mesma direção do nosso destino.
Estávamos próximos do mar e, cercado por toda aquela água, estava Rhodes. O que eu achava que era apenas um pequeno acampamento de sobreviventes, era na verdade uma ilha de vários quilômetros rodeada por muros altos de madeira e no interior havia uma cidade com várias construções e provavelmente milhares ou dezenas de milhares de habitantes.
Havia uma ponte sobre a água do mar e, passando dela, a entrada para Rhodes: Um portão gigante e vários guardas armados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Última Era: Além Da Catástrofe (I)
Action"O que teria acontecido com o mundo?" O caos agora domina a terra, mortos vivos andam por todas as cidades como um exército vindo transformar a vida de qualquer ser vivo em um inferno. Acompanhe a história de um sobrevivente que presenciou o início...