Capítulo 4.2

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   — Eu tenho que ir — Disse O'Connor voltando a mesma sala onde estávamos nós quatro, acompanhado por Amélia.
   — Vai falar com o líder? — Perguntei
   — Sim. — Disse o veterano pegando sua mochila do sofá.
   — Eu vou com você.
   — Christopher, preciso que você fique aqui, é algo que eu tenho que resolver sozinho. Aliás, seu objetivo era vir para Rhodes, e você chegou.
   O'Connor colocou sua mochila nas costas, se despediu de nós, deixando o grupo nos cuidados de Amélia e partiu. Ele parecia estar tenso.

   O'Connor:

   A caminho da sala do líder, eu sabia que ajudar pessoas que eram contra a forma de pensar dos superiores era me colocar no mesmo perigo que eles. Mas eu sabia que algo grande estava para acontecer, algo que deixava o grande líder com medo: uma revolta do povo das periferias.
   Para explicar melhor como funcionava Rhodes, digamos que antigamente era um pequeno acampamento com poucas pessoas. Porém, à medida que o tempo passava, mais e mais pessoas começaram a entrar na grande ilha. Haviam um dono da ilha, este se tornou o líder e seu sobrenome dava nome ao clã que ele representava.
   Os amigos mais próximos, os familiares deles e os mais antigos moradores do acampamento receberam um lugar onde poderiam viver suas vidas, ou ao menos tentar simular uma vida sem as consequências do apocalipse. Enquanto que, o resto das pessoas e todas as que chegaram depois, foi lhes dada a parte que fica ao redor de toda a área em que moravam os privilegiados. Alí poderiam viver bem e construir suas vidas se não fosse por um porém...
   — Já podemos ir. — Eu disse ao guarda que me esperava do lado de fora.
   Para que elas se mantessem no acampamento, deviam participar de missões em busca de suprimentos, materiais e qualquer item que fosse requisitado. O centro ficava com oitenta por cento do resultado das missões, enquanto esse povo ficava com migalhas. Desde essa época o povo do centro já era chamado de nobres enquanto os de fora eram chamados de plebeus.
   Várias vezes em missões, pessoas da peble morriam, eram contaminadas pela radiação, mortos por zumbis ou por outros humanos. Tudo para garantir seu pouco e manter uma vida boa para outras pessoas, prezando assim, sua permanência naquele acampamento. Obviamente existiram grupos que não aceitaram, no início eram expulsos do acampamento, mas isso aumentava ainda mais a raiva daquele povo. Por isso, houve uma ideia por parte do líder.. e se as pessoas rebeldes, por um acaso, morressem em missões? O numero de mortes era bem alto nesses tipos de missões fora do acampamento.
   E se, no meio do grupo dessas missões, houvesse alguém que trabalhasse secretamente para os líderes afim de eliminar quem se opunha à regra?
   — O número de rebeldes aumentou bastante esse mês. O líder está paranoico com medo de uma invasão. — Disse o guarda caminhando ao meu lado.
   — Eu já sabia que isso iria acontecer um dia, era óbvio demais.
   — O líder Sokolovich sentiu bastante falta do assassino silencioso e duas caras que ele tinha ao seu comando.
   Não respondi a fala do guarda. Continuamos caminhando até chegar em uma mansão bem no centro. Era imensa e bem luxuosa, aquela era a moradia do líder e sua família: o clã Sokolovich.
   Fui recebido muito bem naquele lugar. dalí, o guarda me deixou e eu fui abordado por outros dois guardas mais bem uniformizados e com melhor armamento. Fizeram novamente o teste para verificar se eu estava infectado e, mais uma vez, negativo. Era proibido entrar armado no local, então além do teste do vírus, houve uma revista atrás de qualquer armamento em que eu pudesse estar portando. Eu não fui armado para o lugar, então não tive nenhum problema.
   — O líder Alexander já sabe da sua presença e esta ancioso em te ver O'Connor. — Disse um dos guardas.
   — Eu imagino. — Respondi seco.
   Saindo da mansão, estava David Richter, o Ryder. O mesmo que havia avisado aos irmãos sobre a morte de seus pais. Ryder era um mercenário andarilho que andava de acampamento em acampamento vendendo coisas bem valiosas e luxuosas que encontrava em suas viagens. Se achava o mais bonito entre os homens com aquele cabelo ruivo longo na altura do ombro e aquela cicatriz em seu rosto.
   Ele também era um antigo amigo.
   — O'Connor! Caraca nunca pensei que fosse ver você de novo por aqui. — Disse Ryder vindo ao meu encontro e me abraçando.
   — Digo o mesmo, pensei que nessa altura você já teria virado a marmita de algum zumbi. — Eu disse rindo.
   — Esses zumbis nunca vão matar o maior aventureiro que esse mundo já viu. Arrisco a dizer que sou um deus na terra.
   Dizendo bosta como sempre... aquele cara nunca mudava. Mas eu fiquei realmente feliz em rever Ryder novamente. Participamos de muitas missões em busca de suprimentos juntos e ele era minhas costas, alguém que eu podia confiar minha retaguarda.
   — E o que fazia por aqui, irmão? — Perguntei.
   — Apenas vendendo alguns objetos que eu achei, coisa de rico mesmo, vai combinar bastante com essa mansão. Tá indo visitar o líder?
   — Sim, tenho que pegar minhas recompensas. Logo vou voltar à vida tranquila no meio do nada.
   — Entendo. Bom, eu preciso ir agora. — Ryder bateu em meu ombro. — Se cuida amigo, vou passar uns dias por aqui, a gente pode tomar umas cervejas depois.
   — Claro, vai ser bom pra manter as conversas em dia.
   Ele acenou e em seguida foi embora. Eu entrei seguindo os guardas para me encontrar mais uma vez com Alexander Sokolovich, o líder de Rhodes. Em uma sala de estar sentado em um luxuoso sofá estava o sujeito. Ele tinha longos cabelos loiros presos por uma fita e olhos esverdeados, sua pele era tão branca que mal dava para acreditar que um dia aquele sujeito tinha visto a luz do sol.
   Parei diante dele com dois guardas logo atrás de mim. Ele então notou minha presença.
   — Olha só quem resolveu aparecer. — Disse Alexander olhando com um sorriso amigável para mim. — Tem frutas e alguns pães em cima da mesa logo alí, está com fome?
   — Obrigado por me oferecer, mas não estou com muita fome. Eu vim por outro motivo.
   — Quer mais serviços, não é? — Ele disse colocando vinho em uma taça e em seguida me oferecendo.
   — Não. — Peguei a taça de vinho. — Na verdade eu vim pelo meu pagamento.
   — Justo. — Ele disse colocando vinho em uma outra taça, desta vez para ele mesmo. — Eu ja consegui o veículo que você queria, quanto as armas, está livre para escolher quantas quiser levar no arsenal. Seus serviços valeram muito mais que isso O'Connor.
   — É só o que eu preciso.
   — Venha. — Alexander disse tomando um gole de sua taça de vinho. — Vou te mostrar o seu novo brinquedo.
   Saímos daquela mansão e fui seguindo Alexander junto a três guardas para um galpão bem próximo à luxosa residência. Alí, já pude ver de longe aquela maquina me esperando.
   — Que foda! — Disse animado ao ver a Harley-Davidson que estava alí no canto.
   — Ela é sua O'Connor. Eu sempre cumpro minhas promessas.
   Eu imediatamente já subi em cima e comecei a verificar cada detalhe daquele bebê. Era ouro! Ouro puro!
   — Se quiser mais recompensas como essa, saiba que estou procurando por alguém casca grossa para uns serviços. — Alexander chegou mais perto do meu ouvido esquerdo e sussurrou em seguida. — Alguém que consiga eliminar pessoas sem deixar vestígios, que não levante desconfiança das outras pessoas. Preciso de você, O'Connor.
   — Infelizmente eu não sou mais aquele cara.
   Alexander se afastou de mim.
   — Sem problemas. Quer ver suas armas agora?
   — Vim aqui para isso.
   Alexander ordenou que os guardas me acompanhassem para o outro lado do galpão onde havia uma porta fechada e bem protegida. Após a abertura desta, um arsenal enorme de armas estava na minha frente. Dava pra fazer uma guerra.
   — Escolha três armas e está liberado. — Disse Alexander antes de se retirar do lugar sem dizer mais nada.
   Eu escolhi imediatamente o fuzil de precisão Dragunov SVD. Ela me chamou muita atenção. Em seguida as outras duas armas que escolhi foram: Um fuzil de assalto AK-74 e um revólver Nagant M1895. Agora sim eu tinha o que precisava pra lidar com esse mundo maldito.

A Última Era: Além Da Catástrofe (I)Onde histórias criam vida. Descubra agora