O'Connor
Indo em direção a casa de Amélia, eu fui observando a população plebe invadindo a parte nobre de Rhodes enquanto rendiam alguns guardas. O povo, após meses vivendo em situação precária, agora fazia uma revolução no acampamento, e não iriam parar até chegar nos aposentos de Alexander. Eu não os julgava nem dava razão, apenas queria sair daquele acampamento.
A dor em meu ombro era constante, sentia uma agulhada intensa com a dor do tiro, mas não podia parar. Não agora.
Parei próximo a casa de Amélia jogando a moto no chão antes mesmo dela terminar de desacelerar e participei do tiroteio. Me posicionei atrás do muro da casa e comecei a atirar usando meu revólver em direção aos guardas. Eles começaram a se desesperar vendo que estavam recebendo tiros de dois lados. Mas quem era o outro atirador? Christopher?
Não consegui ver o rosto da pessoa que estava lutando contra os guardas, ele estava pegando cobertura atrás de um carro. Carro esse que me era familiar..
— Sarah...
Disse pulando o muro e pegando cobertura atrás da parede da casa de Amélia. Um dos guardas reconheceu minha presença.
— O'Connor, por que se voltou contra nós?
— Pro caralho com suas perguntas. Eu estava na sua lista de pessoas que deveriam morrer!
— Isso por você ter ido contra o líder.
Verifiquei a quantidade de balas no revólver. Quatro balas, era o suficiente.
Saí da cobertura investindo alguns tiros contra os guardas. No momento em que eles viraram para atirar em mim, Sarah aproveitou a chance para matar dois dos guardas. Eu retornei para a cobertura para recarregar.
— Christopher foi atingido! — Gritou Sarah.
— Christopher...
Eu pulei a janela do meu lado para entrar no interior da casa. Com o susto, Eduardo mirou a AK-74 em mim, porém me reconheceu antes que fizesse o disparo. O foco era Christopher, o mesmo estava no chão com as mãos na barriga rodeado por uma poça de sangue. Evelyne estava do lado enrolando o ferimento com um pano.
— Droga! — Disse correndo até ele.
— O'Connor... — Disse Christopher, sua boca escorria sangue.
— Porra, não achei que a situação iria virar essa merda.. — Olhei para Eduardo. — Preciso da arma, Sarah ainda está lá fora. Onde está Amélia?
— Levaram ela... — Disse Eduardo me entregando a AK-74.
— Vou acabar com esses filhos da puta!
Fui até a janela novamente e a pulei. A porta seria arriscado, então preferi voltar ao meu posicionamento antigo. Precisava ajudar Sarah e Amélia.
Armado maior poder de fogo, estava pronto para o tiroteio de verdade. Conhecia Sarah e sabia que ela não deixaria escapar uma oportunidade, eu deveria agir e deixar ela fazer o resto, mesmo que isso acabe custando minha vida.
Avancei de trás da casa para trás de um carro atirando no processo e recebendo alguns disparos em minha direção, por sorte, nenhum me acertou. Com a pequena movimentação, pude ver melhor a posição de todos eles. Estavam protegidos no centro da rua rodeado por carros, que faziam proteção para que não ficassem desprotegidos. Amélia poderia estar em algum desses carros, eu deveria ter cuidado.
Levantei do carro disparando contra um dos guardas, Sarah disparou contra um outro guarda. Quando pensaram que deveriam se preocupar apenas Sarah e eu, um dos guardas caiu no chão após um tiro da Dragunov SVD vindo de dentro da casa, provavelmente Eduardo também estava ajudando.
— Calma, calma! A gente se rende! — Disse o comandante da equipe dos guardas vendo que estavam cercados por três lados.
Os guardas levantaram os braços e jogaram suas armas para longe. Eu sai de trás do carro ainda armado vendo se todos os guardas alí estavam realmente com as mãos pra cima. Aparentemente estava seguro.
Sarah também saiu de trás do seu blindado portando sua Mauser C96. Ela correu imediatamente para dentro da casa. Por algum motivo sua maior preocupação era Christopher.
Me aproximei dos guardas que estavam de joelhos no chão com pavor do que eu faria com eles.
— Vocês podem ir, não tenho interesse em matar vocês. Só quero saber uma pequena informação. Aonde está Amélia?
— Nesse momento já deve estar com Alexander.. — Um dos guardas, um jovem, respondeu.
— Hm... — Pensei um pouco. Alexander não faria nada com quem era da sua família, mas me preocupava deixar ela alí em meio a uma revolução que logo chegaria na mansão do líder. — Vocês podem ir. — Disse aos guardas.
Eles se levantaram e saíram apressados olhando para mim, estavam com medo que eu atirassem neles enquanto corriam. Aquele não era o meu jeito de agir, não mais..
Fui em direção a casa de Amélia novamente reunir todo mundo para ir embora daquele acampamento. Sarah estava ao lado de Christopher, ele estava desacordado.
— Vocês se conhecem? — Perguntei me abaixando para ver a situação do rapaz. Evelyne fazia um ótimo trabalho cuidando dele, ele estava desmaiado, mas não corria risco de vida.
— Ele foi um amigo do passado. Sobrevivemos juntos a todo esse apocalipse. Na verdade, eu devo minha vida a ele... — Disse Sarah.
— Christopher era tão foda assim? Com esse tempo em que passamos juntos ele se mostrou bem franguinho.
— Sério? — Sarah não tirava os olhos de Christopher.
— Sim, na verdade ele não se lembra do seu passado. Ele não lembra nem aonde estava quando começou a desgraça. Se ele já está bem, vamos nos apressar para ir embora.
Todos concordaram.
Eu segurei Christopher nas costas para levá-lo até o veículo de Sarah. Porém na porta da casa, Alexander surgiu fazendo Amélia de refém. Ele parecia estar fora de si.
— Eu vou matar ela, eu vou matar todos vocês! Vocês são os culpados por tudo de ruim que vem acontecendo!
Todos ficaram assustados com a presença de Alexander. Ficamos parados no mesmo canto com receio que aquele louco puxasse o gatilho e ceifasse a vida de sua própria tia.
— Qualquer movimento e eu juro que eu mato ela! Vocês vão ficar aí até a chegada dos meus guardas! — Ele tirou a arma da cabeça de Amélia e apontou para todos nós. — Quero a cabeça de todos vocês penduradas em cercas como aviso de que não se pode mexer comigo!
Um grande tumulto começou a acontecer do lado de fora da casa. O tiroteio que antes estava concentrada nos portões entre o povo plebe e o povo nobre, agora estava tomando a região dos nobres.
Uma marcha de centena de pessoas furiosas passava pela cidade. Não havia resistência, os guardas haviam se rendido e agora o povo caminhava em direção ao seu objetivo: Alexander Sokolovich.
O líder paranoico fechou a porta e algumas janelas. Estávamos presos ali com aquele sujeito que, a todo momento, deixava o cano de sua arma beijar o rosto de Amélia. Embora tivesse sua vida em risco, a senhorinha se mantinha serena.
— Acabou, Sokolovich. — Disse respeitando a distância.
— Só acaba quando eu decidir que acabou! — Respondeu Alexander.
— Não tivemos nada a ver com isso. Você sabe muito bem. — Disse Evelyne.
— Calada, sua rata imunda! Ta vendo a situação lá fora? — Ele apontou a arma para a janela. — Isso é tudo cul...
No exato momento em que ele tirou a arma da cabeça de Amélia, eu atirei em sua mão e a arma foi jogada para longe.
— Larga ela! — Gritei.
Alexander largou Amélia e levantou as mãos. Ele havia se rendido.
— Acabou, toda essa merda acabou. — Abaixei a arma.
A era de Alexander iria acabar alí. Eu poderia ter matado aquele sujeito, mas eu só conseguia sentir pena.. pena de uma pessoa boa que acabou se tornando um tirano paranoico.
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A Última Era: Além Da Catástrofe (I)
Action"O que teria acontecido com o mundo?" O caos agora domina a terra, mortos vivos andam por todas as cidades como um exército vindo transformar a vida de qualquer ser vivo em um inferno. Acompanhe a história de um sobrevivente que presenciou o início...