Capítulo 29 - A Batalha Final (parte 2)

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Dentro do hidroavião, o silêncio reinou, quebrado apenas pelo barulho das hélices cortando os ares. Com a exceção de Reiner e Armin, todos estavam sentados nos bancos fixados na parede metálica.

Igualmente, todos tinham o mesmo pensamento e as mesmas emoções. Mikasa olhava para baixo, mas seu olhar não tinha foco, estava perdido. Seus pulmões de repente pareceram pesados e seus olhos ardiam. Ela queria chorar, chorar como nunca tinha chorado antes. Só que isso era cansativo, exigia suas forças e ela precisava poupa-las.

Era sua obrigação ser forte.

Suas mãos começaram a suar frio e suas íris acinzentadas miraram o anel prateado em sua mão. O pequeno ponto brilhante que ele emanava trouxe um pequeno calor ao seu coração e a sua alma. Pensar em Annie sempre era assim. Quando estava a uma beirada de colapsar completamente, o rosto dela, o sorriso dela, o amor dela lhe inundava a mente e a impedia de cair na completa escuridão.

Fechou sua mão, levou a joia até aos lábios e a beijou suavemente.

Esperava que tudo acabasse naquele dia e que não houvesse mais mortes. O caminho até ali havia sido cheio de sangue e de covas. Tantos mortos, tantas pessoas queridas que não existiam mais, que Mikasa não era mais capaz de contar e esperava nunca esquecer os seus nomes e os seus rostos. Devia isso a todos eles. 

Olhou ao seu redor, seus companheiros ainda pareciam estar absorvendo tudo o que tinha acontecido. Alguns pareciam nem mesmo querer absorver, pois era como se a realidade os atingisse ainda mais forte. Hange Zoe estava morta, mais uma comandante que se fora.

Armin se situava na área do piloto, de pé do lado de trás de Onyankopon, que dirigia a aeronave. Os olhos atentos do atual comandante miravam um pequeno triângulo verde no medidor de combustível.

— O nosso tanque. — pontuou ele.

— Sim, nós abastecemos até a metade. — disse o piloto, não tirando os olhos do caminho entre as nuvens. — Foi só o que conseguimos.

— Vai ser o suficiente para chegarmos até o Forte Salta? — Armin tentava ao máximo não transparecer todo o seu completo nervosismo através da sua voz.

— Eu prometo a você que chegaremos lá. — determinou Onyankopon, mais a si mesmo do que ao garoto atrás dele. — Esse hidroavião que a Hange nos deu era a última esperança da comandante. Eu vou nos levar até aquela base não importa o que. — então, pela primeira vez desde que tinha começado a pilotar, Onyankopon tirou sua atenção da frente e olhou para Armin. — Prometa que você vai parar o estrondo custe o que custar.

A língua de Armin travou por um momento. Entretanto, ele respirou fundo e respondeu o que devia responder.

— Sim. — ele pôs sua mão sobre o ombro do piloto e o apertou. — Contamos com você, Onyankopon.

E depois disso, Armin saiu da área da pilotagem e se dirigiu até os seus colegas cabisbaixos. A melancolia o atingiu como uma onda forte atinge um rochedo. Era impossível olhar para aqueles rostos tristes e não se lembrar da razão para aquilo. Armin não queria que tivesse chegado àquilo, queria ser inteligente o suficiente para ter conseguido arranjar um jeito de poupar a comandante Hange.

Ele ergueu a cabeça, que não percebeu que tinha abaixado, e limpou a garganta, atraindo assim a atenção de todos ali.

— Vamos discutir o nosso plano. Primeiro, precisamos saber a forma que o Eren possui.

— Bem, quando eu o vi, ele parecia uma grande pilha de ossos se movendo como um inseto. — relatou Pieck, em seguida, colocou uma mecha de seu cabelo escuro para trás. — Ele tinha grandes costelas de onde provinha ossos afiados como lâminas. Normalmente, o corpo que controla fica na nuca.

Memories [MIKANNIE]Onde histórias criam vida. Descubra agora