O resfriado não lhe pertubou por muito tempo, Mikasa tinha noção do quão saudável e resistente o seu corpo era para não se deixar vencer por aquela recaída, o que lhe rendeu apenas uma noite com Annie terminando de jantar cedo e dando uma desculpa esfarrapada para voltar ao dormitório e assim ficar mais tempo ao seu lado.
— Alguém veio te deixar algo pra comer? — questionou a loira ao fechar a porta atrás de si e se dirigir até a beliche e se sentar no colchão ao lado da garota.
— Sim, uma sopa como sempre. — respondeu revirando os olhos. — E também trouxeram um chá que é curativo segundo a moça que veio trazer, mas tem um gosto péssimo.
Annie olhou para a mesinha redonda ao lado da cama onde havia uma xícara braça de alumínio. Se inclinando um pouco, ela pegou o objeto e viu que o interior se encontrava cheio com um líquido morno verde escuro que a fez ficar com uma careta devido ao cheiro que não era lá dos melhores.
Mikasa deu uma suave risadinha com aquela expressão da namorada.
— Ruim ou não — a Leonhardt estendeu a xícara na frente da garota. —, você tem que tomar.
Foi a vez da Ackerman mostrar uma careta de nojo.
— Creio que me recupero melhor sem isso. — disse enquanto ajeitava o travesseiro contra a parede de madeira para assim deixar suas costas mais confortáveis ao ficar sentada. — Não estou tão mal a ponto de precisar desse negócio.
— Se vieram te dar isso é porquê precisa. — a loira bufou tão forte que sua franja balançou ao vento. Um sorriso ladino enfeitou seu rosto causando uma sensação de alerta na outra garota. — Se você não tomar, então vou ficar um dia sem te beijar.
— O QUE? — o tom de voz saiu mais alto do que pretendia graças ao espanto que foi ouvir o que fora dito por Annie, orava para que ninguém do lado de fora tivesse escutado. — Você não faria isso.
— Você não tá me deixando escolha, Ackerman. — ela estendeu a xícara para a garota uma última vez. — Bebe, por mim.
Mikasa se deu por vencida e, pegando o utensílio com as duas mãos, levou o chá até a boca engolindo tudo de uma vez em grandes goles para ver se assim sentia menos do gosto horrível da bebida.
Por pior que fosse aquilo, ficar sem os beijos apaixonantes de Annie lhe assustava mais que dez titãs de doze metros.
Quando acabou de beber tudo, largou a xícara na mesinha e fitou totalmente a loira que a observava com orgulho.
— Quero que me beije. — pediu, os olhos acizentados fixos na boca rosada e perfeita como se pudesse os atrair apenas com o olhar. — Eu mereço depois desse "sacrifício", não é?
Annie não elaborou uma palavra de imediato, apenas se aproximou mais da jovem Ackerman até estar a poucos centímetros de distância de seu rosto tanto que podiam sentir na pele a respiração quente uma da outra, as orbes safíricas da loira observavam agora a boca de Mikasa, cada curva tão bem feita com cuidado de qualquer que fosse o artista e a textura macia como as sedas caras usadas por grandes reis. Ela dedilhou aqueles lábios fazendo sua dona fechar os olhos e suspirar fundo, se deliciando com as inebriantes e enlouquentes sensações que o toque da Leonhardt lhe causava, a gema do polegar contornava cada linha lenta e suavemente como se redesenhasse a boca que com certeza era invejada por qualquer que fossem as divindades que representassem a beleza.
— É, merece. — e sem mais pronunciar uma sílaba que fosse, Annie substituiu o toque dos dedos por seus lábios e assim começou a saciar a vontade que pulsava no âmago dela e da Ackerman.
Mikasa abriu mais a boca cedendo passagem para que a língua morna da loira encontrasse a sua em um ato em que ambas queriam mais uma vez explorar uma da outra através do beijo.
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Memories [MIKANNIE]
Hayran KurguAnos atrás, durante os tempos de treinamento da 104° turma de cadetes, Mikasa e Annie acabaram desenvolvendo um sentimento que de início era desconhecido mas que ficou tudo claro depois de um tempo. Porém, com a revelação de quem Annie era a relaçã...