Ainda era começo da manhã quando Annie finalmente decidiu acordar. Ela abriu os seus olhos e sentou-se na cama, sem se preocupar com a sua nudez e abraçou a si própria.
Encostou o seu corpo na parede e ficou por alguns minutos observando a paisagem simplória através da janela redonda.
Ouvia o som das gaivotas. Deveriam estar a pouco tempo de distância de Odiha, certamente. Porém, sua mente se encontrava longe querendo reviver os momentos da noite anterior que ficaram tão marcados nela. Ainda podia sentir o toque de Mikasa, tanto os feitos com as mãos quanto os feitos pela boca, já que ela a tinha marcado de todas as maneiras possíveis e tinha a certeza de que não existia nenhuma parte do seu corpo que a Ackerman não tivesse explorado.
E ela fizera o mesmo com a sua amada. Entretanto, era doloroso perceber que aquele momento tinha acabado. O corpo de Mikasa era o que lhe dava calor e agora ela sentia frio como se a sua pele e nervos implorassem para voltar àquele estado eufórico da noite passada.
Não ficou por muito tempo ali sentada, não faria bem para si só ficar ali enclausurada a mercê das armadilhas de sua mente. Saiu da cama e catou as suas roupas largadas no chão. Se vestiu e deixou o aposento. Quando fechou a porta, recordou com mais afinco o que aconteceu ali, naquela cabine de número 139, e teve certeza de que aquele fora o melhor momento e a melhor noite de sua vida.
Subiu pelo lance de escadas até chegar ao convés superior. A maresia balançou seus cabelos tornando os fios loiros uma verdadeira bagunça que ela tentou amenizar colocando as mechas rebeldes de trás da orelha. O vento deixou um gosto salgado de mar nos seus lábios, o barulho do casco cortando as águas era calmante tal como o som das gaivotas.
Aquele momento transmitia tranquilidade e Annie não estava querendo ficar de pé, seu corpo ainda recuperava as energias e por causa disso ela sentou-se na lateral do navio bem perto da proa e com as costas apoiadas nas barras de ferro que não tinha um sinal de ferrugem.
Dobrou os joelhos, encolhendo as pernas e as abraçando. Passou bons minutos ali, sem falar nada, apenas deixando que a calmaria do mar e do ar a acolhesse. O que os outros estavam fazendo? Onde estaria Mikasa? Qual seria a situação atual do seu pai? Poderia ainda estar vivo? Eram muitas perguntas que começaram a latejar em sua cabeça ameaçando torna-la de novo um verdadeiro caos interno após tantas horas que passou em paz.
Aquele momento foi interrompido quando Annie ouviu passos e a pessoa responsável por eles apareceu naquele espaço. Era Armin, com um aspecto cansado percebível pelas olheiras, olhar opaco e corpo mais relaxado.
— Seus machucados estão melhores agora? — a voz dela cortou aquele silêncio e sobressaltou o assovio dos ventos e o canto do oceano.
Queria se distrair um pouco e notara as manchas de sangue na camisa de botões fazendo-a lembrar que ele tinha se ferido muito na batalha principalmente na região do rosto.
— Hã? Annie? — ele realmente ainda estava tentando se situar ou estava muito cansado, já que seu olhar confuso para ela demonstrava que ele tinha passado muito tempo dormindo. — Sim, já se passou tempo suficiente e mesmo assim não acredito que tenham demorado muito para regenerar.
Depois de dizer isso, calou-se, parecendo não saber mais o que dizer ou perguntar. Annie esticou o braço e pousou a palma virada para baixo no espaço vazio ao lado dela.
— Por que não se senta? — sugeriu ela.
Normalmente, não era uma grande admiradora de diálogos muito duradouros e mais raro ainda era chamar alguém para ficar ao lado dela. Devia estar realmente muito entediada.
Armin acabou aceitando e se sentou perto dela, adotando a mesma posição de joelhos dobrados para cimas e apoiou suas mãos neles.
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Memories [MIKANNIE]
FanficAnos atrás, durante os tempos de treinamento da 104° turma de cadetes, Mikasa e Annie acabaram desenvolvendo um sentimento que de início era desconhecido mas que ficou tudo claro depois de um tempo. Porém, com a revelação de quem Annie era a relaçã...