II

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No carro, permanecemos em silêncio

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No carro, permanecemos em silêncio. Enquanto Bitello dirigia, seu rosto estava fechado, o mesmo nao demonstrava nenhuma micro expressão, aquele comportamento estava me matando, resolvi quebrar o silêncio.

— posso colocar uma música? —eu disse já mexendo no rádio.

— se eu disser "não" você vai me obedecer?—bitello me olhou com as sobrancelhas arqueadas.

— obviamente não. —respondi rindo. — escuta só essa música... —conectei meu celular no radio e aumentei o volume.

— meu Deus, que música é essa? Você curte música de velho, Ferreira? —bitello riu.

— cala boca, essa é a melhor parte... vou traduzir pra você, porque você é burro, não vai entender...

— o que você disse??? —bitello desacelerou a velocidade do carro.

— Mas agora não há onde me esconder
Desde que você rejeitou o meu amor
Estou ficando louco
Desesperadamente devoto a você
Desesperadamente devoto a você
Desesperadamente devoto a você...— comecei a cantar, sem dar espaço para ele rebater.

— caramba, isso foi algum tipo de declaração???

— não fode —eu ri envergonhado.

— até que não é tão ruim... —ele disse com a atenção direcionada ao volante.

Voltamos para o silêncio constrangedor. Não demorou muito até chegarmos. Não imaginava que o João morava num lugar tão chique, ele com essa cara de pobre, nem parece... fomos pra garagem estacionar o carro, era bem escuro, mal enxergava algo. O Bitello me ajudou a sair do carro, colocou meu braço sobre suas costas e me levou até o elevador.

— muito obrigado. —eu disse ironicamente.

— meu dever é ajudar a dama. —ele disse rindo.

— Você não perde uma...

O elevador chegou e entramos. João morava no décimo sétimo andar, provavelmente tem uma vista linda de Porto Alegre. Chegamos em seu apartamento e por incrível que pareça estava tudo bem organizado, não acreditei, vindo de Bitello....

— caramba, isso aqui está mais arrumado do que eu esperava...

— cala boca Ferreira, vem, vamos pro meu quarto, te darei roupas pra você tomar um banho

— por acaso está insinuando que estou fedendo? —rebati indignado.

— sim, com certeza —ele riu e me puxou delicadamente até seu quarto.

João abriu seu humilde enorme closet, tirou um short mole e uma camisa regata e me entregou, continuei olhando pra ele esperando mais uma peça, mas ele não entendeu.

— o que? O que foi? Não tá bom pra você? —ele me perguntou com as mãos na cintura.

— não vai me dar uma cueca? —arqueei as sobrancelhas.

— para quê cueca? Você vai dormir, e você acha mesmo que que dividir minhas cuecas com você? —ele riu.

— Você tá me tirando a paciência, João Paulo de Souza Mares... —disse seu nome completo para passar uma ar de bravo, mas é impossível ficar bravo com esse garoto.

— vai logo tomar banho, vou pedir comida japonesa pra gente.

— humm, que delicia —lambi os lábios e Bitello olhou fixamente para meus lábios, fingi não ter visto e mudei de assunto. — Pede um vinho também.

— vinho, Ferreira? Será que você pode? Tu acabou de sair de um hospital...

— o que tem? Uma taça não faz mal. —dei as costas e fui para o banheiro, que já conhecia pois bitello havia me mostrado assim que chegamos.

Me olhei no espelho, eu estava acabado, mal me reconhecia, provavelmente precisarei de um tempo para voltar a treinar...
Tirei minhas roupas, entrei no Box, liguei o chuveiro e senti aquela água fervente escorrer em meu corpo, estava quase relaxando quando ouço batidas na porta.

— que foooooi? —gritei de dentro.

bitello disse algo que não consegui entender direito.

— o que? Nao entendi nada! —repeti.

Ele novamente falou, mas foi a mesma coisa que nada.

— abre a porta, fala aqui!—gritei.

Bitello abriu a porta delicadamente, olhando pra baixo ele perguntou:

— qual tipo de vinho você prefere?

Não respondi nada, achei engraçado a forma que ele estava tentando não olhar pra mim. Permaneci em silêncio, ele furioso perguntou de novo.

— FALA FERREIRA! —ele disse nervoso.

— calma João —comecei a rir. — pode ser aquele Branco de porto.

— tá ok. —ele saiu batendo a porta.

Esse garoto não roda bem da cabeça... dei risada e voltei ao meu banho. Demorei pouco menos de 15 minutos, vesti a roupa que João havia me dado, eu estava um gatinho pronto para dormir.
Fui para sala de estar, João estava sentado na mesa, mexendo no celular, uma música do the Weeknd tocava baixinho na televisão.

— eita, que isso hein... —cheguei de fininho.

— caramba! Que susto Ferreira! —João deu um pequeno pulo da cadeira.

— tá escondendo algo, João?

— não. E pra você é Bitello. —Bitello desligou o celular, levantou-se da cadeira e se jogou no sofá.

Me sentei ao lado dele, tomei o controle de suas mãos e procurei algo legal para ouvi, botei um pagodinho porque amo muito, bitello apenas riu e começou a prestar atenção na letra da música.

— "e se você me abraçar, eu vou fingir que tô sonhando... por um segundo acreditar que a gente tá namorando" —bitello cantou junto junto a música.

— Você gosta??? —perguntei rindo.

— do que? —ele perguntou meio aéreo.

— da música, lerdo!

— aaaaah, sim. Quem não gosta? —ele sorriu para mim.

Ficamos durante segundos nos encarando, dava pra sentir um brilho engraçado nos olhos de bitello, o jeito que ele me olhava. pera isso estava me deixando desconcertado...??? O interfone tocou.

— deve ser a comida! —saimos daquele transe de olhares.

— ah sim, provavelmente... —ele se levantou, atendeu o Interfone e confirmou pra mim, era a comida. Ele calçou seu chinelo e desceu para buscar, permaneci sentado, peguei o controle novamente para trocar de música, fui na barra de pesquisa e encontrei o meu nome lá. O QUE? MEU NOME????

 O QUE? MEU NOME????

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continua... rsrsrsrsrs

Eu quero arruinar nossa amizade Onde histórias criam vida. Descubra agora