Eu quero arruinar nossa amizade

XXI

Ferreira levantou os olhos do tablet, com uma expressão triste e jogou o dispositivo na mesa. Ele abaixou a cabeça, desanimado, enquanto Bitello se aproximava com preocupação estampada em seu rosto.

— O que houve, meu bem? Por que você mudou de cara assim do nada?

Ferreira suspirou e ergueu o olhar, encontrando o olhar preocupado de Bitello.
Carballo pegou o tablet e começou a ler rapidamente o que havia deixado Ferreira triste.

— Hmm, aqui diz que haverá uma coletiva de imprensa esta tarde para decidir o seu futuro no Grêmio, Bitello.

Bitello franziu a testa, sem entender completamente a situação.

— O quê? Decidir o meu futuro?? Isso tá relacionado ao escândalo? Eles querem me punir?

Carballo balançou a cabeça negativamente enquanto continuava a ler.

— Não, Bitello, parece que não tem relação com nada daquilo. Aparentemente, a diretoria tomou essa decisão por outros motivos. Eles acreditam que é o melhor para o clube e também para o seu desenvolvimento como jogador. É uma oportunidade para você brilhar em um novo ambiente.

Bitello expressou sua surpresa e frustração diante da situação.

— Eu não sabia de nada disso. Não entendo por que isso precisa acontecer exatamente agora. Estou confuso. O Grêmio é a minha casa, o lugar onde cresci.

— Por que isso está acontecendo? — murmurou Ferreira, sua voz embargada. — Por que agora, Bitello?

Bitello se aproximou rapidamente, preocupado com o estado emocional de Ferreira.

— Ferreira, eu... eu não sabia disso. Não entendo por que isso tem que acontecer justamente agora.

Ferreira não conseguiu conter suas emoções e perguntou com a voz trêmula:

— Você vai embora mesmo, Bitello? Você vai me deixar?

Bitello ficou sem palavras, incapaz de responder imediatamente. A angústia era visível em seus olhos.

Ferreira, com os olhos cheios de lágrimas, repetiu a pergunta em um tom mais fraco:

— Você vai embora...?

Bitello abriu a boca para falar, mas nenhuma palavra saiu. Ele olhou profundamente nos olhos de Ferreira, com uma expressão de dor.

Nesse momento, Carballo decidiu interromper aquele clima angustiante e disse com determinação:

— Isso é loucura! Preciso ligar para o Renato agora mesmo. Não é possível que ele não tenha nos avisado sobre isso. Vou descobrir o que está acontecendo.

Bitello agradeceu a intervenção de Carballo e disse com um tom de voz suave:

— Obrigado, Carballo. Preciso de um tempo com o Ferreira agora.

Com cuidado, Bitello ajudou Ferreira a se levantar e o guiou em direção ao quarto. Eles caminharam em silêncio, enquanto Ferreira soluçava e chorava.

No quarto, Bitello colocou Ferreira na cama, fechou as cortinas para criar um ambiente mais acolhedor e se deitou ao lado dele. Ele colocou a cabeça de Ferreira em seu peito, sentindo os soluços do parceiro enquanto acariciava seus cabelos suavemente.

— Está tudo bem, Ferreira. Vai ficar tudo bem. Nós vamos enfrentar isso juntos, como sempre fizemos. Eu estou aqui com você, meu amor.

Enquanto os soluços de Ferreira diminuíam gradualmente, Bitello permaneceu ao seu lado, abraçando-o com força, compartilhando um momento de vulnerabilidade e prometendo que estariam juntos, não importasse o que o futuro reservasse.

Ferreira enxugou as lágrimas e começou a falar com voz embargada:

— Eu não quero ser egoísta, João. Eu sei que você merece essa oportunidade de ir para a Europa, mas eu não quero ter que me despedir de você. Eu te amo muito, e a ideia de ficar longe de você é insuportável.

Bitello apertou Ferreira ainda mais em seus braços, acariciando suas costas com ternura.

— meu bem, você não está sendo egoísta. Eu também não tô acreditando nisso. Eu não quero deixar você, porque também te amo mais que tudo.

Ferreira ergueu o rosto, encontrando os olhos de Bitello, cheios de sinceridade e amor.

— eu não consigo mais imaginar minha vida sem você. Se você partir, vai doer tanto... Eu só quero estar com você, compartilhar cada momento, cada sorriso, cada lágrima.

Bitello acariciou o rosto de Ferreira com gentileza, deixando uma leve carícia em seus lábios trêmulos.

— Eu também não consigo imaginar minha vida sem você, Ferreira. Você é a minha luz.

Bitello e Ferreira se permitiram um momento de intimidade profunda. Suas lábios se encontraram suavemente, em um beijo repleto de esperança e desejo contido. Foi um gesto carregado de emoção, um beijo que expressava todo o amor e a tristeza que ambos sentiam.

Enquanto permaneciam deitados, Bitello sentia a dor em seu peito ao ouvir o choro abafado de Ferreira. Cada soluço era uma lança que penetrava em seu coração, desencadeando uma torrente de emoções dentro dele. Uma única lágrima escapou de seus olhos, trilhando um caminho solitário em sua face, enquanto imaginava a perspectiva de se afastar desse garoto especial.

Carballo adentrou o quarto silenciosamente, percebendo a intimidade do momento entre Bitello e Ferreira. Ele respeitou a cena que presenciava e entendeu que era melhor dar-lhes um pouco mais de privacidade.

Com um gesto de mão, Bitello indicou que não era o momento adequado para conversar. Carballo assentiu compreensivamente e saiu do quarto, deixando os dois jovens sozinhos mais uma vez. A porta se fechou suavemente, mergulhando o quarto na penumbra.

No silêncio do quarto, o ambiente se tornou um reflexo da incerteza que permeava suas mentes e corações.

É isso galera, dependendo do que acontecer aqui na vida real, vamos saber se o fim será triste ou feliz...

:(

eu realmente não estou pronta pra dar tchau ao nosso menino.