XIV

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No dia seguinte, Ferreira acordou com um nó no estômago e uma sensação de vazio que parecia ter se instalado em seu peito. Ele levantou da cama com dificuldade, sentindo cada movimento como se fosse um esforço sobre-humano.

Ao se olhar no espelho, viu o rosto inchado e vermelho das lágrimas que havia derramado. Ele suspirou, sabendo que não seria fácil encarar o dia que se iniciava. Mas, ao mesmo tempo, sentiu uma pontinha de esperança ao pensar que talvez pudesse começar a seguir em frente.

Ferreira chegou à arena cedo, tentando distrair a mente com os preparativos para o jogo. Mas, por mais que tentasse, não conseguia se livrar da sensação de vazio e tristeza que o acompanhava.

Renato, o técnico da equipe, percebeu o mal-estar de Ferreira e se aproximou dele com uma expressão preocupada.

— Ferreira, você está bem? Parece abatido.

Ferreira suspirou, sentindo a garganta apertar.

— Não, professor, não estou muito bem. Mas eu quero jogar, preciso disso para tentar esquecer um pouco as coisas.

Renato o olhou com compaixão.

— Sinto muito Ferreira. Mas eu não vou deixar você jogar hoje. Voce está pior que lixo... Não quero colocar em risco sua saúde física e mental.

Ferreira tentou protestar, mas Renato foi firme em sua decisão. Ele sabia que pela aparência de Ferreira, ele precisava de um tempo para se recuperar e lidar com suas emoções antes de voltar a jogar.

Ferreira se sentiu desapontado, mas também aliviado por não ter que lidar com a pressão e o estresse do jogo naquele momento. Ele agradeceu a Renato e decidiu que passaria o dia na arena, acompanhando o treino da equipe e tentando se distrair da dor que ainda o consumia.

Ferreira se sentou no banco, com a cabeça baixa, enquanto seus colegas de equipe treinavam. Ele ainda sentia a tristeza profunda que o consumiu na noite anterior e não tinha forças para se juntar aos outros.

Enquanto tomava um tereré para tentar se acalmar, viu Bitello chegar e passar direto por ele, sem ao menos olhá-lo. Ferreira sentiu uma pontada de dor no coração ao perceber que Bitello estava mesmo decidido a acabar com a relação dos dois.

Carballo percebeu que Ferreira estava sentado sozinho no banco, então se aproximou e se sentou ao lado dele.

— Que cara é essa, Ferreira? - perguntou Carballo, tomando o tereré das mãos de Ferreira. — Parece que o mundo acabou.

— Ontem eu terminei com o Bitello - respondeu Ferreira, evitando o olhar do amigo.

— O quê? - Carballo arregalou os olhos. — Como assim, vocês se chuparam a noite toda e agora vocês terminaram?

— Não, não fizemos isso...- respondeu Ferreira, irritado e envergonhado com a insinuação.
-— Nós..., quer dizer..., ele decidiu que era melhor acabar com isso antes que as coisas piorassem.

— Ah, entendi - disse Carballo, tomando mais um gole de tereré. — Mas por que você tá tão mal assim? Não era só um rolo?

— Era mais do que isso - respondeu Ferreira, suspirando. — Eu gostava dele, Carballo. E agora não sei o que faço...

Carballo percebeu a tristeza de Ferreira e tentou animá-lo de uma maneira que sabia muito bem: flertando.

— Olha, Ferreira, se você quiser, podemos tentar amenizar essa dor lá no vestiário —disse, dando um sorriso malicioso.

— Carballo???

— meu Deus! Eu tô brincando —carballo riu.

— sei bem essas suas brincadeiras... —Ferreira disse rindo. Por um momento ele se esqueceu de sua dor.

Eu quero arruinar nossa amizade Onde histórias criam vida. Descubra agora