As crendices e credos são repassados de geração a geração como um legado moral de culto ao impossível. Suas raízes se desabrocham, crescem e se reproduzem dentro da mente humana, feito fantasmas (que são). Elas se proliferam como inevitáveis frutos da eterna necessidade do "crer" humano. E, quanto mais o tempo passa, mais seus galhos e suas ramas se expandem dentro da sociedade.
Eis aqui um dos frutos desta arvore!
Meus pais – desde que eu era pequenino – já me falavam com toda a convicção e propriedade sobre os mistérios da humanidade. Discursavam-me sobre os espíritos, almas penadas, sobre os sonhos e, tudo mais o que pudesse "existir". Um mundo imagético de mistérios e infinitas possibilidade se recriava diante de mim e, eu chafurdava minha cabeça dentro das estranhas ilusões reconfortantes de um mundo desconhecido, que outrora estava prestes a ser desbravado. Eles me contavam com absoluta convicção de que, durante o pequeno segundo de agonia que separa a turbulência carnal do silêncio eterno, quando eu desse meu último suspiro, um filme transcorreria por sobre a fina retina de meus olhos e, toda a minha vida passaria diante de minha visão. Seria o filme da minha vida. Do meu nascimento até a minha morte. Rodando sem paradas, até que tudo se acabasse e eu, finalmente, estivesse pronto para partir.
Eu, (que era apenas uma criança tola) via essa e outras tantas histórias com um brilho puro e sonhador. Estes "misticismos" me encantavam e, me faziam ficar acordado a noite toda. Foram "eles" que me fizeram acreditar em almas penadas transitando dentre nós, e que (por alguma razão incompreensível) somente os animais são capazes de enxerga-los; que os espíritos são incapazes de sentir dor, felicidade, ou, tristeza. A eles (meus pais), lhes restou somente o consolo insipido da certeza de que a morte é um ser sem sentimentos, sem remorso, sem compaixão e, incapaz de cometer erros.
Haa, meus pais... agora eu consigo ver o quanto foram ingênuos. Apesar de tantas e tantas história, eles se esqueceram de me contar sobre o infame e ardiloso "ser" chamado de "DESTINO". E, não fosse este mero "detalhe" eu viveria sem ver a verdade. Mas, eu cresci, amadureci e, conheci este maldito lunático que não perdoa ninguém. Este ser doentio e manipulador a que muitos nomeiam como "DESTINO".
É bem verdade que eu detesto ter que discordar de quase tudo que me "ensinaram", ir contra a maioria destas crendices populares e todos os devaneios insanos dessa realidade infantil que me foi enraizada na alma, mas hoje (através destas páginas), eu recrio todos esses contos encarando o universo a minha volta sobre a perspectiva de minha adorada, Janet! E, para ELA, que conheceu os olhos da morte muito antes de morrer; que foi renegada pela vida e, incomodada em seu descanso eterno; ELA que foi amaldiçoada, manipulada e, cruelmente torturada pelo Destino; que amou e que dedicou sua quase vida em tentar salvar uma alma penada; que se sentiu e, que viveu como se estivesse morta; que teve de contar de sua própria boca a história de sua vida, mesmo depois de se desencarnar. Para Janet que conheceu toda a verdade que há por detrás das cortinas; A ela, "minha tão adorada e amada heroína", restou apenas a certeza de que nada na vida ou na morte pode ser escrito da maneira que desejamos. Não nos é concedido o direito de escolhas. Não há um livre-arbítrio! E, é por este mesmo motivo que começaremos diferente esta história, para melhor compreende-la daremos inicio justamente de onde tudo se acaba, iniciaremos em seu fim!
Boa leitura.
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Amor, meu doce amor. Um conto para a morte!
RomanceAs crendices e credos são repassados de geração a geração como um legado moral de culto ao impossível. Suas raízes se desabrocham, crescem e se reproduzem dentro da mente humana, feito fantasmas (que são). Elas se proliferam como inevitáveis frutos...