capítulo treze.

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Um toque gelado. Outro quente. Ouço vozes chamarem com doçura meu nome. Quero acordar, mas não consigo, e entro em pânico; um beijo é dado em minha testa, e por mais que eu não saiba de quem se trata, me acalmo. Me sinto seguro, e deixo o sono me vencer de novo, apagando.

🌷

Sunghoon se encosta na parede do corredor silencioso, e encolhe os ombros, permitindo-se chorar. Ver Jaeyun daquele jeito fazia o se sentir culpado; devia ter cuidado melhor dele, como prometeu, mas falhou tão miseravelmente, e o olhar culposo de Jongseong sobre si, e Heeseung, assim que chegaram no hospital, causou um embrulho ainda maior em seu estômago. Só queria seu pequeno de volta, acordado, bem, e em seus braços.

Já era 23:00 da noite, Jaey estava desacordado desde as 17:56. A mãe do Sim, depois de muito insistência, foi para casa tomar um banho, comer e descansar. O irmão mais novo dele apareceu ali mais cedo com um garoto alto. O Sim mais novo chorou sobre o corpo desacordado do irmão, sendo consolado pelo outro rapaz. Aquilo me partiu em mil pedacinhos. Quanto a Jongseong, ele foi quem trouxe o Sim para cá, ficou ao seu lado até receber uma ligação do pai e  precisar sair. Ele não ficou muito feliz em saber que eu e o Lee ficaríamos ali, em seu lugar, parecia estar com mágoa de nós.

Não trocou uma palavra sequer com a gente, saiu sem olhar em nossa cara, e a única coisa que disse antes de ir embora foi:

— Voltarei, e quando isto acontecer, não quero mais ve-los aqui.

Fechou a porta, e deixou eu e Lee confusos para trás. Ele nós culpava ou algo assim? Por que de repente se tornou tão rude conosco?

Me aproximei de Jaeyun, e toquei em sua mão com a minha gélida; Heeseung fez o mesmo, e eu mordi os lábios, contendo a vontade de chorar.

— Ele vai acordar, não vai?

Hee pousou o olhar sobre mim, e suspirou, voltando o olhar para o nosso garoto.

— Sim, ele vai.

Murmurou convicto, tentando me tranquilizar, ao mesmo tempo que fazia isso consigo mesmo. Jaeyun então começou a se remexer, inquieto, parecia estar tendo um pesadelo, e entramos em alerta.

— Hoon..Hee.. - chamou, ainda desacordado; sua voz saindo rouca pelo tempo sem uso.

Me aproximei e fiz um carinho com o dedão em sua bochecha, sorrindo em meios as lágrimas.

— Estamos aqui, amor. - beijo sua testa, e o vejo relaxar. — E estaremos aqui quando acordar.

Quando sai do quarto, foi para chorar. Heeseung finalmemte conseguiu dormir e eu não quis acorda-lo, mas precisava por para fora toda a minha tristeza e angústia.

Estava com os olhos fechados, e cabeça baixa, tentando não fazer muito barulho, quando senti braços me rodearem. Pude sentir o cheiro característico do shampoo de Hee, e, como se precisasse daquilo, afundei meu rosto na curva de seu pescoço, desatando a chorar ainda mais, sentindo sua mão iniciar um cafuné em meus fios, afim de me consolar.

— Estou aqui, príncipe. Tudo bem. - sussurrou doce, me apertando ainda mais em seu braços.

Ficamos assim por uns longos minutos, até eu me acalmar. Quando afastei meu rosto, e o encarei, vi um pequeno sorriso em seus lábios, e aquilo me trouxe alívio.

— Se sentindo melhor?

Questionou baixo, e eu assenti. Heeseung enxugou com a mão meu rosto molhado, e depositou um selar rápido em meus lábios, me fazendo sorrir involuntariamente.

— Ótimo.

Voltou a abraçar meu corpo, e o senti apertar minha cintura. Encostados na parede, ficamos grudados um pouco mais. O clima pareceu pesar menos, mas o medo e preocupação ainda estavam aqui, em ambos.

Quando decidimos, por fim, voltar para o nosso garoto no quarto, nós separamos e eu beijei seu lábios uma última vez. Ainda era um pouco estranho para mim os sentimentos por Hee, mas beija-lo era bom, e eu também gostava de si, então, apenas deixarei as coisas fluírem.

Juntos, adentramos o quarto, e quando meu olhar caiu sobre Jaeyun, vi que seus olhinhos estavam abertos, olhando envolta, confuso.

Coloquei a mão sobre a boca, e senti meus olhos encherem de lágrimas novamente. Não demorou muito para que ele nós notasse ali.

— Anjo..

Heeseung sussurrou, se aproximando. Jaeyun franziu o cenho, e nós analisou em silêncio.

Nada, nada mesmo, me preparou para aquela frase em seguida.

— Desculpa..mas eu os conheço? - sussurrou, tossindo logo em seguida. Heeseung, apesar de espantado como eu, encheu um copo de água, e o ajudou a beber. — Muito obrigado. - agradeceu e sorriu doce, quanto a mim, senti novamente aquele embrulho no estômago. Queria beijo-lo, pega-lo em meus braços, mas como se ele não havia me reconhecido?

— Não sabe mesmo quem somos nós? - soprei baixo, estático no lugar.

Jaeyun negou lentamente, e eu desviei o olhar, saindo sem dizer nada. Precisava de um ar.

— Me desculpa. - Jaey sussurrou assim que o Park saiu do quarto. abaixou a cabeça, e apesar de não se lembrar deles, se sentiu mal por isso. aqueles dois traziam sensações boas para si, fazia-o se sentir em casa, seguro. Não sabia explicar direito.

— Não se desculpe, anjo. - o rapaz que restou no quarto disse. — Tenho certeza que se lembrará de nós com o tempo. - aproximou a mão do meu rosto, e acariciou com o dedo minha bochecha. Não me afastei do toque íntimo, e ele sorriu largo por isso. — Irei chamar a médica, já volto.

Assenti devagar, e o vi sair rápido do quarto. Quando sozinho, suspirei alto, e encarei o teto.

Ver tristeza e decepção em ambos os olhares me causou um gosto ruim na boca. Me deixou agoniado, mal por eles. Apesar de não me lembrar de muita coisa, como fui parar ali, o porque, e quem são aqueles dois rapazes, algo em mim, em meu peito, se agitou só em lembrar de seus rostos.

— O que aconteceu, afinal?

Sussurrei comigo mesmo, fechando os olhos. Minha cabeça doía, e ela estava enfaixada. Meus braços estavam arranhados, e parecia que tentei fugir, ou lutar com alguém.

O que aconteceu comigo foi grave o suficiente para que eu me esquecesse de algumas coisas. Não me lembrar de como fui parar ali, me causava angústia.

Levei as mãos para meu rosto, e fechei meus olhos, desejando por alguns segundos que os dois garotos voltassem, ficar sozinho ali era assustador, e meu corpo estava estranhamente em alerta.

— Anjo, voltei. - ouvi aquela voz, familiar, e encarei a porta, vendo o mesmo rapaz de antes, com um mulher de jaleco branco logo atrás de si.

O garoto deu espaço para mulher, que com um pequeno sorriso se aproximou. Seus olhos felinos me analisavam com atenção, mas ela me trazia confiança. O garoto parou ao meu outro lado da cama, não tocou em mim, mas eu quis que tocasse, porque me fazia sentir seguro.

— Oi, Jake. Sou sua médica, me chamo Seulgi, Kang Seulgi. Como está se sentindo? - sua voz era doce, e seu sorriso também, mas seu sobrenome fez meu corpo travar, e minhas mãos se tornaram trêmulas.

Me lembrei. Cabelo ruivos, sorriso largo. A mensagem. Era ele. O banheiro. Ele em cima de mim, me tocando contra a minha vontade. Tremi, começando a respirar com força.

— Amor. - ouvi me chamar, mas não esbocei reação, estava em pânico com a lembrança. — Jaeyun! - senti mãos em meu rosto, e então um par de olhos sobre mim. Heeseung. O reconheci.

Ele me encarava, e parecia nervoso, senti os olhos úmidos, e então a vista embaçada pelas lágrimas.

— Me desculpe..e..eu me esqueci de você, e do Sunghoon..céus o Sunghoon. - sopro entre as lágrimas, e não o vejo soltar um longo suspiro, aliviado. — Eu sinto muito mesmo, muito.

Heeseung negou com a cabeça, e me puxou delicadamente para um abraço. Doutora Seulgi nós da um espaço, e o me agarro no corpo maior com se minha vida dependesse disso.

— Eu disse que você lembraria, 'tá tudo bem, anjo, tudo bem.. - sussurrou manso, me acalentando. minha cabeça doía, ainda mais por causa do choro, mas eu precisava daquilo, precisava por tudo para fora. eu estava seguro agora, posso finalmente chorar.

𝖭𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖾𝗎 𝗆𝖾 𝗆𝖾𝗍𝗂? 𝖧𝖤𝖤𝖩𝖠𝖪𝖤𝖧𝖮𝖮𝖭.Onde histórias criam vida. Descubra agora