10- Jungkook sabia de tudo, até mesmo o que eu não conseguia falar

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⚠️ ESSE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE IMPORTUNAÇÃO/ABUSO SEXUAL E VIOLÊNCIA⚠️

O capítulo está enorme

Não era nem dez da manhã e eu já estava com dor de cabeça. Queria explodir, gritar e quem sabe, até bater com minha cabeça na parede para ver se desmaiava e esquecia os problemas por alguns minutos. Eu estava exausta. Não havia um momento da minha vida em que me lembrava de não ter problemas que me atormentassem. Naquela manhã de sábado em especial foi o meu pai. Fazia tempo que ele não ligava, e eu queria que tivesse continuado assim por mais tempo. Mas ele resolveu ligar num sábado às oito da manhã. Ouvi todas as suas palavras sem contestar, mal tinha acabado de acordar, ainda não estava disposta a uma briga. Entretanto, ele estava. Ouvi por quase uma hora ele reclamando de mim, minha mãe e todas as outros problemas da sua vidinha difícil. Sinceramente, não sabia para que ele me ligava de tempos em tempos para falar sobre aquelas coisas. A gente não se entendia de forma alguma. A distância era o melhor para nós dois.

Como se não bastasse ter que enfrentar uma rotina infernal de estudar, trabalhar e dar conta do meu apartamento, ainda tinha que aguentar meu pai. Quando ele desligou, apenas encostei a testa no balcão pequeno que dividia a cozinha da sala e respirei fundo. O meu dia não tinha começado e tudo já estava uma merda. Mas é claro que as coisas ainda podiam piorar. Jungkook era capaz de tornar tudo pior.

Junkook (faculdade):

A gente precisa conversar
Para de fugir
[09:36]

Respirei fundo ao ler a mensagem. Aquilo havia se tornado comum. Passei a receber mensagens dele desde o dia em que nos beijamos na faculdade, porque estava o evitando de todas as formas possíveis. Não queria encontrar Jungkook. Me sentia ansiosa quando lembrava do que tínhamos feito. Me sentia estranha, culpada por ter feito algo que não devia e gostei tanto. Mas Jungkook era um estúpido insensível que não sabia a hora de parar. Claro que ele não entenderia o recado implícito no meu sumiço.

Como vinha fazendo nos últimos tempos, apenas o ignorei. Lidar com os meus problemas não era algo que eu estava acostumada. Era mestre em passar por cima de coisas que estava fugindo, e com Jungkook não foi diferente. Estava empenhada em não dar qualquer satisfação a respeito do meu desaparecimento. Também não o bloquearia no aplicativo de mensagens, isso geraria uma dor de cabeça maior que já estava sendo.

Confusão, esse era o único sentimento que me dominava depois do ocorrido com Jungkook. Eu estava dividida, pois me sentia traída por mim mesma. Não conseguia entender como aquele beijo havia acontecido. Não entendia mais nada do que se passava na minha mente. Eu odiava Jungkook, aquele cretino. Odiava seu cabelo bonito e os olhos expressivos, odiava sua voz aveludada e mais ainda a boca perfeita. Eu o odiava! Minha cabeça estava uma bagunça. Eu só conseguia lembrar de como seu beijo era suave e profundo, das suas mãos deslizando em mim, de como ele me fez derreter inteira. Eu odiava ter gostado tanto de tudo aquilo, odiava mais ainda aquelas mensagens cheias de falsa preocupação que ele passou a mandar depois de eu ter fugido daquele jeito. Era difícil, quase impossível, para mim digerir tudo aquilo.

Meus planos para aquele sábado eram: tirar Jungkook da cabeça, e colocar minha matéria em dia. Mas a vida não colaborava comigo. Nunca colaborou, e só tive mais certeza daquilo quando Anne apareceu no meu apartamento à noite. Ainda era cedo, mas ela estava toda arrumada, muito bonita. Já sabia que se tratava de alguma festa ou qualquer coisa do tipo.

— A gente vai sair. — ela disse assim que passou pela minha porta. — Você precisa se arrumar logo.

Tentei deixar bem claro com o olhar que não iria. Mas Anne era chata, e sabia ser insistente como ninguém.

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