18 - Uma pequena mariposa desorientada pela luz

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— O senhor pode acelerar, por favor? — perguntei tensa ao taxista quando ouvi o barulho de uma moto vindo ao longe.

— Senhorita, eu não posso ultrapassar o limite de velocidade.

Revirei os olhos ao ouvir a resposta dele. Queria me dar um tapa na cara. Jungkook estava vindo atrás de mim e eu sabia que aquilo não terminaria bem. Eu estava irritada, cega pelas minhas emoções e sem rumo. Não podia calcular todas as consequências que uma conversar com Jungkook naquele instante poderiam surgir. Embora quisesse gritar na cara dele, sabia que aquela não era a coisa certa a se fazer. O problema é que quando a raiva está em primeiro plano, controlando todas as outras emoções, não dá para controlar muita coisa. Eu não conseguia nem controlar minhas mãos que estavam tremendo, com meus impulsos não seria diferente.

— Para a porra do carro! — ouvi a voz de Jungkook soar alta acima do barulho da moto.

Olhei para o lado surpresa e lá estava ele. Sua moto andava ao lado do táxi, na janela ao lado da minha, me olhando vez ou outra pelo vidro aberto. Senti vontade de desmaiar. Eu queria desmaiar naquele instante e só acordar uma semana depois para não ter que lidar com Jungkook naquele instante.

O motorista me olhou assustado pelo retrovisor. Fiquei com um pouco de pena dele, deve ter pensado que Jungkook era um delinquente ou um namorado abusivo ou qualquer merda do tipo. Mas eu não consegui ser compreensiva naquele instante. Estava pensando só em mim.

— Não para. — eu disse ríspida para o taxista.

— Barbara! — a voz de Jungkook saiu mais grave.

Olhei para ele e vi seus cabelos sacudindo ao vento, a expressão dura e os olhos concentrados em mim, mas logo voltando sua atenção a rua. Ele estava irritado. Ótimo, eu também estava. Era a combinação perfeita para a catástrofe. Aquela noite explodiria.

— Vai embora! — gritei com ele.

— Já falei pra parar a porra do táxi. — ele retrucou.

— Você não manda em mim, babaca. Vai embora!

— Porra. — ele resmungou, mas me ignorou completamente.

O vi acelerar um pouco até andar lado a lado com o taxista, o que fez o mesmo se assustar e ficar tenso ao volante.

— Cara, por favor, para o táxi pra eu falar com ela. — Jungkook falou com ele calmo, como se não estivesse perdendo as estribeiras comigo segundos atrás.

— Não para! — gritei do banco de trás.

Jungkook me olhou irritado, como quem queria me mandar calar a boca, mas ele não era louco de fazer aquilo, então voltou sua atenção para o taxista.

— Por favor. — ele insistiu.

— Eu não posso. Ela tá pagando a corrida, não posso parar se ela não mandar. — o taxista disse um pouco amedrontado.

Eu quis rir vitoriosa, mas eu sabia que aquilo não significava que Jungkook não daria um jeito de conseguir o que queria. Eu sabia que ele tentaria até o último recurso para me fazer parar o táxi, mas eu não cederia à vontade dele. 

Dentro de mim as coisas estavam um caos. Eu não conseguia acreditar que ele tinha feito aquilo comigo. Nós dois estávamos... Ele esteve insistindo por um semestre inteiro para que eu ficasse com ele e quando finalmente eu havia cedido, ele fez aquilo comigo. Era alguma espécie de jogo? Ele estava brincando comigo? Estava tentando derrubar meu ego? Era o troco por eu tê-lo feito esperar? O que tinha acontecido? Eu só tinha ido ao banheiro e não havia demorado mais que dez minutos e quando voltei, me deparei com aquela cena que, além de me dar nojo, me fez sentir confusa a respeito de mim mesma. Não me importava com o que Jungkook era ou com quantas ele transava em uma noite, mas eu não admitia estar no mesmo patamar que as outras, nem deixaria que ele me tratasse como elas, fosse qualquer o tratamento que ele dava a elas. Ele sabia que comigo as coisas funcionavam de um jeito diferente.

CatástrofeOnde histórias criam vida. Descubra agora