2 - A vida era sacana comigo

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Duas longas semanas se arrastaram depois daquele primeiro dia de aula em que fui para o grupo de pesquisa. Os dias pareciam não passar, e a cada semana me sentia com menos energia. Todo cansaço físico e mental, pareciam me sugar cada vez mais, e eu estava ficando exponencialmente sem paciência. Era um pouco de culpa do meu jeito exaltado, e a rotina acelerada que tinha, assim como a faculdade que exigia tudo de mim. Me sentia vivendo em um círculo vicioso, fazendo as mesmas coisas todos os dias, e aquilo nunca tinha um fim.

Estava no refeitório, sentada à mesa do lado direito perto da saída, e minha cabeça estava repousada sobre meus braços em cima da mesa. Dois dias antes havia perdido a paciência com o professor Greene, por ter chegado às oito e treze novamente. Eu estava sempre fazendo uso dos quinze minutos de atraso permitidos pela universidade. Vivia correndo, e mesmo assim, nunca tinha tempo para nada nem estava em tempo de nada. E naquela manhã, eu só queria estar no meu apartamento, deitada em minha cama no completo silêncio.

— Você morreu? — ouvi a voz de Anne ao meu lado.

Logo senti seu dedo cutucando meu braço.

— Hm! — resmunguei irritada.

— Achei que tinha morrido.

— Ainda não, mas estou quase.

— Quero te mostrar uma coisa. — ela disse ao tempo em que me cutucava. — Levanta!

— Para de me cutucar. Inferno! — disse ainda de cabeça baixa. — Vou arrancar seu dedo se não parar.

— Só levanta, é sério.

— Me deixa ter pelo menos cinco minutos de paz. Eu estou cansada. — disse impaciente e quase choramingando, pois estava extremamente cansada naquela manhã.

— O Namjoon tá bem ali. — Anne disse calmamente.

— Onde? — levantei a cabeça minimamente e devagar, olhando para Anne e depois procurando pelo refeitório.

Minha amiga me olhou surpresa, a boca abrindo conforme seu choque ia crescendo.

— Então é verdade! — ela disse me olhado com aqueles grandes olhos castanhos, e os cabelos cacheados balançando suavemente enquanto ela se agitava.

— O que é verdade? — continuei olhando para ela sem entender.

— Que você tem um crush no Namjoon! — ela apontou para mim.

— Claro que não. — neguei um pouco sem jeito, me sentando corretamente e passando as mãos pelos meus cabelos da nuca. — Quem te disse uma besteira dessa?

— O Jungkook.

Foi a minha vez de ficar surpresa. Não fazia a mínima ideia de que Anne tinha qualquer tipo de contato com Jungkook.

— Como assim o Jungkook te contou? Desde quando você tem contato com ele?

— Então... — ela passou uma mecha do próprio cabelo para trás da orelha. — Era isso que eu queria te mostrar. — ela apontou discretamente para o outro lado do refeitório. — Sabe o Dave? Aquele ali do lado do Jungkook, eu fiquei com ele há um tempo.

Olhei para o outro lado do refeitório, logo encontrando um par de olhos escuros intensos e com puaxadinhos nos cantos, era Jungkook que estava me observando, então encontrei seu olhar antes mesmo de avistar o tal Dave. Por um instante achei que ele fosse desviar o olhar, pois ficou clara a surpresa em seu rosto, mas era Jungkook. Ele não desviou, e ficou me olhando como fez nas semanas anteriores no grupo de pesquisas ou ao simplesmente passar por mim na faculdade.

CatástrofeOnde histórias criam vida. Descubra agora