Dois anos antes da catástrofe
Vazio. Vazio. Vazio.
Fiquei acordado a praticamente a madrugada inteira, apenas olhando o teto, pensando em nada e tudo ao mesmo. Deixei que minha mente vagasse pelo vazio. E eu me sinto tão cansado, mas não consigo dormir. Odeio fechar os olhos.
O tempo parece se arrastar, às vezes acho que um segundo leva uma eternidade, mas quando vejo, já se passaram horas. É que eu não vejo o tempo voando, pereço sempre preso a mesma porra de lugar. Sempre andando em círculos, nunca tem fim.
Estou há um mês inteiro nessa casa, acho que vou ficar maluco. Ou talvez já esteja, sei lá. Nada parece fazer muito sentido agora. Na verdade, nunca fez. E quanto mais eu tento entender, mais me sinto confuso. Quanto mais tento encontrar uma saída, mais me sinto perdido. Talvez esse seja o maior motivo do meu cansaço.
Ouço a porta do quarto abrir devagar, mas continuo com o corpo virado para a parede. Como não ouço passos, sei que é Junghyun que está aqui. Pai sempre entra e me faz um carinho nos cabelos.
— Jungkook? — ouço a voz do meu irmão soar baixa e cautelosa ao me chamar.
— Hm. — apenas resmungo.
— Levanta, vai. Você precisa ir para a faculdade. — ele diz baixo, a voz grave soando suave.
Eu não quero ir. Não quero nem levantar da cama, então só continuo deitado, encarando a parede à minha frente.
— Namjoon disse que vai passar aqui, você vai com ele. Tudo bem?
Às vezes odeio a forma como Junghyun age como se fosse meu pai, mas não posso deixar de entender o lado dele, assim como não posso mentir que essa sua demonstração de afeto preenche meu coração de uma forma diferente. Meu irmão é um exemplo de homem a ser seguido, e eu o admiro demais.
— Jung? — ele chama de um jeito cuidadoso.
Me viro na cama, e o vejo parado à porta. Ele está vestindo uma calça social e uma camisa cinza. Com certeza está indo dar aula. Hyung é bonito, parece com pai. Sortudo do caralho, conseguiu puxar o único lado bom da nossa genética.
— Vá tomar banho, vou fazer seu café da manhã.
Continuo observando-o. Ainda não quero levantar, e duvido que isso mudará em breve. Sinto como se meu corpo fizesse parte da cama, ou que algum peso me impedisse de levantar. Então continuo deitado. E meu irmão sabe que eu não vou levantar por vontade própria, e por isso, ele logo vem até mim. Seus passos são amortecidos pelo carpete do chão do meu quarto, e é rápido quando ele vem na minha direção. Sinto sua mão alcançar a minha, e calmamente ele me conduz a levantar. Apesar de ser um cara grande, e um pouco rude com as palavras, hyung é delicado e me tira da cama como se eu ainda fosse um menino de oito anos. E por ele, mesmo que meu corpo queria resistir, eu vou.
Quando me ponho de pé, meu irmão aproxima seu rosto do meu pescoço e cheira. Ele sempre fez isso, desde que éramos crianças.
— Você precisa urgentemente de um banho.
Eu sei que preciso.
— Não se atrase, Namjoon deve chegar daqui a pouco.
Para se certificar de que eu realmente vou tomar banho, meu irmão me leva até a porta do banheiro. É que não tenho vontade de nada, se pudesse, ficaria o dia inteiro deitado.
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Catástrofe
Fanfiction"No meio desses estudantes estava Jeon Jungkook, um babaca do curso de Música, que se achava melhor do que o resto do mundo. Até aquele dia eu nunca o tinha visto tão de perto, nem nunca havia trocado uma única palavra com ele. Ele era o tipo de hom...