ESPECIAL 50K CTF - PARTE 2

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OBS: o capítulo faz menção ao uso abusivo de álcool e drogas e suicídio. 

LEIAM COM CAUTELA


[Jungkook]

Meu estômago estava doendo. Não sabia se era por causa do wiskey vagabundo que tinha comprado uns dias antes na loja de conveniência ou por não ter comido nada nos últimos quase dois dias. Na verdade, não lembrava quando tinha sido a última vez que tinha feito uma refeição decente ou tomado banho. Mas isso também não importava. Nada mais importava. Faziam meses que não falava com Junghyun, não tinha notícia de Lola nem de papai. Eu estava morrendo. Não podia viver sem meu irmão, ele era a pessoa que eu mais amava no mundo. Também sentia falta de papai e Lola todos os dias. Havia brigado com Namjoon uns dias antes quando ele foi ao meu quarto. Eu estava sozinho. Literalmente sozinho. Por dentro e por fora. E estava sendo insuportável.

O lençol da cama estava embolado nas minhas pernas e o calor insuportável estava me fazendo suar havia horas, mas eu não tinha vontade de me mover. Eu devia ter levantado e tomado um banho, precisava urgentemente, mas eu não queria. Sentia um vazio estranho no peito. As horas pareciam infinitas, não havia um fim para aquela angústia que habitava em mim. Eu estava sendo esmagado. Já tinha sofrido tanto que não sentia mais tristeza, nada tinha graça, eu não tinha nenhum estímulo ou sentimento, eu só sentia o vazio, apenas vazio. Já havia sentido tanta raiva que havia se tornado ódio, e do ódio me incendiei inteiro, então eu queimei por dentro. Virei cinzas. Estava morto mas preso a um corpo que não tinha apreço nenhum. Seria tão mais fácil desistir de tudo. Eu já não tinha motivos para continuar. Podia parar por ali.

Lembrei do frasco de calmantes que tinha comprado no mês anterior para conseguir dormir, seriam úteis. Mas eu não queria partir sem me despedir das pessoas que amava, não queria ir sem antes abraçar Junghyun e dizer a papai que ele era tudo para mim, também queria segurar a mão de Lola e olhar no fundo dos olhos dela e falar o quanto ela era amada, não importava o que diziam. Eu precisava disso antes do fim. Eu devia dormir um pouco. Ainda tinha metade dos comprimidos. Sempre tomava algum quando precisava dormir, quando queria me desligar da minha própria mente. Eu já havia chorado tanto que minhas lágrimas tinham secado. A última vez que tinha chorado, havia sido quando eu e Junghyun brigamos e eu disse para ele esquecer que algum dia tinha sido seu irmão, e aquilo já fazia quase seis meses. Aquilo ainda me feria como se tivesse levado uma facada no peito. Eu fui tão cruel com meu irmão. Ele não merecia aquilo. Devia ter sido ele a falar aquilo para mim. Hyung não merecia alguém tão ruim quanto eu. Tinha certeza que o melhor que tinha feito, foi ter ido embora. Pelo menos havia deixado de ser um fardo em sua vida. Acreditava que ele estava aproveitando o tempo em família, com Lola, com o papai, com sua esposa, com Paulina. Comigo fora de sua vida ele tinha tempo de sobra. Devia estar menos cansado também, eu dava muito trabalho a ele. Ele devia estar bem. Queria que ele estivesse bem.

Me encolhi mais na cama. Estava tão cansado, meu corpo inteiro estava dolorido. Meu estômago continuava doendo, mas eu não tinha apetite, não queria comer. E não tinha nenhum remédio por perto para aliviar aquele mal-estar. Bem, eu tinha os calmantes.

Me virei na cama e tateei o gaveteiro ao meu lado. Não tinha energia para me sentar e procurar o remédio. Continuei tateando, e antes de encontrar o que queria, ouvi o som de chamada do meu celular. Eu não queria falar com ninguém, mas ao ver quem era, atendi imediatamente.

— Oi, baby. — a voz grave disse carinhosamente.

— Oi. — disse sem ânimo.

— Que voz é essa? Estava fumando?

CatástrofeOnde histórias criam vida. Descubra agora