VIII - Luar

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O vento sopra uma brisa gelada de forma constante, é como se estivéssemos em um terreno bem mais elevado aonde o vento é naturalmente mais forte. Aqui as colinas são verdejantes e há pouquíssimas árvores. agora que estou fora da floresta escura, consigo ver o céu azul e a sua infinita extensão. As nuvens são grandes, brancas e fofinhas, e no horizonte, sou capaz de ver algumas montanhas com o seu cume nevado. É muito bom poder respirar um ar diferente, faz me esquecer por um momento de todo o terror que eu passei nos últimos dias. Leif e Arthur agora se parecem como um passado distante. Não consigo resistir a minha excitação e acabo tomando a frente do caminho com saltos serelepes para explorar o grande vale do Corvo, em quanto Fenrir caminha logo atrás de mim em silêncio, com a sua maior calma e seriedade. Fenrir é um Lobisomem sem graça.

Não demora muito e durante a nossa caminhada pelas colinas corvinas eu para o meu caminhar, pois eu me deparando com um enorme jardim natural repleto de flores, flores de todos os tipos. Pétalas de diferentes cores que preenchem um gramado de grande extensão. Eu nunca vi tantas flores em um único lugar. Meu corpo paralisa em quanto eu observo o Jardim acompanhado do horizonte da Taiga. O vento continua a soprar o seu ar gelado. Com um sorriso no rosto, eu me aproximo das flores. Com uma corrida desajeitada, me distanciando um pouco de Fenrir e com um sorriso no rosto, eu me adentro ao jardim e me agacho ao lado das flores, e olho com atenção o seu formato e sinto o seu aroma agradável.

Nesse mundo aonde as Guerras são frequentes e nunca mudam, as flores são uma das poucas coisas belas que dá para as admirar. Elas são lindas, e fazem o seu trabalho sem incomodar ninguém. Quando o meu pai vestia a sua armadura e equipava as suas armas para ir lutar, que consistia nesse mesmo machado que roubei, e a minha mãe que sempre ficava ocupada com trabalhos domésticos e tentar ganhar dinheiro, muitas vezes eu ficava sozinha. Quando eu não tinha Ivar ao meu lado, o meu passatempo favorito era observar as flores, por isso eu tenho um certo apego a elas.

Percebo que Fenrir está sentado em cima do gramado, e provavelmente em cima de algumas flores, a minha espera. Não quero deixar Fenrir tediado então eu me aproximo dele. Fico em pé ao seu lado, os olhos da grande fera se fixam em mim, e então ele diz:

-" você parece gostar bastante de flores."

Eu não sou obcecada por elas, eu apenas as acho bonitas. Fenrir agora volta seus olhos ao horizonte montanhoso, a observar a paisagem, e então eu digo:

-" bem...elas fizeram parte da minha infância e também nunca vi tantas em um só lugar"

O grande lobisomem do pelo cinza e dos olhos azuis está sentado no gramado com seus olhos fixados a paisagem. O vento gelado continua passando por nós, consigo ver o vento carregado o longo cabelo branco de Fenrir. De repente eu tenho uma ideia. Por mais que eu esteja nessa viagem com esse Lobo já há alguns dias...na verdade eu já perdi a conta, ele continua me deixando confusa se ele realmente é alguém em que eu possa confiar ou não. Sei que eu já tive esse pensamento, mas Fenrir ainda é um Lobisomem e ainda conheço muito pouco sobre ele, então eu preciso fazer um teste de confiança!

- "Fenrir?"

Digo o nome da fera, que automaticamente volta sua atenção a mim, mas não diz nada. É engraçado perceber que ele aderiu o nome que dei a ele. eu continuo.

-" abra as suas pernas"

Digo isso pois Fenrir está sentado com as duas pernas esticadas, porém elas estão juntas. O olhar de Fenrir se tornam uma mistura de raiva e de confusão. Ele quer levantar a voz, mas se contem. E de certa forma, testemunhar a sua confusão é até deveras divertido.

-" o que!? Por que??"

Diz a fera. Provavelmente se fosse uma outra pessoa ele não hesitaria em morder seu pescoço, mas como sou eu, ele deu a oportunidade de me explicar.

Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)Onde histórias criam vida. Descubra agora