IX - Assuntos Familiares

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Quanto mais tempo eu permaneço nessa viagem, os meus dias vão ficando cada vez piores. Hoje o dia amanheceu de forma bela, porém com tensão. Mal pude dormir noite passada devido aos eventos da lua cheia e o abuso que enfrentei, mas felizmente eu fui salva por uma heroína nórdica. Uma mulher alta misteriosa de pele clara e cabelos pretos. Luta como ninguém com os seus dois gládios. Infelizmente ela se encontra ferida. Está sentada no chão da floresta matinal ao meu lado, tentando fazer um curativo improvisado na lateral de seu corpo. Me pergunto se é muito grave. Eu espero que não.

A moça está A usar uma armadura leve de cor preta. A maioria da sua vestimenta tem a mesma cor. É perceptível a exaustão em seu olhar, além de que em seu braço há marcas de mordida monstruosas, e muito sangue. Deve estar doendo bastante.

-" você vai ficar bem?"

Pergunto preocupada a mulher misteriosa. Ela está ofegante em quanto realiza o seu curativo. Assim quando ela termina, ela pressiona a marca da mordida com a sua própria mão. Segurando em seu braço.

-" não se preocupe comigo, eu vou ficar bem."

Em quanto range os dentes e força os olhos fechados, ela tenta se levantar. Eu tento convence-la de não fazer esforço, mas ela ignora e consegue se manter em pé. Eu faço o mesmo. Estou com os pés descalços sobre a grama. Minhas costas ardem, pois, eu fui ferida por Fenrir. Eu nem quero ver como está a minha situação, eu só quero pegar as minhas coisas de volta e sair daqui.

A moça está em pé e encara o fundo da floresta. A floresta ela é bem iluminada. É possível ouvir o som dos passarinhos a cantar, e do vento a balançar as folhas. Eu diria que essa é a calmaria após a tempestade. Depois de alguns segundos eu escuto a sua voz.

-" vem cá, és uma moradora de rua?"

Pergunta ela de uma forma direta em quanto me encara. Não a culpo, acho que qualquer um iria pensar a mesma coisa se me visse. Eu dou uma leve risada e respondo.

-" não, não, na verdade eu apenas acabei deixando todas as minhas coisas em Skarfanes e... Eu não sei o caminho de volta..."

Digo a minha última frase com um tom desanimado, chegando até mesmo a desviar o olhar, pois eu lembro que a minha situação está crítica, e eu nem mesmo sei aonde está o Fenrir, será que ele está bem? Eu perdi o meu Guia.

-" oh, ótimo, eu estava indo pra lá agora! Eu só vou pegar as minhas coisas no acampamento. Vamos, Aí você pode aproveitar e tomar um banho."

Diz a senhora em um tom animado. O que? Que gentileza da parte dela, mas por que ela estaria oferecendo que eu vá ao acampamento dela? Eu nem mesmo sei quem ela é. Não sei se é certo aceitar. Me meti em uma grande confusão só por pedir comida na casa de alguém, e no final acabou sendo inútil já que eu perdi a minha cesta com a comida. acabo ficando pensativa, e isso se torna perceptível a ela quando nota a minha demora para responder. Eu tenho muitas dúvidas, e antes que eu aceite qualquer coisa vinda de um estranho, eu preciso fazer algumas perguntas.

-" por que está me oferecendo isso?"

A senhora entorta a sua cabeça em quanto solta um "Uh?" Mas mesmo assim eu continuo.

-" quer dizer, por que você me ajudou? Você nem me conhece."

Eu olho para cima para poder me encontrar com os olhos da moça, ela é realmente grande. Eu espero não ter parecido rude ao fazer essas perguntas, mas eu não posso deixar que eu repita os mesmos erros do meu passado. E então eu me silêncio, à espera de uma resposta.

Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)Onde histórias criam vida. Descubra agora